Ricardo Campelo

Ricardo de Oliveira Campelo, 45 anos, é advogado e atleticano desde o parto. Tem uma família inteira apaixonada pelo Atlético. Considera o dia 23/12/2001 o mais feliz de sua vida. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2011.

 

 

Desesperança

04/07/2003


Após a conquista do Brasileiro de 2001, o Atlético entrou em trajetória decadente. A péssima campanha na Libertadores e no Campeonato Nacional do ano passado, mais a vergonha do campeonato estadual e agora a preocupante campanha no atual Brasileirão são fatos concretos, já pesados nas costas do torcedor.

Os conformados de plantão podem vir com o tradicional "Você não sabe o que era o Atlético nos anos 70, perdíamos tudo, meia rasgada, blá, blá, blá..." ou "Você acha que o time vai ser campeão todo ano?". Minha intenção, contudo, não é entrar nesta discussão. Proponho-me, apenas, a apresentar o ponto de vista de torcedores como eu, que não suportam ver um time assim.

Não é o fato de perder jogos. Não é o fato de faltarem títulos. O que nos aflinge é a falta de esperança. Entrar num campeonato e não poder sequer sonhar com o título. A desesperança que nos é entregue por este time sem alma é a pior coisa que o torcedor pode sentir.

Na época da segunda divisão, aspirávamos figurar na elite do futebol. Nos tempos de Pinheirão, sonhávamos com a volta ao Caldeirão. De volta à casa, passamos a sonhar com o título nacional - e tudo isso foi conquistado. Demorou, é verdade. Mas sabíamos que nosso sonho um dia seria concretizado, o que nos confortava em cada derrota, em cada eliminação.

Este conforto é o que nos falta. O time que vemos vestir a camisa Rubronegra não nos permite sonhar. Com exceção de poucos jogadores, o time não encarna o espírito atleticano. Ficamos sem um referencial. Qual o objetivo do torcedor atleticano hoje? Mesmo falando-se de metas mediatas... qual nosso sonho? O que aspiramos?

Como é triste ver que o respeito que o Clube conquistou em 2001 está sendo apagado, pouco a pouco. É desconsolável ver que o crescimento do Clube, construído com a competência de seus diretores, da raça de jogadores e a obstinação da torcida está sendo perdido.

Pra piorar, surge a possibilidade de perdermos nosso maior jogador. Se Adriano patir, aí sim já teremos um objetico traçado: fugir do rebaixamento.


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