Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Fim da linha

19/05/2008


Há um momento na vida em que nossos sonhos mostram que não virarão realidade. Pode ser o fracasso na 3ª tentativa do vestibular de Medicina ou de Direito, pode ser o erro crucial que posterga a obtenção da tão sonhada carteira de motorista aos 18, pode ser aquele primeiro amor de nossas vidas que se casou e agora vai ter filho. Um sonho, uma vontade, uma ilusão, uma decepção, um gosto amargo na boca, um gosto de derrota.

Acreditei, e muito, que finalmente o Atlético tinha acertado na contratação de um técnico de verdade com a vinda de Ney Franco ano passado. Profissional emergente e já conquistando títulos, bom de prosa, sem os vícios da velha geração de treinadores que até hoje atua no Brasil, sem fórmulas mirabolantes, honesto e muito trabalhador. Veio, ajudou a reformular um time que estava em cacos e ao lado de boas contratações e principalmente do apoio incondicional da sempre participativa nação atleticana que se fez presente com ingressos a preços acessíveis no returno do ano passado, nos tirou do atoleiro e deu uma boa perspectiva para 2008, especialmente com a manutenção do elenco por ele formatado.

Foram-se algumas de suas principais peças, reforços até hoje esperamos e o pior foi acontecendo. Após apresentações bizarras, onde o medo de perder nos tirou o tesão de querer ganhar afastaram a Copa do Brasil mais fácil dos últimos tempos, assim como a marca do recorde do Furacão foi pro espaço após a perda do título para o maior rival, mesmo dentro de casa, fruto em grande parte da atuação apática e covarde na 1ª das partidas finais.

Ney Franco passou a se preocupar tanto com a defesa, que depois de anos de tormento se tornou nosso ponto forte que o time já nem mais atacava. Há quase 2 meses o Atlético estava longe de ser o Furacão que tudo varria outrora e passou a ser um time medroso, tímido demais e que chega a esfriar a sempre forte e vibrante torcida atleticana. Assim o talentoso treinador passou a ser exatamente aquilo que parecia não ser: mais um entre tantos outros treinadores do futebol nacional.

Ney Franco passou de um diferenciado e moderno treinador e mais um Vadão da vida, com discurso batido e que pode ser usado em qualquer jogo, qualquer que seja o resultado ou a circunstância que o cerca. Passou a ser mais do mesmo, não sei se por ingerência da direção, se por falta de motivação ou simplesmente por não ver o óbvio, não perceber aquilo que até os mais leigos torcedores atleticanos já conseguem vislumbrar há tempos. Que o time é sem alma, sem pegada, sem força para reagir e que muito disso vinha de sua forma passiva em se comportar no banco de reservas. Exceção feita ao Atletiba na Baixada, temos sim um time morno, amorfo, sem aquele sangue nos olhos, um time cheio de vibração que entusiasma a torcida e se torna por conseqüência, quase que imbatível em casa.

O sonho acabou. Me decepcionei com Ney Franco nos momentos mais cruciais de sua passagem pelo Atlético, infelizmente. E quem quer que venha para o Atlético tem que saber um pouco de Atlético, que um time que teve Jackson & Cireno, Sicupira & Nilson Borges, que teve Washington & Assis, que teve Oséas & Paulo Rink, Gabiru, Lucas, Kelly e Kleber e depois este com Alex Mineiro, quem teve Washington “Coração Valente” & Denis Marques não pode ser relegado a ser um time defensivo! O Furacão tem em sua essência uma vocação ofensiva e não se pode remar contra essa maré.

O time não tem cacife para ser campeão brasileiro, o elenco é limitado até mesmo para beliscar uma Libertadores na minha opinião, mas que tenhamos um treinador que coloque o time pra frente, um time em que os gols feitos motivem ainda mais o sedento por conquistas torcedor atleticano a cantar sem parar, a incentivar a empurrar o time para fazer mais gols, para vitórias consagradoras, para a glória da qual nos tornamos mais do que merecedores. Um treinador que tire o freio de mão do time, que deixe o Atlético ser aquilo que ele melhor sabe ser: um Furacão que vai voltar a varrer os adversários!

ARREMATE

Confesso ter medo que a direção volte a inventar um Arthur Neto, Casemiro Mior, um alemão fujão ou um Givanildo da vida. Alô alô cúpula diretiva atleticana, vamos mostrar que aprendemos com os erros e parar de apostas!

ARREMATE

Meus votos de sucesso ao bom mineiro Ney Franco, homem honesto e muito correto, características infelizmente em falta no atual futebol brasileiro. Obrigado Ney, o sonho foi bom enquanto durou.


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