Rogério Andrade

Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.

 

 

A cultura do torcedor

27/06/2003


O futebol é paixão nacional. Não existe povo mais apaixonado e fiel ao futebol como o povo brasileiro. Há alguns anos éramos meros coadjuvantes do futebol, apreciadores do esporte mágico que movimenta multidões e justamente esta apreciação fez com que o futebol não parasse de crescer em todos os sentidos. Pelo contrário, entramos, após os anos 90, em uma nova fase, de profunda modificação deste esporte. Atualmente, os torcedores não são apenas torcedores; são membros participantes do clube, que sentem a necessidade de atuação direta perante o desempenho, não só do time, mas do clube em si.

Esta justa e moderna atuação do público diante do desenvolvimento do futebol, fez com que os outros meios esportivos perdessem um pouco da liderança e da exclusividade junto aos clubes de futebol do país. Temos, em quase todos os meios jornalísticos, um espaço reservado ao torcedor e ao leitor, espaço este que muitas vezes é mais valorizado e produtivo do que colunas ou matérias inteligentes, com intenção de impressionar o torcedor, que já foi, mas hoje em dia não é leigo em matéria de futebol. É o avanço deste esporte, que só cresceu diante do movimento da massa brasileira e efetiva conduta desta gente apaixonada das arquibancadas.

Para quem não tem idéia da importância da opinião pública, é só colocar em questão a essência do Clube Atlético Paranaense atualmente, ou seja, a sua torcida. O Atlético existe hoje porque a sua torcida atua como um pedaço do clube, e é esta visão que tenho. Se quiserem acabar com o Atlético, não é preciso muito esforço, basta afastar os torcedores dos estádios, proibir a participação pública no meio rubro-negro e assim por diante. Não dou o prazo de alguns meses para o Atlético morrer.

Como isto é improvável, afinal o Atlético é movido pelo seu povo, inclusive financeiramente, o Atlético não vai morrer. O Atlético é uma parte de nossas vidas, é um pedaço da nossa história, ontem, hoje e sempre. Quando falamos do Atlético, falamos como uma presença viva, que nos faz sermos mais e cada vez mais humanos, pois nos faz expressar todo e qualquer tipo de sentimento, seja ele de euforia, de raiva ou de uma imensa felicidade.

Desta forma, ninguém mais possui tanto direito de apoiar, de opinar ou até de criticar nos momentos necessários do que o símbolo da paixão rubro-negra, em outras palavras, o seu torcedor, ou nós, torcedores. É uma reciprocidade infinita, o Atlético precisa da nossa parceria e nós precisamos do Atlético.

Desde menino, o Furacão faz parte, não só do meu convívio, mas de toda a minha trajetória como ser humano. Se o nosso Atlético estiver sofrendo, eu vou estender a mão, se o Atlético estiver ferido, eu vou estar por perto para ajudar a fechar a ferida, e se o Atlético estiver feliz, estarei também.

Assim é o instinto de torcedor, e assim é a natureza da torcida do Atlético. Fazemos parte de uma nação, e temos todo e qualquer direito de opinião, doa a quem doer, tudo pelo nosso mais sublime ponto de referência, o Clube Atlético Paranaense.


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