Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

O ruim da história

31/03/2008


” A Ruthinha é boazinha... a Raquel é má!” Com essa exclamação repetida várias e várias vezes pelo desprovido de intelecto Tonho da Lua, este se referia às gêmeas protagonistas do folhetim Mulheres de Areia, da obra de Ivani Ribeiro. Apesar de idênticas fisicamente as irmãs tinhas gênios opostos sendo completamente diferentes em seus atos e atitudes. Grandes interpretações da bela Glória Pires e do “louco” Marcos Frota, nesse remake da produção original de 1973.

Quem lê os periódicos, assiste aos programas de debate esportivo ou principalmente ouve rádio e seus “especialistas” acha que se o Atlético não é a Ruthinha da história, é o Dick Vigarista do futebol tupiniquim. Não bastasse ter crescido exponencialmente na última década e meia e ter passado a existir além das fronteiras de nosso nariz, conquistar títulos e construir um sólido patrimônio, o que obviamente atiçou não somente a curiosidade como a inveja de outros, o Atlético fez com que os sentimentos mais baixos, mesquinhos e pequenos de nossos críticos aflorassem à pele.

Há lendas correntes que de tempos em tempos voltam a ser difundidas por aí. E ao contrário de como ensinava Goebells, uma mentira contada reiteradas vezes passa a ser tornar verdade, tentando convencer os germânicos dos benefícios do nazismo na 1ª metade do século passado, acho necessário expressar meu ponto de vista sobre algumas “verdades” que dizem por aí sobre o nosso Atlético.

Primeiro que para alguém falar um “A” do Estádio Joaquim Américo que lave a boca com sabão, como ensinavam os mais velhos. A Baixada não é e talvez nunca seja uma perfeição de estádio de futebol, mas está tão distante, tão à frente dos demais estádios que as críticas estruturais a ela caem por si só. Afirmar que a visão dos visitantes hoje é ruim já sem o muro, que não há banheiros e nem lanchonetes daquele lado é leviano. No amistoso de despedida do craque Paulo Rink fiz questão de assistir neste setor toda a 2ª etapa sem dificuldade alguma e só pude tentar imaginar a inveja que corrói os pobres adversários ao verem tão bela e moderna edificação, ainda mais com uma torcida inflamada e vibrante logo ali em frente.

Afirmar também que o Atlético proíbe o aquecimento dos adversários por pura implicância no gramado do Joaquim Américo é outra besteira. Nem o Furacão utiliza-o, fazendo toda a preparação pré-jogo nos confortáveis, amplos e padronizados vestiários do Estádio. Vestiários e áreas de aquecimento absolutamente iguais diga-se, não discriminando o time que nos enfrentará.

Falar que deixamos a brava equipe alagoana que infelizmente foi mais competente e nos eliminou precocemente da Copa do Brasil sem água quente para banho ou mesmo que tiveram que se trocar nos corredores do estádio é outra bravata que nem mereceria comentários. É tão ou mais absurdo do que o silêncio da grande imprensa para o fato de Alan Bahia e Ney Franco terem que dar entrevistas numa parte externa ao simpático, porém acanhado Durival de Brito no último jogo por falta de uma área específica para este fim. A mesma imprensa que se pronuncia e com razão, sobre a falta de educação de um torcedor atleticano ao arremessar uma bala ou o que quer que fosse no gramado de jogo, mas não é tão enérgica e investigativa nas dezenas de outras ocasiões em que nossos jogadores são atingidos ou quase por toda sorte de objetos, em clássicos ou interior afora. Falta sim é cidadania, evolução e educação de alguns torcedores, independentemente da camisa que vestem.

Parte desta mesma imprensa também se cala num pleito que é muito acima do interesse atleticano, é curitibano, é paranaense que é a justa e legítima candidatura de nossa capital a receber jogos de uma Copa do Mundo em 2014 na cidade. Pensam como se não fossem ser usados os estádios e centros de treinamentos dos outros clubes também, como se os milhares de turistas não fossem fazer compras no shopping do coxa, ou que se hospedarão na rede de hotéis do paranista ou que se alimentarão no restaurante do empresário que nem gosta de futebol.

Enfim, não é no estádio do Dick Vigarista, do time da Ruthinha que a direção do time adversário mal consegue chegar ao camarote ou pior ainda, não consegue sair sem contatar segurança privada para sair do estado de sítio em que se encontra.

Por estas e por outras, por estar ficando mais velho, um pouco mais sereno, ou ainda, agora doente, é que chego a pensar e refletir achando que a direção atleticana tem lá sim seus fortes motivos para se fechar dentro de si, se escudando, se protegendo e tentando blindar a instituição Atlético Paranaense de tantas calúnias, mentiras ou simples bobagens. Entretanto temos que nos convencer definitivamente da nossa grandeza, temos que ter consciência que cada vez mais seremos o alvo a ser atingido, o clube a ser (per)seguido e que definitivamente o manto de O grande clube do nosso Estado nos cabe à feição.

Atlético, amado pela maioria, imitado por outros, invejado por todos.

ARREMATE

Que os olhos da mulher morena estão me envolvendo/
E estão me despertando de noite.
A volta da mulher morena, Vinicius de Moraes


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