Wagner Ribas

Wagner Ribas, 42 anos, consultor, acima de tudo pai e atleticano, costuma viver na Baixada as suas maiores alegrias. Foi colunista da Furacao.com entre 2007 e 2009.

 

 

Comunicação

20/03/2008


Nós torcedores somos figuras engraçadas.

Quando o time está bem, ficamos felizes, nos empolgamos, enaltecemos as cores de nosso time, jogador mediano vira craque e qualquer vitória é motivo de comemoração.

Mas quando o time vai mal, meu amigo... Ninguém segura o torcedor.

É maldito o treinador que não mexeu no time, é maldito treinador que tirou jogador A ou B, maldito lateral que não acerta 100 cruzamentos por jogo, maldito zagueiro que levou o drible do atacante, maldito presidente, malditos torcedores que vaiam os jogadores de seu time com a bola rolando, maldita política de administração, que centro de treinamentos é esse que não nos revela nenhum Pelé... e por ai vai, tudo vira motivo de reclamação e descontentamento.

Mas tudo isso tem uma explicação, nós somos humanos e somos providos de sentimentos que tornam nossas vidas uma antítese.

Se hoje se chora de alegria pelo título conquistado, amanhã se chora pela derrota. É assim mesmo, afinal não somos torcedores profissionais. Não ganhamos nada material em troca para torcer. Pelo contrário, pagamos ingresso, compramos uniforme e simplesmente o fazemos pelo prazer, pelo amor.

A grande maioria não se importa com as finanças, com planejamento ou com estrutura. Espera apenas ver seu time de coração vencer, poder tirar sarro dos amigos torcedores do rival e dar risada a semana toda, de alegria, com mais uma vitória de seu time. Prefere deixar a parte profissional e burocrática da coisa, para os dirigentes.

E é ai que começam os problemas. Essa maioria que não se importa com planejamento, estrutura e finanças, não sabe o que se passa dentro do clube. Não entende por que jogador A ou B é vendido, ou por que jogador X ou Y não é contratado.

Muitas vezes, mesmo não se importando, o torcedor até gostaria de entender isso, mas não consegue. Ou por que lhe faltam informações, ou as informações que chegam à ele, chegam de um forma difícil de compreender, de uma forma burocrática.

E eu, como torcedor, me incluo nessa massa. Queria poder fazer mais, queria poder cobrar menos, mas as informações que chegam a nós, torcedores comuns, são burocráticas, são abstratas, uma vez que quando partem de cima, chegam incompletas, ou quando partem da imprensa, chegam distorcidas.

A relação do Atlético com sua torcida e também com a imprensa, por esse e outros motivos, vem nos últimos anos se desgastando. Grande parte da imprensa não faz questão de pesquisar antes de repassar uma informação ao torcedor, e o torcedor, por sua vez, não faz muita questão de confirmar o que lhe dizem. Acredita em tudo que lhe falam e abstem-se da dúvida.

Luciana Pombo, conceituada profissional na área de comunicação, foi contratada para tentar, de alguma forma, melhorar e estreitar essas relações. Tanto entre torcedores, como entre imprensa e Atlético.

O trabalho será árduo e a longo prazo. Pois ela terá que lidar não somente com os paradigmas já criados, mas também com os sentimentos do torcedor, ego de alguns órgãos da imprensa e algo ainda maior, interesses obscuros de terceiros em prejudicar a imagem do Atlético.

Para o trabalho com o torcedor, deixo uma dica. Somos providos de sentimentos, e tudo o que queremos é maiores explicações, informações menos burocráticas e de simples compreensão.

Já para os demais, lhe desejo toda sorte do mundo, pois desvendar os mistérios ocultos da imprensa paranaense e brasileira, não será fácil.



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