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Rogério Andrade
Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.
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Para sempre, Atlético!
26/03/2008
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Era agosto de 1990. Atletiba. Decisão do campeonato paranaense de 1990. Uma tarde de domingo que poderia ter sido apagada da memória, não fosse a bendita cabeça de um jogador chamado Berg. Devo ter passado pelo menos duas noites em claro antes deste jogo, conversando com as estrelas, observando a lua e tentando, já naquela época, entender um pouco aquele tal de amor, loucura ou seja lá o que fosse aquilo que eu aprendera a ter pelo Atlético. Besteira! Jamais algo tão forte teve uma resposta tão clara e tão objetiva. O amor não é assim, tão compreensível como a gente pensa. Se for verdadeiro, o amor é tão forte, mas tão forte, que quando toma conta da gente, nos inunda de tal forma que não conseguimos nem entender as nossas próprias razões ou emoções.
O certo e o fato é que sentimos, e para isso não é necessário explicações ou justificativas. E naquela tarde de agosto de 1990, pela primeira vez eu chorei, e pela primeira vez eu senti uma paixão incontrolável, uma necessidade de estar tão perto do Atlético, como se o Atlético, a partir daquele dia, passasse a ser minha maior e melhor razão de viver. Como se fosse simplesmente a constatação daquele amor doentio, louco, às vezes até sem noção. Como se fosse explodir um coração que ainda tinha muito o que sofrer, sorrir e vibrar com o Atlético.
E naquele dia eu me vesti de vermelho e preto. Assim como aprendi, também ensinei algumas pessoas a aprenderem a amar aquele time rubro-negro, aquele time que tinha como torcida uma nação inflamada, maluca, cheia de energia e que parecia nunca cansar. E um dos meus companheiros, meu primo Rafael Galupo, estava lá comigo, naquele inesquecível agosto de 1990. Eu carregava comigo uma responsabilidade imensa e tinha uma espécie de obrigação em fazer o Rafael feliz naquela tarde. Um vice-campeonato seria trágico, mas eu prometi ao Rafael que naquela tarde, em pleno estádio Couto Pereira, o Atlético seria campeão. E ele estufou o peito, vestiu a camisa do Furacão e acreditou que naquele dia de agosto nós voltaríamos para casa com a faixa de campeão. E lá fomos nós para ver a decisão, para assistir a estréia do uniforme de listras verticais em vermelho e preto e pela primeira vez “atirar o pau nos coxas.”
Não foi fácil. Sofremos como nunca! Em meio a uma multidão de atleticanos, Rafael me olhava como se não acreditasse em mim, como se não acreditasse que o Coxa, aos 45 minutos do primeiro tempo estaria fazendo o gol da virada e o gol do título. Tínhamos ainda uma esperança. Uma esperança chamada “segundo tempo”, mas definitivamente, na minha cabeça, Rafael não acreditava mais em mim. E cada olhar dele me destruía de um jeito que me anulava qualquer tipo de reação. E quando o juiz apitou o início do segundo tempo, meu primo Rafael, meu aluno de atleticanismo, aprendeu tão bem as lições que deixou de uma vez por todas de acreditar em mim a passou a acreditar no Atlético. A cada lance, a cada passe, a cada ataque, eu tinha a impressão de que ele estava praticamente dentro de campo, acreditando que naquele dia, naquela tarde de agosto, o título seria nosso.
Quando a rede balançou pela quarta vez naquela tarde e o empate aos 26 minutos do segundo tempo contava ao Estado do Paraná que a tarde seria vermelha e preta, Rafael vibrou! E cantou. E dançou. E comemorou como se o jogo tivesse acabado. Eu tentei alertar, tentei dizer que mais de 15 minutos nos separavam do título, mas ele não me deu mais ouvidos e disse que ninguém mais seria capaz de tirar a faixa do Atlético. E dali até o apito final, Rafael pulava como se estivesse sendo embalado pela multidão atleticana. Aquele título era do Atlético, aquele título era dele, do meu primo Rafael, meu aluno mais aplicado de atleticanismo.
Não era preciso mais nada pra mim. Eu estava realizado, aliviado, com o sentimento de missão cumprida. A alegria do meu primo era o que bastava pra mim, como se o Atlético estivesse me provando, naquela linda tarde de agosto, que a paixão atleticana vale a pena, sempre! E num ato surpreendente, Rafael me abraçou e no meio de uma festa ensurdecedora, gritou no meu ouvido: “Obrigado!” Pela primeira vez eu chorei pelo Atlético. Não era preciso mais nada, mas o agradecimento, em estado de êxtase, me levou a crer que o amor pelo time da Baixada é realmente algo sem qualquer tipo de explicação.
Hoje, dia dos 84 anos do nosso Clube Atlético Paranaense, quase 18 anos depois daquele título inesquecível de 1990, quero dizer ao Rafael, a todos os atleticanos e ao meu querido e inseparável clube, que estou muito feliz! Feliz por saber que o Atlético, o nosso Rubro-negro, está cada vez mais presente em minha vida, em meus sonhos, em meus ideais.
Neste dia, quero dizer também que não procuro mais explicações, justificativas ou respostas. A resposta está aqui, dentro do meu peito, traçada em vermelho e preto. Atlético, eu te amo! Feliz Aniversário, meu querido Furacão!
O coração têm razões que a própria razão desconhece...
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