Silvio Toaldo Júnior

Silvio Toaldo Júnior, 49 anos, é administrador, engenheiro mecânico e sócio furacão desde 2008. Sempre acompanhou o Atlético desde a época de vacas magras no Pinheirão e teve um sonho realizado em 2001 vendo ao vivo e a cores o Furacão ser campeão brasileiro.

 

 

Do céu ao inferno

29/02/2008


Como é difícil falar e escrever sobre o Clube Atlético Paranaense. Ainda quando eu enviava textos para o “Fala Atleticano” eu tinha a seguinte política: não escrevia quando o time vencia, não achava necessário, afinal de contas para elogiar tem um monte de gente para fazer isso. Só tentava alertar a mim mesmo e a meus amigos quando o time vinha mal das pernas, quando as coisas pareciam absurdas. Parece que o meu dom é escrever quando o Furacão começa a patinar no atoleiro. Não acho que o Atlético esteja em crise, muito pelo contrário, só que é melhor correr agora do que se lamentar depois.

Desde o dia 11 de janeiro, que foi o dia da minha estréia aqui no site, até aqui eu tive muito mais momentos de alegrias para escrever sobre o Rubro-negro, do que momentos de tristeza ou de alerta. Do dia 03 de janeiro que foi o dia da apresentação dos jogadores até o jogo contra o Jotinha na semana passada tudo era paz e felicidade, o time vinha jogando como um relógio. Tirando a saída de Ferreira, parecia que torcida, time, comissão técnica e diretoria falavam a mesma língua, estavam em plena sintonia.

Veio o jogo no Janguitão, as declarações do ex-capitão Claiton que tinha recebido uma ótima proposta do futebol japonês. A notícia caiu como uma verdadeira bomba no colo da torcida atleticana. A alma do time estava indo embora. Falo alma no sentido literal da palavra, a saída de Claiton não apenas tirou um atleta do elenco. A saída do Claiton fez o time perder a liderança e a motivação, perder raça e perder a vontade de vencer. O que aconteceu? Dois empates em dois jogos. A queda técnica do time ficou evidente, uma pena, mas começamos a retornar a um passado muito próspero. Tenho até medo de me lembrar do biênio 2006/2007.

O silêncio imperou pelos lados da Baixada durante mais de uma semana, a saída de Claiton fez o Atlético se fechar mais ainda no seu mundinho, a torcida estava ansiosa para que a saída dele não fosse confirmada. Nada disso aconteceu, na tarde/noite desta quinta-feira a diretoria se pronunciou com exclusividade através do site oficial e confirmou a saída do ex-capitão para um time do Japão.

Pelo menos agora sabemos o que o Atlético pensa. As explicações do presidente Petraglia não me surpreenderam em nada. Se não me engano desde 1995, quando ele assumiu, ele fala sempre as mesmas coisas. Já dei à mão a palmatória à diretoria no começo do ano, quando do anúncio do Sócio Furacão 2008, que até agora não saiu do papel, mas agora chega. Eles foram longe demais, estão tratando a torcida como verdadeiros palhaços. Depois vão reclamar que ninguém se associa, que a torcida atleticana é uma falácia. Não serei um sócio torcedor de Ferreira ou de Claiton, serei sócio torcedor do Atlético porque amo o Atlético, agora não sou burro de pagar para ver Michel e Rodrigão e outros “Geílsons e Taílsons da vida”, que não conseguem ao mesmo fazer uma apresentação convincente com a camisa do Atlético.

Na sua entrevista exclusiva o presidente Mario Celso Petraglia fala que o time não ficará fraco e que os jogadores não perderão a motivação. É bem isso mesmo que está acontecendo. Os dois empates já são reflexo do desmanche eminente que se aproxima. Em um outro trecho da entrevista Petraglia fala que seriam necessários 20 mil sócios pagantes para que o Atlético ficasse forte. Estão fazendo um desmanche generalizado e ainda querem convocar a torcida para se associar, eu não entendo isso, sinceramente eu não entendo. Só no Atlético a torcida tem que dar antes para depois esperar um time competitivo. Ficou mais que provado que se o time for competitivo a torcida vai à Baixada. Agora se forem se desfazendo dos melhores jogadores, podem esperar sentados que isso não vai acontecer. Concordo quando o presidente fala que não é hora de desespero, agora vamos esperar de braços cruzados tudo acontecer e depois começarmos a agir?

Não vou aqui instigar a torcida contra a diretoria, não tenho esse direito muito menos esse poder, só peço à diretoria respeito pela torcida atleticana, apenas isso. Se o plano de sócios já estivesse sido lançado mais de 10 mil torcedores já estariam na Baixada incentivando o time e com um pouco mais de esforço seria possível angariar novos sócios e segurar Claiton e Ferreira, mas não, o sistema ainda não funcionou.

A torcida atleticana jamais abandonará seu time de coração, mas espera no mínimo um retorno dentro de campo como vinha acontecendo até então. Com a palavra a diretoria atleticana, antes que o céu se torne um verdadeiro inferno.


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