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Rafael Lemos
Rafael Fonseca Lemos, 49 anos, é atleticano. Quando bebê, a primeira palavra que pronunciou foi Atlético, para desapontamento de sua mãe, que, talvez por isso, tenha virado coxa-branca. Advogado e amante da LÃngua Portuguesa, fez do Atlético sua lei e do atleticanismo sua cartilha. Foi colunista da Furacao.com de 2007 a 2009.
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No dia 08/12/2007, publiquei uma coluna intitulada "Copa na Baixada: será mesmo a melhor opção?".
Transcrevo dela o trecho de fôlego que segue:
"... um time grande como o Atlético nunca tem diante de si um só foco ou um objetivo simples e singular.
Pois bem. Os homens que assumirão o Atlético a partir do inÃcio de 2008 terão à sua frente um caminho bifurcado e terão de optar por apenas um caminho, entendo eu. Diante da futura equipe de comandantes haverá duas possibilidades:
Dedicar-se à conclusão da Arena da Baixada com vistas ao Mundial de 2014, no Brasil, empregando para esse mister todos os recursos humanos e financeiros do Clube Atlético Paranaense – e, mais do que isso, aplicando, inclusive e principalmente, recursos tomados por empréstimo e que custarão caro demais ao Atlético, pois toda captação financeira é carÃssima (no caso especÃfico da conclusão da Arena da Baixada, a captação de recursos girará em torno de 55 milhões de reais);
Ou se dedicar a fazer futebol, com todas as forças e recursos – humanos e financeiros - aplicados, exclusivamente, para o futebol, tornando o Atlético competitivo no mercado da bola a ponto de poder repatriar jogadores que aqui fizeram a História e que hoje estão ao alcance de rivais bem menos estruturados como o Fluminense (que, especula-se, estaria trazendo Washington - o Coração Valente - e Jádson) e o Palmeiras que nos levou o Alex Mineiro.
Eis aqui apresentadas as duas estradas e eis que se apresenta o tempo de optar por uma dela já que ambas não poderão coexistir (e, repito, que tudo seja considerado à luz dos fatos como eles são, e não dos fatos como eles deveriam ser).
Analisemos a primeira hipótese. Se o Atlético optar pela conclusão da Arena da Baixada com vistas ao Mundial 2014, terá de sacrificar o futebol, montando e mantendo elencos do nÃvel deste de 2007 ou até mesmo elencos mais fracos. Assim, enquanto as obras da Arena avançarem, o time lutará por posições intermediárias em todas as competições e nenhum grande vôo poderá ser alçado e a gente sabe que o povão não irá reagir com paciência a esse estado de coisas. Os resultados minguados dentro de campo farão com que a massa se rebele contra os dirigentes que por sua vez se defenderão causando um atrito e um distanciamento que já provamos no inÃcio do brasileirão de 2004 e que nos foi tão prejudicial.
Agora a segunda hipótese. Se o Atlético fizer opção – imediata e integral – pelo seu futebol, poderá entregar-se todo – de corpo e alma – à s coisas da bola, investir pesado em contratações, competir com os rivais de outros Estados na aquisição de jogadores, repatriando – quem sabe - os grandes Ãdolos de nossa história recente, casos de Washington, Jádson e Fernandinho. Dono de um time forte e competitivo, não demorariam a aparecer no campo os resultados positivos do Atlético e, num cÃrculo virtuoso, mais resultados positivos gerando maiores públicos e maiores públicos gerando sócios, gerando Receita e gerando força.
E, na esteira de tudo isso, a construção da segunda fase da Arena da Baixada podendo acontecer naturalmente, sem a preocupação dos prazos estipulados para o cronograma de obras e reformas do Mundial 2014 e, mais do que isso, a construção da segunda fase da Arena da Baixada com recursos próprios, sem o endividamento assustador junto a instituições financeiras privadas, nacionais e/ou internacionais. Atlético com crescimento auto-sustentado, sinônimo de grandeza, de verdadeira independência, prova maior de soberania e de autodeterminação.
Passamos a construir nosso patrimônio, efetivamente, quando já tÃnhamos 75 anos de História, em 1999. Concluir a Arena é fundamental, mas não sei se devemos concluÃ-la a toque de caixa, sob a sombra do endividamento e sob o desamparo oficial. Concluir a Arena é fundamental, mas penso que devemos concluÃ-la dentro de nossa realidade (e a realidade é como ela é, e não como gostarÃamos que ela fosse).
Filio-me à segunda hipótese de pensamento, ao segundo caminho; mas, sobretudo, filio-me a todo atleticano que se dedique ao crescimento do Atlético e ao fortalecimento dessa paixão impossÃvel de explicar e que faz com que homens tão diferentes – Petraglia, Fleury e esse humilde Rafael – estejam lutando, ombro a ombro, todo dia, por toda a vida, em nome do Clube Atlético Paranaense!" (texto integral em http://www.furacao.com/opiniao/coluna.php?cod=1504).
Como disse na ocasião, e como ainda digo, filio-me à segunda hipótese; porém nossa Diretoria se filia à primeira e com certa razão posto que numa análise de futuro é de fato a escolha mais acertada na medida em que consolida um patrimônio duradouro e de grandeza inquestionável.
E como a opção mais sedutora foi a primeira - a conclusão da Arena da Baixada com vistas ao Mundial 2014 - teremos de sacrificar o futebol, montando e mantendo elencos do nÃvel daquele de 2007 ou até mesmo elencos mais fracos.
Enquanto as obras da Arena avançarem, o time lutará por posições intermediárias em todas as competições e nenhum grande vôo poderá ser alçado e a gente sabe que o povão não irá reagir com paciência a esse estado de coisas.
Os resultados minguados dentro de campo farão com que a massa se rebele contra os dirigentes que por sua vez se defenderão causando um atrito e um distanciamento que já provamos no inÃcio do brasileirão de 2004 e que nos foi tão prejudicial.
Infelizmente, parece que eu estava profetizando, pois o resultado - ou a falta dele - já está aÃ: fomos eliminados, em casa, mais uma vez, por um time que era para ser batido com facilidade.
Com todo o respeito ao valoroso time das Alagoas, mas não dá para acreditar no que aconteceu na Arena da Baixada nessa quinta-feira insólita.
E há pouco li nesta fabulosa página que é a Furacao.com:
"Após a eliminação na primeira fase da Copa do Brasil, depois de ser derrotado nas penalidades pelo Corinthians Alagoano por 4 a 3, nesta quinta-feira, na Kyocera Arena, o clima no vestiário do Atlético era de tristeza.
O técnico Ney Franco pediu desculpas à torcida atleticana e afirmou que o planejamento da equipe para 2008 foi desfeito. "A Copa do Brasil era a prioridade no primeiro semestre e nós não tivemos competência", afirmou, visivelmente frustrado com a precoce eliminação do time".
Destaco da declaração do Ney Franco: "O planejamento da equipe para 2008 foi desfeito".
Posso estar enganado, mas o Ney Franco está de saÃda e não vai demorar nem 15 dias!
Tomara que eu esteja errado, mas em 26 anos de Atlético consegui aprender muita coisa do mundo da bola e uma eliminação como essa costuma custar caro demais para o Clube.
Antes das saÃdas do Ferreira, Jancarlos e Claiton éramos os virtuais campeões do Paraná. Hoje, a realidade nos faz abrir os olhos pra gente enxergar que a bola murchou e muito.
Se a partir de hoje alguém não der uma porrada na mesa, corremos o risco de perder o Ney Franco e de perder até o estadual mais ganho da história.
Por conta da opção pela Copa no Brasil, perdemos mais uma vez a Copa do Brasil - perdemos, não; adiamos a conquista. Assim fica melhor, pois um dia seremos Campeões dessa - para nós encantada - Copa do Brasil.
Um dia seremos campeões da Copa do Brasil, mas duvido que antes de 2014, pois a escolha maior já foi feita: a conclusão da Arena da Baixada para a Copa do Mundo de 2014, mesmo que isso signifique botar em campo um time sem brilho, um time sem chances, um time sem bola.
Este Atlético em franco desmanche não empolga, não dá tesão, é burocrático, não dá felicidade!
Será assim até 2014. Oxalá consigamos ter em nós o dom da paciência e a graça da esperança. Vão ser 6 anos de empenho geral e de irrestrita resignação, mas sairemos fortalecidos. Estou certo disso, e não será fácil.
Mas pelo Atlético vale tudo, até se expor publicamente à gozação dos adversários como estou fazendo nesta coluna.
Reafirmo, sem medo de errar: um dia seremos campeões da Copa do Brasil, mas duvido que antes de 2014, pois a escolha maior é a conclusão da Arena da Baixada para a Copa do Mundo de 2014.
Sendo assim, que venham os seis anos de resignação - daremos conta do recado - e que tenhamos todos um Feliz 2015!
Sofrimento não é perder um campeonato: sofrimento é perder a esperança!
Tristeza não é ver o Atlético de fora: tristeza é se imaginar fora do Atlético!
Hoje, ainda mais atleticano do que nunca, termino a coluna pedindo a todos apenas UNIÃO!
Mas se alguém aà quiser dar também O SANGUE, A RAÇA E O AMOR será bem-vindo, afinal a construção do Atlético - nesses 84 anos - nunca se resumiu a tijolos.
Acorda, Atlético, pois hoje eu já perdi o sono (mas conservo a esperança).
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