Fernanda Romagnoli

Fernanda Romagnoli, 51 anos, é atleticana de coração, casada com um atleticano e mãe de dois atleticanos. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2009.

 

 

Quando tudo começou

26/03/2008


Neste mês, em 1924 nasceu uma paixão. A maior do nosso estado. As datas, a maneira, todos já sabem. E se não sabem é porque no dia a dia de uma paixão que nunca acaba, os dados exatos deixam de ser tão importantes. Você e eu vamos apenas vivendo o Atlético: umas horas beijos e abraços, outras horas brigas e mágoas. Mas paixão é paixão, não tem muita razão mesmo.

Eu gosto de lembrar como as coisas aconteceram especialmente em datas festivas ou quando as situações estão um pouco abaladas, é uma espécie de catarse. Talvez seja por isso que algumas pessoas dão tanta importância para as datas. Talvez seja uma forma de fortalecer os laços pela história vivida, pelo companheirismo, por tudo aquilo que foi ou que poderia ter sido.

Então me lembro daquela tarde. Meus olhos enchem d'água. Neste site só publicamos textos inéditos, mas para comemorar o aniversário do Atlético, peço licença para publicar trechos de um texto que escrevi há quase três anos para o Fala Atleticano. Será bom lembrarmos.

"1996, tarde chuvosa em nossa capital. Eu nascida em Curitiba, cresci e vivi no bairro do Juvevê por 20 anos, tive a proximidade suficiente para torcer pelo outro time...”

Gostava de futebol, não era uma torcedora convicta. Fui acompanhar meu namorado fanático, mas sempre levava uma revista comigo.

“...Naquele dia o Atlético iria jogar com o último invicto do campeonato brasileiro - o Timão do Palmeiras (desculpe o trocadilho horroroso, mas era um bom time mesmo). Eu nem sabia o que me aguardava.

Velha Baixada, as arquibancadas de metal ainda estariam lá? Não me lembro. Quando o ônibus do Palmeiras chegou (pra quem não lembra, dava pra ver os caras chegando) todo mundo começou a gritar "Timinho! Timinho! Timinho!". Eu, que vim de uma família de paulistas e Corinthianos roxos, disse: "Peraí, minha família torce pro Corinthians, mas pelo que eu li o Palmeiras é um time muito bom. Não é o time dos 100 gols no paulistão?" Tolinha!

Aos dois minutos, eu lendo a revista, o atacante atleticano tirou o Cleber da zaga palmeirense para dançar , e eu lendo a revista, e gooooooooooollllllllllllll!! Gol do Atlético! Depois de oito minutos, mais um gol, esse eu vi. O restante do jogo foi um "não sei", pelo menos em termos de bola rolando. Só sei que aquela partida é um marco na minha vida.

Depois do segundo gol, eu fiquei ali parada, quase que paralisada com o que vi e senti. Eu estava no tobogã, na parte de cima, sentia a vibração da torcida, que não parou nem no intervalo. Olhava para as arquibancadas cheias de fumaça. Todo mundo pulando em êxtase. Olhei para as cadeiras e os "bacanas" foram um show a parte. Os ocupantes da cadeiras estavam todos de pé, girando camisas rubro-negras no ar e cantando como loucos.

Todos sem exceção, cantavam o hino do Atlético.
‘A tradição, vigor sem jaça,
Nos legou o sangue forte
Rubro-negro é quem tem raça
E não teme a própria morte.’

Me apaixonei pelo Atlético naquele dia. Quem esteve lá como eu, peço apenas que congele a imagem na cabeça. Para quem não pôde presenciar aquele arrebatamento, congele qualquer outra imagem que remeta ao mesmo sentimento: Orgulho de ser Atleticano..."


Parabéns, Atlético. Seu presente é a minha eterna paixão.


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