Rogério Andrade

Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.

 

 

Eu quero ser campeão!

28/04/2008


É uma droga escrever quando se perde, mas é incrível como o sentimento de ira, chateação ou mágoa grita mais alto nessas horas. Talvez o torcedor atleticano esteja pasmo, estático, sentindo, pouco a pouco, o título escapar por entre os dedos. A declaração de Claiton, ainda no primeiro turno, nas arquibancadas do Janguito Malucelli, já anunciava que o Atlético, dali para frente, não seria o mesmo. E não foi. Acabou a seqüência de vitórias, acabou o padrão de jogo, acabou a motivação, acabou o tesão de jogar. E aos poucos, Ney Franco, meio sem saber o que fazer, está vendo acabar o campeonato paranaense. Tenho certeza que nem ele, o menos culpado de tudo, entenda os reais objetivos deste “clube de futebol”.

No primeiro clássico da decisão, perdemos para os coxas, perdemos o rumo, perdemos para nós mesmos, ora por vaidade, ora por nossa tamanha covardia e medo de atacar, ora pela carência daqueles que ontem estavam por aqui, gritando e rasgando o peito pelo Atlético, ora pela falta de qualidade, principalmente nas alas e no ataque. E quando nossos heróis do meio e da defesa erraram no momento em que o erro era inadmissível, desenhou-se a derrota atleticana.

Diretoria, comissão técnica e jogadores. Vão ao estádio Joaquim Américo durante toda a semana, olhem uns aos outros e repensem suas atitudes. Conversem, reflitam e estudem uma maneira de vencer o clássico pela diferença de três gols. Deixem de lado os treinos do CT e passem a treinar no gramado onde a bola vai rolar. Percebam o tamanho das bobagens, os erros dentro e fora de campo e arrumem, em algum lugar, a motivação para levantar a taça e retirar a dor de dentro do peito atleticano, sofrido, pisoteado e humilhado. Ajeitem a casa e corram contra o tempo. Eu sou sócio, sou consumidor, e vou cobrar. Este direito ninguém me tira! É hora de botar a prateleira abaixo e escolher a dedo qual a melhor forma de ganhar do Coxa e ser campeão do estado.

O discurso é bonito, mas em campo nada está sendo provado. Estádio lotado é bonito, e mais uma vez a apaixonada nação atleticana estará ao lado do Atlético, sufocada, amargurada, mas enlouquecida e querendo assistir a conquista rubro-negra. E nós não iremos cansar. Do primeiro ao último minuto de jogo, vamos gritar e empurrar o Furacão. Mas como não temos o poder de ganhar jogo sozinhos, precisamos que os jogadores que ali estiverem, vestindo o manto vermelho e preto, tenham dignidade, raça e um desejo imenso de vencer.

Se o desmanche foi feito, se hoje em dia é difícil se fazer futebol, difícil segurar jogador com os olhos brilhando em forma de cifrões, que fossem ao menos feitas reposições à altura, ou no mínimo próximas. Se pouco sobrou ao Ney Franco, que este pouco não seja representado pela figura do Michel como sendo o resto dos restos de um elenco outrora fortalecido, porém hoje totalmente apático, medroso e mudo dentro de campo.

Que todos tenham vergonha na cara e respeitem o torcedor atleticano. Que o desejo de vencer prevaleça sobre todos os outros, e que alguma fórmula mágica trate de fazer o Atlético sair com força em busca do título estadual.

Milhares de atleticanos fizeram e continuam fazendo a sua parte. Agora tratem de fazer o mais importante. Eu quero ser campeão! No próximo domingo, lá vem o Coxa de novo. “Neste jogo custe o que custe, neste jogo quero ver ganhar!”


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