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Sérgio Tavares Filho
Sérgio Juarez Tavares Filho, 45 anos, é jornalista e morou até os 12 anos em Matinhos, litoral do Paraná. Acompanha o Atlético desde que nasceu e vive numa família 100% rubro-negra. Até os cachorros se chamam Furacão e Furacão Júnior. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2009.
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Carta aberta aos torcedores
26/06/2003
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“Perdoe-me, torcedor, mas você anda muito chato. Você está cobrando coisas sem sentido, sem nenhum cabimento. Antigamente você era corneta, agora é mega-fone. Pare de gritar e escute. Alguns de vocês acham que já são colunistas de jornais. Todos os dias lotam os endereços eletrônicos para criticar o adversário, elogiar o próprio umbigo, comentar sobre a rodada e, claro, nos ofender.
Dias atrás, Luciano do Valle falou que não pode narrar um gol do Corinthians por 11 segundos que alguém vai interpelá-lo: ‘Aí, Luciano, seu corintiano bôbo. Por que na semana passada você gritou gol do São Paulo só por 10 segundos?’
Agora coloque-se no lugar de Galvão Bueno. Admito que às vezes ele exagera, mas nada que possa desmerecer os seus mais de 30 anos de profissão. Após Cruzeiro e Flamengo, decisão do título da Copa do Brasil, Galvão e sua equipe jantavam num hotel de Belo Horizonte. Já de madrugada um hóspede-torcedor começou a ofender o narrador. José Roberto Wright, comentarista de arbitragem e que tanta vezes já foi xingado dentro dos gramados, teve que dar uma cadeirada no infeliz para defender os profissionais. A paciência dele, assim como a minha, esgotou.
Aqui no Paraná a situação é mais caótica. Além de acharem que todos os jornalistas são torcedores do Coritiba (o último que recebeu o ‘prêmio’ foi Fernando Calazans, de O Globo e da ESPN Brasil) as críticas são mais pesadas e raivosas. Está faltando bom senso. Há cinco anos era mais difícil assistir Vitória x Atlético do que Chipre x Nova Zelândia. Hoje, se deixam de transmitir um jogo do rubro-negro, o diretor da NET é coxa-branca, a menina que opera os botões é paranista e o homem que puxa o cabo nos corredores da empresa é amigo do Gionédis.
As coisas não são por aí, torcedor. Acalme-se e deixe a gente trabalhar. Volte a ser corneta. Jogue fora as pilhas do mega-fone. Por favor!”
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