Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Retroceder nunca...

29/02/2008


...render-se jamais. O primeiro sucesso do nanico Jean Claude Van Dame é um primor dos filmes “B”, clássicos de luta para lá de trash. Mas o ensinamento básico do título da película é interessante e me serve de base para mais este singelo e mal escrito texto. O Atlético parece ter avançado demais, parado no tempo e, agora, retrocedido.

Ainda ontem, após deixar a torcida ávida por informações oficiais durante toda a semana e de cabeça quente pelo tropeço na Copa do Brasil (me perdoem os simpáticos alagoanos, mas o Furacão tinha obrigação, se não de eliminar o jogo da volta, ao menos de ter ganho do Corinthians de lá) nosso mandatário mor nos deu a palavra através do site oficial. Outro parênteses: dizer entrevista exclusiva para o site oficial é de uma pequenez atroz, pois se só um jornalista, o do clube, é que foi contatado, logicamente teria exclusividade!

Mais do mesmo é o resumo das palavras de Mario Celso Petraglia. Investimos em patrimônio, que ao que parece não se sustenta por si só. O Atlético, pelas declarações da direção, tinha dinheiro para comprar um Gol, espaço para um Ford KA, mas comprou uma BMW que não cabe na garagem e não pode sustentar o altíssimo consumo de combustível. Estamos correndo como o cachorro atrás do próprio rabo, pois não se investe em futebol porque precisamos manter o patrimônio; aumentam o patrimônio, logo não sobra dinheiro para o futebol.

Não quero de forma alguma a volta aos tempos de vacas magras. Aquele papo dos saudosistas, do estádio de tijolinho, das Araucaria angostifolias no gols dos fundos, das camisas rasgadas, das meias furadas, do CAP de cimento ao lado do ginásio e da glória em se vencer um Atletiba no ano. As coisas mudaram e muito graças à visão competente, à severidade nas contas e administração dinâmica do grupo liderado por Petraglia. Liderado, friso bem, pois nem ele nem ninguém fizeram nada sozinhos. Se Jesus, filho direto do Senhor, teve 12 discípulos para lhe ajudar, não seria MCP que faria tudo sozinho!

Mas não podemos viver de discurso e de passado! O senhor, Presidente, lembrou dos times de 2001 e 2004 em sua entrevista. Lembra que o senhor era contra a vinda do Nem, nosso capitão máximo até hoje? Ele era da escola de Cilinho, de Telê Santana, criado no São Paulo, sabíamos de sua capacidade. Gabiru foi repatriado e todos nós o amávamos. O senhor foi contra a vinda de Souza, “fora dos padrões do Atlético”, mas sabemos como foi importante, decisivo. Custou caro? Valeu a pena ter um time competitivo em 2001?

E em 2004, Presidente? O melhor goleiro do Brasil, recém-eleito pela Placar, Diego, estava aqui. Fabiano voltou após ganhar dinheiro no Japão, Marinho havia saído do Grêmio e Washington era uma aposta clínica e física, pois era artilheiro nato, todos sabíamos de suas qualidades que inclusive o levaram à Seleção Brasileira. Marcão sim foi uma surpresa que brilhou ao lado da mais talentosa safra de jogadores que o CT formou, com Dagoberto em sua melhor fase, o polivalente Fernandinho e o fora de série Jadson.

Não é por acaso, senhores, que quando investimos em qualidade tivemos resultados. Não quero ter que viver de passado, de desculpas, de discurso. O Atlético vem se apequenando desde 2006, sendo eliminado em casa e só escapando da degola no Brasileiro graças à sua torcida, essa sim acima da média e que por mais chata que seja de vez em quando, ainda cobra pouco pelo tanto que dá ao clube.

Não quero, senhores, ser como são os coxas hoje. Time que se acha “grande”, tradicional, com uma estrela no peito, torcida numerosa, mas que vive de passado. Não quero ganhar aposta como alguns de meus amigos ganharam ano passado, quando do Atletiba na Baixada. Uma caixa de cerveja paga para cada atleticano e eles fizeram a festa (o churrasco foi rachado meio a meio), pois demos o empate para eles! Olha que dó, comemoraram como se fosse um título um empate conseguido a duras penas, com três bolas na trave e conseguido no último minuto.

Não quero retroceder. Não quero ter que engolir com farinha que o time do Atlético é tão bom, mas tão bom e bem montado, que somente nossos craques é que são visados pelo mercado externo, pois até agora não vi time de primeira divisão perder tantos titulares antes mesmo de terminar o primeiro campeonato do ano.

Presidente, o senhor que vive criticando a coisa do pensar pequeno, nos mostra a importância de captação de recursos, de conseguir sócios, de fidelizá-los, como os quer se sequer um time competitivo conseguimos manter? Pensamos grande, com força, pra frente porque assim nos foi mostrado ser o caminho certo. Nos foi mostrado por esta competente administração do Atlético! Ou ficamos somente no discurso? Sorte isso tudo estar acontecendo enquanto ainda é possível arrumar o prumo, pois a insistência em política burra do barato que sai caro, nos custou os dois últimos estaduais sendo eliminados por times mais fracos dentro de casa, duas eliminações na Copa do Brasil para times que poderíamos vencer e de novo em casa e um turno bizarro, beirando o rebaixamento e um returno de recuperação, muito melhor que o primeiro no Brasileiro da Série A.

Ainda há tempo, antes que o retrocesso se torne imperioso e inevitável.


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