Rogério Andrade

Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.

 

 

Lições

07/05/2008


O Atlético não conquistou o título paranaense, mas isso já é passado e assunto encerrado. Lamentamos que o torneio tenha escapado das nossas mãos e caído de bandeja no colo do time verde, mas temos a obrigação de transformar as lamentações em “Lições”, com L maiúsculo mesmo. Vamos lá:

Lição número 1 – Torcida Os Fanáticos

Há pouco tempo um dos objetivos era eliminar aos poucos o torcedor organizado e fanático do estádio. Injustamente generalizada e acusada de “torcedores vândalos”, bandidos, bêbados ou drogados, a torcida organizada Os Fanáticos teve a dura missão de provar que o ideal da organizada é o mesmo ideal do torcedor do camarote, da Getúlio ou da Madre Maria. Em épocas de vacas gordas, nasceu a proibição da bateria, das bandeiras e dos adereços da torcida. Mas quando a vaca emagreceu e quase rolou morro abaixo, a primeira a ser indicada para “salvar” o Atlético foi a torcida organizada. Essa é fera! Essa dá conta do recado!

É preciso que nada disso caia no esquecimento, assim como também é preciso que este assunto sempre fique quente, não esfrie nunca, para que a memória de todos os atleticanos seja sempre refrescada com uma boa dose de valorização e reconhecimento aos protagonistas das grandes festas na Baixada.

Sempre defendi e sempre levantarei a bandeira da torcida organizada, aquela que não se deixa misturar com bêbados, agressivos ou anti-atleticanos. Aquela que precisa sim de capital para seguir em frente, que precisa vender a sua marca, como qualquer instituição que precisa de dinheiro para sobreviver. Aquela que não depende de ninguém a não ser de seus dedicados membros e sua fanática carteira de sócios. Enquanto eu existir, a torcida organizada Os Fanáticos pode contar comigo, sempre! É preciso que essa torcida seja respeitada, e que esta lição de uma vez por todas tenha sido aprendida.

Lição número 2 – Regulamento

Há quanto tempo não temos um campeonato paranaense justo, organizado e decente? Por mais quanto tempo vamos patinar e entregar a faixa de campeão àqueles que sempre estiveram na rabeira do torneio? O Atlético jogou contra todos os times, obteve a pontuação necessária e foi disparado o melhor, mas um regulamento fraco nos custou o título. Campeonato por pontos corridos. Eis a lição número 2.

Lição número 3 – Simpatia

Somos grandes e temos a pretensão de crescer ainda mais, mas em algum ponto estamos falhando e nadando contra a correnteza. Quando estamos quase acertando, baixa-se uma lei, uma ordem e da noite para o dia “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Não sou contra a atitude de cobrança radiofônica, afinal isso é uma tendência, mas sou contra o formato do plano. Primeiro se anunciou, para em seguida se conceder uma entrevista coletiva e esclarecer o fato. Com uma excelente diretoria de relacionamentos e a competência da diretoria de comunicação, não se pode errar deste jeito. Cada meio procurou os seus direitos, e no meio da guerra, adivinha quem estará prevalecido? As rádios, é claro. O objetivo por enquanto não foi alcançado e ainda por cima demos margem para sermos esganados, ainda mais, pela imprensa paranaense.

Sejamos espertos. Busquemos aliados ao invés de inimigos. Não sejamos antipáticos. Lição número 3: buscar melhores maneiras e planejamento mais adequado às inovações. Dar a cara pra bater é bobagem, e proibir uma volta olímpica no próprio estádio é uma vaidade que vai contra qualquer lição de humildade que aprendemos no mundo da bola.

Lição número 4 – Time

Chegamos em um dos pontos principais: o time. Quando me refiro ao time do Atlético, considerem que estou falando em qualidade, ofensividade, reforços, competência, experiência, etc, etc. Não estou falando em apostas. Aposta é sorte, pode dar certo, ou não. Tudo bem, já sei qual é o discurso: é duro se fazer futebol hoje em dia, não temos como segurar propostas absurdas, blá, blá, blá. Mas e este enxerto que temos hoje em dia no clube, povoando o CT do Caju? Metade não serve, pois são contratações, não são reforços.

A torcida quer ver um time competitivo e forte. Um time com cara de Atlético. Estão esperando que eu fale do Claiton e do Ferreira? Os dois, é claro, deixaram um buraco enorme no Atlético, tecnicamente e emocionalmente, mas o retorno de Ferreira é algo essencial. Ferreira é reforço para o campeonato brasileiro, somado a mais nomes de qualidade. Fica também a lição número 4: não queremos sofrer com o fantasma do rebaixamento mais uma vez, precisamos de um time de qualidade, precisamos de investimento no futebol.

Lição número 5 – Motivação

Leia-se coração, determinação, garra, raça, vontade, fibra, luta, confiança. O Atlético que queremos sempre é o Atlético da tarde de 04 de maio de 2008. Um Atlético que “vestiu a camisa rubro-negra com amor”. Essa lição é difícil, mas quando aprendida, é o melhor atalho para o sucesso.

Aos estudos, por favor. E que venha o campeonato brasileiro.


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