Jones Rossi

Jones Rossi, 46 anos, é repórter do Jornal da Tarde, em São Paulo, e um dos fundadores do blog De Primeira. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2008.

 

 

Valeu a pena vender o Claiton?

07/03/2008


A eliminação precoce na Copa do Brasil vai custar caro para o Atlético. É certo que vai perder receita da bilheteria dos jogos que faria se fosse até a final da competição e o dinheiro pago pelos organizadores e pela TV, assim como acontece na Libertadores à medida em que se vai avançando. Há outros prejuízos não tão fáceis assim de mensurar, mas que devem acontecer também, trazidos pela inevitável queda na visibilidade na mídia.

"Hoje em dia não há mais dúvidas que as receitas estão ligadas com a performance do time", afirma Rafael Plastina, gerente de marketing e novos negócios da Informídia Pesquisas Esportivas, empresa que presta serviços a quase todos os grandes clubes do Brasil, inclusive ao Atlético. "É um ciclo vicioso real: o time que está com mais vitórias chama mais atenção da mídia, dá mais ."

Deve haver também, segundo Plastina, uma queda na venda de produtos licenciados do clube. Mas os resultados concretos só serão conhecidos no final do ano, quando a empresa terá os dados de 2008 inteiro para analisar. "De qualquer forma, um clube bem gerenciado e bem administrado como o Atlético deve ter um plano B e C para segurar as receitas."

Eric Beting, colunista do jornal Lance! e do site Máquina do Esporte, também diz que não dá para estimar de quanto é a perda do Atlético com a eliminação na Copa do Brasil. Segundo ele, times como o Milan sempre projetam uma fase à qual devem chegar na Liga dos Campeões, como as quartas-de-final ou semifinais. A partir daí, é lucro. "O Atlético provavelmente não projetou ser campeão da Copa do Brasil, por isso o prejuízo não será grande neste aspecto. A diretoria do Atlético é bem precavida"

Mas Beting diz que certamente perderá o bônus que os patrocinadores oferecem pelos títulos - caso chegasse ao título - perderá parte do público no campeonato estadual, deve deixar de arrecadar com o plano de sócios e na venda de produtos. "O marketing está muito ligado ao desempenho no Brasil, tanto para cima, como para baixo, como no caso do Corinthians", explica o colunista.

"O Atlético foi vanguardista em vários aspectos, fez o estádio, o CT, mas tem um grande problema: está fora do eixo Rio - São Paulo." Outro problema apontado por Beting é que a construção do Centro de Treinamento foi baseado na venda de jogadores. "No Atlético se criou esta cultura, e até no próprio jogador, de uma saída rápida para um time do exterior."

Para o colunista, o Atlético "segue sendo pioneiro em várias áreas, mas precisa vencer a troca constante de jogadores. Precisa formar novos Oséias e Paulos Rinks, craques, mas identificados com o time. É preciso encampar alguns jogadores para fazer essa ponte com a torcida, dar cara ao time."

"Os clubes brasileiros - e não só o Atlético - agora têm a chance de brigar com os clubes estrangeiros. Claro que não com o Real Madri, com o Manchester, mas agora o dólar baixou, hoje os times brasileiros ganham mais de patrocínio de camisa que os times de Portugal. Óbvio que não dá para manter os Robinhos, mas os Kléber Pereira, os Jadsons, os Elanos, podem ser mantidos."

"Temos que lembrar que há uma eterna luta entre pagar as contas e manter o desempenho esportivo. Mas os times têm que começar a ser mais audaciosos. O Real Madri se tornou o time mais rico do mundo apostando em jogadores. Aqui vendemos um garoto como o Carlos Eduardo (ex-Grêmio-RS) para a segunda divisão da Alemanha, o que foi um absurdo. Uma hora o torcedor vai cansar."


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