Jean Claude Lima

Jean Claude Lima, 57 anos, é publicitário e jornalista, sócio-proprietário da W3OL Comunicação Ltda. Compreende o fato de ser atleticano como uma complementação da sua própria existência e professa essa fé por todos os lugares do mundo onde já esteve ou estará. É pai de uma menininha, Mariana, que antes mesmo de nascer, já esteve no gramado da Arena, e agora de um menino, Rodolfo, batizado com uma camisa onde se lia "nasci atleticano".

 

 

O lado negro da força

10/05/2008


Fui, assim como algumas dezenas de atleticanos, participar da reunião do Conselho do Atlético. Para mim, uma coisa inimaginável, pois nunca havia me imaginado nessa posição. Fiz minha intervenção, para mim crítica e sem ódio. Foi uma experiência intrigante, com momentos que devem ser relatados na pedra e outros que devem ser escritos na areia.

Na pedra devemos destacar o processo de democratização pelo qual passa o Clube. Ele deve se consolidar como sendo irreversível. Muitos ainda não se deram conta do que ele pode representar, já que agora cada um de nós, sócios, pode votar e ser votado. Pode parecer pouco, mas faz poucos meses ninguém nem cogitava essa hipótese.

Se há de fato uma oposição à atual gestão, ela tem em mãos todos os mecanismos para se organizar, disputar as eleições e, no voto, iniciar outra era no Clube Atlético Paranaense.

Na pedra pode se relatar o pedido do Clube para que mais pessoas passem a fazer parte do Conselho Deliberativo, o que também faz parte do processo de democratização. Isso é ótimo e faculta a participação de mais atleticanos na vida do Clube, que podem dar suas contribuições das mais diversas formas. Estou inscrito para integrar Conselho e mesmo não sabendo quais são os critérios de seleção para os futuros conselheiros, espero estar entre eles.

Na areia, sempre devemos crer que as instituições estão acima das pessoas e dos eventuais deslizes que elas possam cometer.

Cada espaço tem a sua serventia, cada assunto o seu devido local para ser debatido. Qualquer assunto que nos exponha dá mais margem aos nossos inimigos, que já não são poucos e que hoje, de forma deliberada, fazem de tudo para nos destruir. Basta ler a coluna de Juarez Villela Filho, “Microfone é arma”, para entender exatamente onde labuta uma parte de nossos adversários. Digo “nossos” pois não é só “A” ou “B” que sofrem as conseqüências dessa guerra. Há sangue respingado por todos os lados e a comunidade atleticana como um todo sofre com ela.

Brigas desnecessárias durante a realização de uma Assembléia são gasolina que alimenta a fogueira dos adversários,e dão força ao “lado negro”.

O tratamento dado a situações de crise deve ser o do bombeiro e não o do incendiário. Vamos apagar fogueiras e não aumentá-las.

Por fim, para alguns é preciso entender que perder um título dói. Um dia depois, tentar me convencer de que “nada aconteceu” não é tarefa muito fácil. Isso depois sermos eliminados da Copa do Brasil e de já não ganharmos nada há bastante tempo. É preciso mais do que palavras bonitas para nos levar ao paraíso. Eu ficaria muito feliz com doze segundos no Fantástico dizendo que o Atlético foi “campeão paranaense”. Entendo a tarefa dos dirigentes, mas sofrer faz parte do jogo.

Nossa luta conjunta, enquanto Nação Atleticana, deve ser fazer desse time não um time do lado negro. Queremos um time vencedor, unificado em torno de sua direção, mesmo que existam diferenças de concepção. Assuntos menores não nos fortalecem e, ao contrário, nos tornam iguais àqueles que combatemos. Eu quero um Atlético campeão. Qualquer coisa diferente disso não me deixa feliz.


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