Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Vende-se

07/03/2008


Vende-se um time de futebol, nome: Clube Atlético Paranaense, fundado em 26 de março de 1924, sito à Rua Buenos Aires 1260, bairro da Água Verde, ali bem em frente à Praça Afonso Botelho. Aceitamos qualquer negócio e oferta, tendo dinheiro, é bem vindo!

Vende-se um clube que tem história e uma torcida apaixonada. Torcida tão apaixonada (e a paixão nos cega) que é capaz de acreditar em “Contos da Caroxinha” e nas lorotas que os comandantes do clube insistem em contar. Vendem-se titulares como Ferreira, Jancarlos e Claiton, mas em troca vem o ...o...o..., ah!, deixa pra lá!

Fazemos qualquer negócio para manter a boa imagem do clube, que tem o mais moderno estádio do hemisfério sul. Tudo bem, fomos eliminados das 3 (repito) TRÊS últimas Copas do Brasil em casa e dos dois últimos (repito) DOIS últimos estaduais também dentro da Baixada e com o apoio da torcida. Aliás, eliminados da “Kyocera Arena”, já que até o nome do estádio conseguimos vender!

Vende-se tudo, a imagem e o conteúdo. Por quaisquer milha$ de dólare$, alugamos o mais bem equipado e moderno CT do sul do mundo para que americanos venham aqui, façam pré-temporada e ainda tenham o prazer de nos vencer dentro de casa, com direito a olé! CT este, que não é capaz de fazer com que jogadores contratados (onde está Wallyson????) tenham condições de jogo antes mesmo dele estrear na principal competição do semestre.

Vende-se um time, cujas perdas já grandes serão ainda maiores depois da continuidade da política do barato que sai caro. Maior perda será quando o excelente Ney Franco, treinador fora do comum, fizer cair a ficha de que foi traído e cujo projeto se afundou ao menor dilintar de moedas.

Vende-se um clube que tem menos estaduais do que “eles”, que se intitula maior que “eles”, mas que detém um título nacional como “eles”. Vende-se um time, que se não tem um passado tão glorioso como outros, sempre teve uma torcida aguerrida, participativa, capaz de “virar” jogos e que sempre esteve ao lado de sua paixão. Uma torcida que provou mais uma vez, que o time não merece a torcida que têm!

Vende-se um time que é só negócio, cujo futebol se tornou um “negócio” na pior acepção da palavra. Vende-se junto uma paixão enlouquecida, dezenas de milhares de doentes e fanáticos pelo time, que cantam, rezam, choram e pagam absurdos R$ 30,00 por jogo para ajudar o time do coração. Vende-se um time onde as pessoas querem ficar sócias, pagar antecipado, mas que a incompetência os impedem.

Vende-se um time, cujo presidente de fato, mas não de direito, dirige palavras ofensivas a este humilde torcedor apaixonado e escriba. Este mesmo torcedor, que na condição de sócio adimplente GV inf 105, cadeira J119 solicita ao distinto presidente do Conselho Deliberativo, que convoque, com a máxima urgência, reunião para discutir as contas de 2006, fato que deveria ter ocorrido até 30 de abril passado e que reivindica que as eleições, abertas a todos os sócios em plenas condições de voto possam fazê-lo, seja marcada o quanto antes.

Houve uma “Era Petraglia”. Agora, “Já era Petraglia”. Obrigado pela leitura deste humilde texto de um torcedor apaixonado... mas cansado!


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