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Carlos Antunes
Carlos Roberto Antunes dos Santos, 79 anos, é professor de História e foi Reitor da Universidade Federal do Paraná entre 1998 e 2002. Filho do ex-treinador Ruy Castro dos Santos, o famoso Motorzinho, técnico que criou o célebre Furacão de 1949. Nos anos 50 e 60, jogou nos juvenis do Atlético, sagrando-se bicampeão paranaense. Foi colunista da Furacao.com entre 2007 e 2009.
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E no peito ostentando a faixa de campeão!
21/04/2008
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Há 5 semanas, em 16/03, após a derrota para o Paraná em plena Arena, nós fomos jogados na lanterna do Grupo A, tendo à nossa frente o próprio Paraná, o Engenheiro Beltrão e o Iraty. Parecia que a casa tinha caído, pois com o desmanche do time houve uma enorme queda de rendimento técnico e de motivação da parte dos jogadores e da torcida. Como se diz na gíria popular, parecia que “a vaca tinha ido pro brejo”.
Diante desta situação de caos, de desesperança, na noite deste fatídico domingo, após receber contatos de amigos decepcionados com o nosso Atlético e alguns já “jogando a toalha”, procurei escrever um breve texto, publicado pela Furacão.com em 17/03, lançando um fictício Pacto de Salvação Pública. Na verdade tratava-se de um Manifesto, um Pacto Público de Salvação (inspirado no processo da Revolução Francesa do séc. XVIII), envolvendo os jogadores, treinador e diretoria com a torcida atleticana: ganhar todos, ou conseguir os melhores resultados nos oito (8) jogos restantes do Campeonato Paranaense e tornar-se Campeão. E, nesta ocasião, finalizava o meu texto colocando “Eis aí um desafio, não custa tentar, basta acreditar que existe a fé e a solidariedade”.
Pois bem, 35 dias depois o Pacto se mantém, faltam apenas duas partidas, somos finalistas do Campeonato Paranaense, temos um time melhor e com todas as condições de despachar os Coxas para o vice-campeonato. Mas, como explicar este desempenho atleticano, pois mantemos o mesmo time que começou aquela derrocada? Na verdade, a grande explicação que posso encontrar para entender estes verdadeiros saltos de recuperação e superação reside na perfeita atuação do sistema defensivo com o auxílio de qualidade do Alan Bahia e Valência, formando um conjunto que, em alguns jogos, se tornou também um sistema ofensivo, marcando gols e decidindo partidas. Se de um lado temos um ataque inoperante, burocrático, pobre em criatividade, anêmico e com falência múltipla de gols, de outro temos um excelente goleiro, uma defesa e o meio campo técnicos, com garra, destemor, encarnando a verdadeira raça rubro-negra.
Nos anos 60, o Operário Ferroviário de Ponta-Grossa, com craques como Alex, Otavinho, Leocádio, Hélio Silvestre e outros, consagraram o paradigma no qual a melhor defesa era o ataque. Geralmente os resultados dos seus jogos eram: 6x4, 5x3, 4x3, 7x4, chegando o Jornal “O Paraná Esportivo”, a certa altura do Campeonato Paranaense, publicar a seguinte manchete: “Operário, com o ataque mais positivo e a defesa mais vazada”.
Meio século depois, vemos que o desempenho atleticano neste campeonato de 2008 é a antítese do desempenho do Operário Ferroviário dos anos 60. Ao verificar as limitações da “peças” que hoje dispõem, o treinador Ney Franco inovou, criando um novo sistema tático que permite com que alguns jogadores da defesa atleticana encontrem os corredores necessários para se lançarem ao ataque, juntamente com o meio de campo, e com sucesso cheguem às redes adversárias. Desta forma, nestes tempos de globalização do futebol, o Atlético, mais do que nunca, inventa e consagra um novo paradigma de que o melhor ataque é a defesa.
A véspera da decisão do Campeonato Paranaense de 2008 em dois clássicos Atletiba, nos coloca diante do desejável e do possível: o desejável é termos um time de qualidade, com um ataque fulminante que possa fazer os gols necessários para chegarmos ao título; o possível é entender que com o desmanche que houve, hoje a nossa maior preciosidade está nos fundamentos de que o melhor ataque é a defesa.
Mesmo sonhando e querendo o desejável, a realidade é esta: serão os fundamentos deste padrão técnico e tático que dispomos atualmente, que guiará o Atlético nas finais. Esta é a nossa estratégia, e será assim que iremos ganhar: indo para a guerra que será longa e árdua, com as armas que dispomos, somadas ao apoio da torcida, à bravura e à tradição do Furacão, e então seremos Campeões. Não adianta inventar. Dentro do possível e com o time que temos, foi assim que chegamos até aqui e mantivemos acesa a luz do Pacto. É o que nos resta. E tudo se transformará numa festa, provando mais uma vez que a camisa rubro-negra só se veste por amor e no peito ostentando a faixa de Campeão!
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