Ricardo Campelo

Ricardo de Oliveira Campelo, 44 anos, é advogado e atleticano desde o parto. Tem uma família inteira apaixonada pelo Atlético. Considera o dia 23/12/2001 o mais feliz de sua vida. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2011.

 

 

Hombridade

07/03/2008


Já vi jogadores piores que estes que proporcionaram ontem, ao Atlético, a maior humilhação de sua história. Certamente, já vi jogadores de qualidade técnica muito pior, numa época em que perder uma vaga para o Corinthians de Alagoas nem seria asism tão humilhante.

Entretanto, jamais vi no Atlético jogadores tão desinteressados, tão descomprometidos. Cada um querendo, tão somente, tirar os eu da reta. Tocando de lado, fazendo careta pra torcida quando seu companheiro perde a bola ou erra um passe. Nunca vi jogadores com tamanha falta de fibra, de vontade de vencer, de fazer valer o salário que recebem e que os permite a compra de chuteiras transadas e chamativas.

Custava alguém tomar iniciativa? Esbravejar, bater no peito, motivar seus companheiros? Era tão difícil um jogador tentar uma jogada mais aguda, pouco se preocupando se seria vaiado pela torcida corneteira em caso de erro? Seria pedir demais? Seria algo tão anormal ver um pouco de brio nestes que formavam, supostamente, um time de futebol, que recebem salários muito maiores que a maioria dos torcedores do Atlético? Que com menos de cinco anos de profissão já sentam a bunda num Audi A3 com suas calças Diesel e camisas Armani?

Se na pelada da turma do meu pai, disputada há décadas na Sociedade Hípica Paranaense, um jogador mostrasse essa falta de voltade, certamente ficaria com a orelha quente, e era capaz de tomar uma bordoada. Assim como tenho certeza que Claiton faria ontem, se estivesse em campo e visse a apatia de seus ex-companheiros. Aliás, ontem ficou muito claro que, não fosse a contratação de Claiton no Brasileirão passado - único jogador com culhões neste elenco -, estaríamos, sem dúvidas, rebaixados à segunda divisão.

Eu poderia falar sobre a falta de aptidão de alguns jogadores para o futebol. Poderia analisar se a Diretoria poderia ter feito um esforço para segurar Ferreira e Claiton. Poderia até divagar sobre se o "Predador", que jurou amor ao Atlético, não deveria ter ficado e aberto mão da proposta milionária. Mas hoje, só consigo falar da falta de hombridade que um time de covardes mostrou ontem na Arena da Baixada.

Ontem foi um episódio negro na vida do Atlético. Mas foi uma noite muito pior para estes jogadores. Eles não deixaram de honrar só a camisa do Atlético, mas também as próprias calças que vestem.


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