Marçal Justen Neto

Marçal Justen Neto, 44 anos, é advogado. Atleticano de terceira geração, é um dos fundadores da Furacao.com. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2003.

 

 

Exemplo

26/05/2003


As televisões abertas não poderiam ter escolhido melhor jogo para transmitir neste final de semana do que Atlético e Flamengo. É que havia grande expectativa por esta ser a primeira rodada depois da entrada em vigor do Estatuto de Defesa do Torcedor. Então, nada mais adequado do que mostrar um jogo realizado no melhor estádio do país.

O clube cumpriu perfeitamente as disposições da lei, mas não houve novidade para o torcedor. Desde a inauguração da Arena já há banheiros apropriados, segurança, atendimento médico e uma praça de alimentação única nos estádios brasileiros. Portanto, não foi preciso muito esforço para se adequar à nova lei.

Dentro de campo, o time deu um show. Foram quatro gols, mas poderia ter sido mais. Todos os jogadores foram muito bem. Ilan, Dagoberto, Adriano e Kleberson foram elogiados até pela imprensa carioca, a mais bairrita do país. Porém, além deles, outros se destacaram.

Luciano Santos melhora a cada partida e dá consistência ao meio-campo. Capone ainda está lento, mas tem um grande mérito: consertou a defesa atleticana. Até Rogério Corrêa, o principal alvo de críticas, jogou bem. Finalmente, o garoto Ivan está passando da bola. Sem chamar muita atenção, firmou-se na posição e agora é titular indiscutível.

A vitória foi ainda mais importante porque transmitida para todo o Brasil. Mostrou que o Atlético é perigoso e que os bons momentos de 2001 não foram passageiros. Ontem, o Furacão voltou a encantar o Brasil.

Arbitragem

Apenas um dispositivo da Lei 10.671 (Estatuto de Defesa do Torcedor) foi descumprido ontem à tarde na Arena. Trata-se do art. 30, que dispõe o seguinte: É direito do torcedor que a arbitragem das competições desportivas seja independente, imparcial, previamente remunerada e isenta de pressões.

A arbitragem de Luciano Augusto Almeida no jogo de ontem não foi imparcial, independente e isenta de pressões. Foi previamente remunerada, como demonstrou o borderô divulgado pelo Atlético. Mas isso não garantiu a imparacialidade e a isenção do árbitro.

As expulsões de Adriano e Capone foram absurdas. O primeiro poderia ter recebido, no máximo, uma advertência com cartão amarelo. Capone, nem isso. Na euforia da vitória, essas coisas acabam ficando em segundo plano. Mas é preciso que a gente não aceite mais arbitragens com essa de Luciano Almeida.

Cariocas

Como eu disse, o passeio atleticano foi reconhecido até pelos cariocas, algo muito raro. Normalmente, eles atribuem as derrotas de seus times ao azar, à falta de interesse no jogo ou às más arbitragens. Pois a goleada do Atlético foi tratada de modo diferente. Os principais jornais e colunistas destacaram a ótima atuação do Furacão.

Destaque negativo apenas para o folclórico Apolinho, que escreve para o Jornal dos Sports. Foi o único jornalista a considerar boa a atuação de Luciano Almeida. Seu julgamento equivocado é confirmado por sua análise do jogo: para ele, o Atlético construiu a vitória graças aos espaços abertos no campo após as expulsões de cinco jogadores.

Apolinho é traído pelos fatos: o Atlético fez 3 a 1 quando ainda havia 22 jogadores em campo. O quarto foi marcado logo depois das expulsões de Váldson e Adriano. Os outros três só foram expulsos quando o placar já estava definido.


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