Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Rádio, jogo e torcida

13/04/2008


Coincidência, mas justo na semana em que o grande assunto no rubro-negro foram as rádios e a cobrança que o clube fará delas a exemplo do que já acontece com a transmissão de tevês, fui convidado a comentar o jogo entre Atlético e Toledo pela Rádio Mais no último sábado, pelas semi-finais do Estadual 2008. Emoção infantil, pois tinha esse sonho desde criança quando o “Xalingão” – já que o Estrelão era mais caro, mas tinha placarzinho- na cozinha, transformava meu mundo num campeonato onde eu narrava todos os jogos direto da mesa de botão, fazendo reportagem e inclusive os comentários.

Além do prazer de participar mais diretamente do jogo, tive uma visão privilegiada e até por isso acho que fizemos sim um bom jogo, mas faltou mais determinação, seriedade e empenho do time para suplantar um surpreendente Toledo. Daqui a pouco comento isso.

A questão em voga é sobre a cobrança que o Atlético irá fazer para que as rádios transmitam jogos do Furacão no Brasileiro que se aproxima. A legalidade e justificativa do negócio são claras: as rádios obtém lucro ao vender espaços publicitários na narração de jogos do Atlético e este, como estrela do espetáculo quer sua parte no negócio. Se uma das justificativas agora apresentadas pelas rádios é que o trabalho é de utilidade pública, querendo levar o torcedor ao erro de pensar que seu trabalho é quase samaritano, uma quase benemerência, sugiro às rádios que não narrem mais jogos de futebol então e usem seus esforços, sua abnegação e espírito construtivista para causas mais nobres.

O futebol, mesmo no moribundo certame paranaense, mexe com cifras milionárias e garanto que o esforço e dedicação das rádios poderia ser muito mais bem utilizado para angariar fundos a instituições de recuperação de jovens drogados, de pessoas com dependência de bebidas alcoólicas ou mesmo os hospitais como o de Clínicas que vivem em eterna penúria de recursos e necessitam muito mais do que o futebol de ajuda externa.

Concordo no conteúdo mas jamais com a forma como o Atlético apresentou seu pleito. Acho justo que quem lucra sobre o Atlético, passe a lucrar com o Atlético num ciclo simbiótico, que faça bem a ambos e não somente a um financeiramente. Dizer que as rádios fazem publicidade gratuita do clube ao chamar para os jogos e ao noticiar sobre o clube é um erro, pois ela o faz para ter audiência de nós atleticanos que por conseqüência ouvimos as propagandas veiculadas e consumimos os produtos anunciados. Deixar o Atlético de lado seria, além de assinar o atestado de falta de isenção e falso jornalismo, um tiro no pé, já que é comum ouvirmos somente o jogo do time que gostamos e até mesmo acompanhar as resenhas esportivas diárias somente o que diz respeito ao nosso time.

Na forma entretanto, acho que mais uma vez o clube pecou ao primeiro comprar uma briga e depois buscar o entendimento. Na vida e não só no futebol ou nos negócios o mais prudente é buscar todas as soluções possíveis e por fim partir para o embate. A direção atleticana entretanto gosta de causar um tumultozinho desnecessário, ainda mais num momento tão importante do campeonato. Uma boa e franca conversa com os diretores das rádios que mantém programação esportiva expondo seus motivos, a necessidade de arrecadar e se propor a ouvir contrapropostas evitaria toda essa grita que vemos/lemos/ouvimos nos últimos dias.

Por fim deixo questões: se realmente a radiofonia esportiva não dá lucro, porque cada vez mais as rádios FM estão explorando o futebol, justo elas que tem um mercado publicitário mais farto e de grande poder de consumo? O valor é caro, a meu ver sim, mas um termo mais justo as rádios se propõe a pagar?

JOGO

Resumindo, creio que a soberba que o time demonstrou em campo, dando toquezinhos inúteis, demorando demais para ligar os contra-ataques e achando que ampliaria o marcador a hora que quisesse começou conosco torcedores. Não se falava em outra coisa a não ser vencer com boa margem de diferença e o que vimos foi um Toledo bom de bola, muito bem posicionado em campo, com um treinador audacioso e inteligente e que mostrou ser merecedor de chegar na fase aguda da competição.

Faltou um pouco mais de seriedade e pegada do time (exceção a Danilo, Alan Bahia e Valência) e principalmente inteligência em saber a hora de acelerar o jogo, ligar rapidamente a bola aos alas ou atacantes e também a hora de saber tocar a bola, segurá-la lá na frente e voltar o jogo caso fosse necessário. Falta um cérebro neste time, por vezes afoito e indeciso e em outros momentos lento, até mesmo preguiçoso. Erros estes que confio em Ney Franco para consertá-los.

TORCIDA

Achei que o público seria maior, mas vendo parte das arquibancadas do Couto Pereira completamente vazias no jogo de domingo creio que foi um público normal. O que uma pequena parte da torcida, notadamente os já conhecidos cornetas a partir da entrada 107 fizeram sábado, não se faz. Bem ou mal o time segurava o bom Toledo, ampliava a vantagem agora podendo até mesmo perder pelo placar mínimo a volta e era vaiado em campo!

Se Netinho estava exausto, Wallysson não jogou nada daquilo que esperávamos e Nei levou um baile do lateral Guaru, não seria com vaias, apupos e xingamentos quando tínhamos a preciosa posse de bola e gastávamos o tempo no meio campo que a coisa iria melhorar. Graças ao bom Deus temos a força inigualável da Fanáticos que além de cantar todo o tempo empurrou o time na garganta rumo a vitória e especialmente vibrou como se estivéssemos goleando, gritou a plenos pulmões durante os últimos e dramáticos 15 minutos com muita raça, com muito amor ao Furacão e incentivou os demais torcedores a fazer o mesmo.

Após o jogo uma bela recepção aos toledanos, troca de camisas e a promessa de uma confraternização bastante alegre semana que vem no interior do Estado, ao contrário do certo clima de guerra que a imprensa já queria fomentar depois da troca de gentilezas entre atletas ao final da partida.

ARREMATE

”Não me distancio muito de mim/
E quando saio nao vou longe/
fico sempre por perto”
Bossa Nostra, Nação Zumbi


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