Rodrigo Abud

Rodrigo Abud, 45 anos, é jornalista. Já correu dos quero-queros na Baixada, justamente quando fez um lindo gol do meio de campo. Tarado por esportes, principalmente o bretão, é também alucinado por rádio esportiva.

 

 

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16/04/2008


O comunicado feito pelo Atlético no dia 10 de abril caiu como uma bomba para toda a comunidade esportiva. Torcedores surpresos com o anúncio de que o Clube Atlético Paranaense iria iniciar cobrança das rádios pela transmissão integral dos jogos do Furacão.

Se os torcedores ficaram surpresos, as rádios, então, ficaram sem ação, apenas argumentaram que iriam acionar os respectivos departamentos jurídicos, pois consideraram a atitude uma ação descabida.

Como consta na minha descrição, sou um aficionado por rádio esportiva. E, para a surpresa de muitos, sou a favor da cobrança. A mesma surpresa que tenho ao constatar, pela enquete da Furacao.com, que a maioria da torcida não aprova a cobrança.

O princípio para defender a cobrança é simples. Se a televisão paga para transmitir, as rádios também devem pagar. Ambas transmitem o evento, porém a TV tem a imagem a seu favor, mas TV e rádio lucram com a transmissão.

Mesmo concordando com a cobrança, discordo de uma série de pontos envolvidos no assunto.

A forma como foi conduzida a ação. Argumentam os diretores do Furacão que o assunto vinha sendo discutido nas reuniões do Clube dos 13. Perfeito, por que não organizar uma ação conjunta de todos os clubes para início da cobrança? A condução solitária por parte do Atlético parece soar como desafio para todos (clubes, veículos de comunicação e torcedores). Seria muito mais interessante aguardar um pouco mais e comunicar de forma mais profissional.

Outro ponto é o valor definido. O Atlético afirmou ter realizado estudos para saber o valor compatível com o que as rádios podem arcar. Todos sabem que algumas rádios podem arcar com o custo definido e mesmo assim terão lucros, outras rádios não. Considero o valor alto, pelo que segue. Primeiro pelo valor cobrado para transmissão da Copa do Mundo (cerca de 120 mil reais), um evento com maior exposição que o Campeonato Brasileiro. Segundo que caso o valor definido fosse menor, o clube teria várias emissoras interessadas na transmissão, afinal futebol, e o Atlético em especial, dá audiência, e com isto receberia verbas de mais emissoras e não de uma ou duas que podem arcar com o valor atual. Ou seja, mais emissoras, mais dinheiro para o clube.

O próprio Atlético ponderou que caso nenhuma emissora se interessasse, o clube locaria espaço em uma rádio e faria a transmissão. Ação que só levaria ao torcedor a transmissão do jogo, porém dificilmente traria informação isenta, princípio básico de uma cobertura jornalística, seja ela esportiva ou não.

Como ponto positivo, fica a exposição da marca Atlético Paranaense, mesmo que de forma negativa, já que o clube ganhou a manchete dos principais veículos de comunicação, alguns contra e outros a favor. No futuro o clube será lembrado pelo pioneirismo. Outro destaque é que pela primeira vez sinto segurança no discurso do departamento jurídico do clube.

Porém, a verdade é que foi o anúncio certo, na hora errada, e da forma errada. Concordar e discordar é direito de todos. O importante é que o assunto seja amplamente debatido. Como a discussão está no início, seria o momento ideal para que todos os clubes definissem um valor fixo para todos os clubes, para não acontecer o que acontece com as cotas de televisão, com clubes da mesma divisão recebendo valores muito diferentes.


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