Rogério Andrade

Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.

 

 

Sem limites

28/05/2003


Vamos quebrar um pouco o gelo, esquecer os desafios e dificuldades que o Atlético aos poucos vai superando, e vamos entrar no mundo fascinante do nosso clube, carinhosamente chamado de furacão da baixada. Hoje me recordo com muita saudade dos tempos em que meus irmãos me carregavam para o estádio, já que não tive a oportunidade de ver os jogos ao lado do meu pai, pois ele partiu antes.

Lembro-me como se fosse hoje dos estádios lotados, da dificuldade de acesso e até das preocupações em não poder assistir o jogo, pois por onde o Atlético passava era "casa cheia".

Como era bom sair de casa para ver o Atlético jogar! Lembro-me do título emocionante de 82, quando enfiamos 4 x 1 no Colorado, com um gol de Lino, dois de Washington e um golaço de Nivaldo. Até hoje tenho esses momentos gravados na narração de Lombardi Jr: "Atléticoooooooooooooo, alegria, alegria, alegria, alegria do meu povo rubro-negro, explode o coração atleticano, vibra minha gente rubro-negra. Centenas de bandeiras agitadas, contrastando com o azul do céu, Atlético, Atlético, Atlético, grita o meu povo atleticano."

Veio o bicampeonato estadual em 83 em cima dos arqui-rivais, na casa "deles", com o ataque sendo comandado pelo camisa 9 Joel, o "garoto de ouro da baixada". Neste mesmo ano, tive a felicidade de assistir Atlético x Flamengo, com o maior público já registrado no estádio adversário. Por um capricho não fomos finalistas do campeonato brasileiro, ganhamos de 2 x 0 do freguês carioca e chegamos em terceiro.

Lembro-me do título de 85, quando vencemos o Londrina na velha baixada por 3 x 0 e fomos campeões paranaenses. Assisti ao jogo no alambrado, o mesmo que pulei com a multidão no final do jogo para comemorar o título no gramado.

Os anos 90 foram feitos de alegrias e tristezas, foram dois títulos estaduais, voltamos a surpreender o país em 96 com um bom time, e em 95 havia sido decretado o nascimento de um novo Atlético. Um tombo dos bem grandes fez renascer o orgulho de um povo apaixonado e ferido. Veio uma nova administração, uma nova gestão de pessoas, e o Atlético passou a ganhar admiradores de todos os cantos do Brasil e do mundo. O clube passou a ter uma nova face, uma nova estrutura, uma nova estratégia. No dia 24 de junho de 1999 fomos presenteados com o templo sagrado chamado, agora em nova era, de Arena da Baixada. Um espetáculo! Mal pude acreditar no que os meus olhos viam. Atrás de tudo isso, estava surgindo uma estrutura fantástica que é o centro de treinamentos, com justiça chamado de CT do Caju. Eu estava convicto, um novo Atlético estava surgindo.

Hoje vivemos em um novo tempo, com novas gerações e novos objetivos. Hoje somos campeões brasileiros, título mais do que justo e mais do que merecido por esta maravilhosa nação atleticana. Fruto de um trabalho árduo e de muita dedicação, pois como dizia Einstein, o único lugar onde o sucesso está antes do trabalho é no dicionário.

Quando vemos hoje o estádio lotado, com uma torcida que não cansa de cantar um só minuto, os jogadores voando em campo, encantando o Brasil com sua simplicidade e alegria de jogar futebol, já não nos surpreendemos, pois nascemos, crescemos e aprendemos que o Atlético é isso aí, é raça, é sangue, é emoção.

Por tudo isso e muito, muito mais, carrego comigo na bagagem da minha vida o grato orgulho de ser atleticano.

Atlético, eu te amo.


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