Marcel Costa

Marcel Ferreira da Costa, 45 anos, é advogado por vocação e atleticano por convicção. Freqüenta estádios, não só em Curitiba, quase sempre acompanhado de seu pai, outro fanático rubro-negro. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2008.

 

 

Bola pra frente

05/05/2008


O Atlético perdeu o título estadual para o Coritiba! Sim, perdeu! O rival teve seus méritos na conquista, especialmente na boa armação do time no primeiro jogo, explorando os contra-ataques mesmo jogando em casa e nas substituições de Dorival Junior na Baixada. Mas o principal colaborador para o título acabar em mãos adversárias foram os próprios erros do Atlético. Valencia, Rhodolfo, Danilo, Vinícius e Ney Franco falharam em algum momento dos dois jogos e contribuíram para que perdêssemos o título. Erros que infelizmente acontecem (não os condeno por isto) mas que acabaram facilitando a vida coxa.

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O jogo decisivo de ontem na Baixada mostrou o quanto é bom ser atleticano. A festa nas arquibancadas, antes, durante e após o jogo, mesmo com o resultado adverso foi digna de uma torcida como a atleticana. Cantar, gritar e empurrar o time enquanto a bola não rola, mesmo após sofrer um decisivo gol e após a perda do título não é para qualquer torcedor. A demonstração de atleticanismo durante toda a semana mexeu até com a diretoria que voltou a liberar a festa integral na Baixada, com direito a belas bandeiras, bateria, faixas horizontais e verticais, mosaico, sinalizadores na entrada do time e bateria de fogos.

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As minhas críticas ao treinador Ney Franco nos jogos decisivos do Paranaense foram relacionadas às substituições na Arena e a formação do time no Couto Pereira. O comandante atleticano é um sujeito competente, tranqüilo, simpático e vencedor (mostrou isto em sua curta carreira). Independente de considerá-lo um bom técnico, como sempre afirmei em minhas colunas, não posso me furtar a criticá-lo pelos citados erros.

Apostar em Michel no primeiro jogo após seguidas más atuações, substituir Netinho, o melhor em campo, Valencia, eficiente na marcação de Carlinhos Paraíba, e Léo Medeiros por outro lateral, precisando vencer o jogo e tendo Willian no banco, certamente não foram decisões acertadas. Ney Franco deve ter tido seus motivos, afinal entende mais de tática do que eu, mas creio que outras substituições seriam mais benéficas ao time que sofreu domínio adversário após as trocas efetuadas pelos dois treinadores.

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O time do Atlético está de parabéns pela raça, determinação e vontade de reverter um placar desfavorável. Por obra do destino a conquista não veio, mas os jogadores atleticanos mostraram que era possível ser campeão. Se não temos um primor de time e carências são nítidas, ao menos os nossos representantes em campo vestiram a camisa atleticana com muita honra. E por esta atitude foram aplaudidos ao final do jogo, numa demonstração de reconhecimento dos torcedores pela entrega e superação dentro de campo.

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O Campeonato Paranaense ficou para trás, afinal a vida deve seguir. O Atlético entrará no Campeonato Brasileiro com a certeza do apoio de sua torcida que está ressurgindo ainda mais forte após alguns superados erros de relacionamento entre diretoria e torcedor. Já são quase 15 mil sócios que estarão sempre presentes nos jogos na Arena da Baixada e este número tende a crescer com a contrapartida da formação de um time forte para o Brasileirão. A torcida está fazendo sua parte, a diretoria está reconhecendo este esforço e não tenho dúvidas de que bons reforços chegarão para esta disputa. Reforçado e apoiado, o Atlético poderá sair fortalecido deste amargo vice-campeonato estadual.

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Reprovo algumas atitudes ocorridas nesta final de Campeonato Paranaense, independente de quem as tenha criado. Já passou da hora de termos uma decisão civilizada em Curitiba, cidade tida como modelo em todo o país. São estas as atitudes reprovadas:
- torcedores terem acesso a extintores no estádio Couto Pereira e usarem isto de arma contra os atleticanos;
- atleticanos quebrando as barras de proteção do já degradado estádio alviverde;
- violência nas ruas de Curitiba;
- falta de espírito esportivo da nossa diretoria ao proibir a entrega de troféus e medalhas no campo de jogo. Assim como gostaríamos de ver nossos atletas coroados em caso de conquista atleticana, eles, rivais ou não, deveriam ter este mesmo direito;
- policiais atingindo inocentes com balas de borracha. Presenciei um garoto atleticano gravemente ferido no estacionamento da Arena após o jogo.

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Por fim, parabenizo aos amigos rivais pela conquista do Paranaense. Pela euforia nas ligações, mensagens de textos e emails recebidos após o final da partida, imagino o quanto deva ter sido gratificante ganhar o título do Atlético, mesmo não tendo melhor campanha, ataque, defesa e perdido dois dos três clássicos da competição.

O título é justo, afinal o regulamento era este, previa que isto ocorresse e o time de vocês foi mais eficiente nos jogos decisivos. Comemorem bastante já que o Brasileiro da Série A vem aí e a alegria pode estar com os dias contados. Por isso Gilson, Jamil, Zé Eduardo, Luigi, Cacá, Fly e companhia, saboreiem o momento! Ele pode durar muito menos do que vocês imaginam!


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