Rogério Andrade

Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.

 

 

Desgraça pouca é bobagem

07/03/2008


Uma noite de festas, de fantasia, o reencontro com os amigos, os fogos de artifício, a magia do caldeirão. Estava tudo pronto para uma grande festa, mas o amistoso “podre”, de um time B “podre”, anunciava a desgraça. Não, não poderia ser. Aquele era o time reserva, o time do Rodrigão e do Michel. O jogo principal “estava no papo”.

E a noite se transformou, pouco a pouco, em uma noite de terror.

O Atlético perdeu o jogo, perdeu a confiança, perdeu para ele mesmo. Se acovardou diante do competente time alagoano. E o Corinthians de Alagoas jogou nos erros de um time de bundões, um time de calados, que consentiu o tempo todo que suas fraquezas estavam estampadas no rosto de cada atleta em campo. Este Atlético que jogou fora mais uma Copa do Brasil foi ridículo.

O torcedor atleticano não está mais desconfiado. O torcedor está convicto de que mais uma onda de desânimo e desmotivação bateu nos portões da Baixada. O torcedor, coberto de razão, está com uma família de pulgas atrás das orelhas. Ontem não era dia de cobrar R$ 30,00. Ontem era dia de aproximar o torcedor, de tentar unir as forças e promover algo em prol do Atlético. Ontem não era uma noite de TRINTA REAIS. Era uma noite em que a Baixada precisava estar lotada, cheia de energia. Tudo bem, com um amontoado dentro de campo talvez isso não fosse a solução... mas aos poucos mais e mais afastamentos serão criados. O torcedor, aos poucos, está se sentindo “fora do Atlético”.

Durante a semana eu vinha alertando que era necessária uma promoção para alegrar ou pelo menos consolar a torcida, tendo em vista os últimos acontecimentos, principalmente a saída de Claiton. Uma promoção traria mais alegria ao estádio, mas ver o Atlético tropeçar nas próprias pernas, com a Baixada incompleta, foi triste demais.

Mas é isso aí, o importante é o torcedor se associar, ou se acostumar a pagar “trintão”. O que importa é botar goela abaixo do torcedor um valor nojento para ver um time nojento. Não se preocupe, torcedor atleticano, quando o clube realmente precisar de você, te garanto que você será chamado para “salvar” o Atlético. Já viu esse filme? Ah sim, aí é uma boa fazer promoção de ingressos. Aliás, a receita de ontem deve ter sido fantástica! Parabéns a essas pessoas sensacionais que possuem o feeling da torcida do Atlético. Parabéns!

Você, torcedor atleticano, que esteve presente na eliminação humilhante do Atlético, já ouviu alguém dizer: “Eu não consigo entender como não existem 10 mil sócios em uma cidade tão grande como Curitiba”? Então vamos responder em coro: “Nós não conseguimos entender como se quebra tão fácil um planejamento”. “Nós não conseguimos entender qual é o verdadeiro objetivo do Atlético”. “Nós não conseguimos entender como um sistema demora tanto tempo para funcionar”. “Nós não conseguimos entender como se faz auditoria em algo que não existe”.

O resultado, tão temido, está aí. Aliás, estava na cara! Assim como muitas coisas estão aí, embaixo do nariz de muita gente. Só não enxerga quem não quer.


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