Jones Rossi

Jones Rossi, 46 anos, é repórter do Jornal da Tarde, em São Paulo, e um dos fundadores do blog De Primeira. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2008.

 

 

Por que dói tanto

07/03/2008


O futebol é legal por que, assim como livros, filmes, música, é muito mais do que ele aparenta ser. Futebol não é apenas 11 caras num gramado, assim como um livro não é apenas um amontoado de páginas. Aquilo que se vê em campo é algo muito maior, cheio de vários significados - alguns que nós mesmos não entendemos – que transformam o banal ato de chutar um bola em gol em algo próximo de uma experiência religiosa.

Por isso o futebol dói tanto, como um namoro que termina, como uma saudade de algo que não volta mais. O coração fica apertado de dor e fúria, de revolta e angústia e parece que não vai passar nunca. No futebol, as derrotas sem luta são pequenas mortes. Algo se quebra dentro da gente. É muito diferente de perder lutando.

A derrota contra o Corinthians de Alagoas doeu muito. A partir de 1995, os atleticanos compramos a idéia de que não seríamos mais humilhados, nunca mais sofreríamos derrotas para os anões do futebol. Seríamos os maiores da América. Quase chegamos lá. Mas os maiores da América não perdem para um clone do Corinthians.

Durante todos estes anos fomos convencidos de que não há melhor caminho para o Atlético, o que provou ser verdade com os resultados em campo. Mas talvez seja a hora dessa diretoria, que tanto soube convencer milhares a apoiar seu projeto de forma quase cega, aprenda a convencer seus 11 jogadores a comprar o mesmo projeto.

Um Atlético grande não se faz de loucuras, sabemos disso e talvez nenhuma outra torcida seja tão compreensiva quanto a nossa, mas precisamos de jogadores que tenham um pouco de sangue nas veias. Que fiquem com o coração apertado pelo Atlético. Porque às vezes esta dor é grande demais para agüentarmos sozinhos.


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