Marcel Costa

Marcel Ferreira da Costa, 45 anos, é advogado por vocação e atleticano por convicção. Freqüenta estádios, não só em Curitiba, quase sempre acompanhado de seu pai, outro fanático rubro-negro. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2008.

 

 

Vida que segue

12/03/2008


A eliminação atleticana na Copa do Brasil contra o Corinthians de Alagoas foi decepcionante, difícil de ser digerida e aceita por qualquer torcedor. Por este motivo preferi não opinar com a cabeça quente nos dias seguintes ao trágico jogo. O tempo é ótimo para este tipo de coisa, a raiva passa, a cabeça volta ao lugar e análises são mais coerentes.

Resultado como este da última quinta-feira, por mais vergonhoso que pareça não é tão incomum em uma competição eliminatória. Recordo do Palmeiras eliminado pelo ASA, do Flamengo e do Fluminense derrotados na decisão por Santo André e Paulista, do Coritiba eliminado pelo Treze da Paraíba e Vila Nova/GO, entre vários outros exemplos Brasil afora. Na semana passada, poderosos como Milan, Real Madrid, Manchester United e Chelsea foram surpreendidos e eliminados em competições de mata-mata. Os ingleses Machester e Chelsea perderam a classificação para Portsmouth e Barnsley, respectivamente.

Os exemplos citados acima não servem de justificativa para a humilhante eliminação atleticana, pois não podemos esconder nossos erros recorrendo aos tropeços rivais, mas explicam que isso é possível.

O Atlético manteve em 2008 a mesma base do ano anterior, salvo pela perda do ídolo Alex Mineiro que de passe livre mandou-se para o Palmeiras. Chegaram ainda Galatto, Rodrigão, Irênio e Wallyson. O goleiro ainda merece uma oportunidade de mostrar o seu talento que o fez destaque no Grêmio campeão da Série B em 2005, Rodrigão não acertou a pontaria e assim foi emprestado ao Vitória, Irênio ainda não se adaptou perfeitamente ao futebol brasileiro e Wallyson segue em recuperação no departamento médico. O treinador Ney Franco, competente, aproveitou o entrosamento do time e montou uma boa base para a temporada. O Atlético não era uma máquina, como alguns equivocadamente achavam, mas também estava bem longe de ser um time fraco. Era um bom time, entrosado e bem comandado, aí começaram os problemas.

O colombiano Ferreira era a estrela do time, o motorzinho que levava rapidamente a equipe ao ataque, repetindo o estilo de Adriano que conduziu o Atlético a muitas conquistas anos atrás. Com o contrato próximo do fim, seduzido por um caminhão de petrodólares, Ferreira se foi e dificilmente voltará, pois jogando metade do que jogava aqui, os árabes o contratarão em definitivo. A segunda baixa importante foi a inesperada saída de Jancarlos e neste caso a responsabilidade é de alguém dentro do Atlético que não atentou para o contrato do atleta. Erro grave do clube que perdeu assim um dos melhores laterais direitos do país, tanto que o São Paulo correu para contratá-lo (e tinha gente aqui que adorava criticá-lo). Por fim, saiu o Claiton. Esta perda afetou o time psicologicamente, pois o “Predador” exercia liderança sob o grupo e sem alma, não se forma um time vencedor.

De um dia para o outro aquele bom time que estava sendo formado perdia três importantes titulares, a estrela, o líder e o assistente. Os reservas imediatos tornaram-se titulares e novos jogadores da noite pro dia já estavam no banco tendo que substituir os antigos suplentes numa emergência. Qualquer criança que entenda de futebol percebeu que a qualidade do elenco já não era mais a mesma e o Atlético necessitava urgentemente de reforços. A diretoria sabia disso, mas também foi pega de surpresa pela saída do trio, Jancarlos por culpa dela mesmo, mas Claiton e Ferreira por culpa do poderio financeiro estrangeiro com o qual, infelizmente, o Atlético não consegue se igualar. Não tenho dúvida de que todos sabiam que era necessário reforçar, mas por obra do destino, fatalidades que acontecem no futebol, como já escrevi acima, o Atlético foi eliminado antes mesmo das contratações, da estréia de Wallyson, do time reorganizar-se com as perdas. E o mundo desmoronou para nós atleticanos.

Agora restou o Campeonato Paranaense. O Atlético continua com um time bom, nem excelente nem ruim, certamente mais fraco do que no início do ano, mas ainda aceitável, capaz de ser campeão estadual. Mas longe, bem longe de chegar no Brasileiro e conquistar uma vaga para a Libertadores da América. Como também poderia não chegar (e provavelmente não chegaria) sem ter perdido aquele trio se não reforçasse o elenco. A derrota de quinta foi dolorida, mas agora já ficou para trás e a vida atleticana segue. E já que perdemos para um time pequeno, que a vergonha desta derrota sirva para alguma coisa: o Atlético precisa se reforçar para o Brasileiro!


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