Rafael Lemos

Rafael Fonseca Lemos, 49 anos, é atleticano. Quando bebê, a primeira palavra que pronunciou foi Atlético, para desapontamento de sua mãe, que, talvez por isso, tenha virado coxa-branca. Advogado e amante da Língua Portuguesa, fez do Atlético sua lei e do atleticanismo sua cartilha. Foi colunista da Furacao.com de 2007 a 2009.

 

 

Adeus, Amigos!

28/02/2008


Rogério Andrade foi quem me trouxe ao site Furacao.com, em abril de 2007. Aceitei o convite de ser colunista como sendo o ápice da carreira, iniciada em janeiro de 2004 no espaço “Fala, Atleticano” e que passou também pelo saudoso RubroNegro.Net, do meu amigo Franco. De janeiro de 2004 até este fevereiro de 2008, que ora vive seu ocaso, escrevi umas 160 colunas, talvez mais ou menos, nunca parei para contá-las, como também nunca parei de contar histórias.

Todas as colunas somadas nunca me renderam nem um centavo sequer. Nunca recebi um real que fosse em troca dos textos, nunca recebi vantagem alguma, contudo fiz milhares de amigos e alguns inimigos, infelizmente, como sói acontecer com quem escreve sobre assunto tão apaixonante que é o futebol.

Nunca recebi nem um centavo sequer e por isso fui sempre muito cobrado pelos amigos mais próximos, pela Família, pelos chefes e até por ex-namoradas: achavam um absurdo eu escrever sem ganhar o famigerado dinheiro como retribuição. Explicava-lhes que escrevia por amor e recebia como resposta a ironia dos que insistiam em retorquir-me “Você é um romântico!”, querendo dizer, na verdade “Você é um burro, Rafael! Quem trabalha de graça é relógio e talvez nem isso, pois a gente tem de botar pilha nele!”.

E eu ouvi – sem dar bola – toda essa crítica, toda essa grita e continuei escrevendo textos em prol do meu Clube Atlético Paranaense - time que sempre amei, com uma intensidade só vista nas grandes paixões de que a Humanidade teve notícia. Entre mim e o Atlético há um amor indescritível, inenarrável, imensurável e inacreditável.

Mas hoje ocupo este espaço para comunicar aos meus amigos-leitores que estou saindo do site Furacao.com. Recebi uma proposta financeira irrecusável do site www.coxanautas.com.br e para lá me mudei, tornando-me o mais novo colunista dentre eles. O fato até nem é inédito, posto que o site oficial do Clube Atlético Paranaense, há tempos, abriu espaço nobre para o Carlos Alberto Pessoa, coxa-branca doente e tricolor carioca assumido, publicar sua coluna semanal.

Sendo assim, peço aos amigos-leitores que acessem www.coxanautas.com.br para prestigiarem o meu texto de estréia chamado “Garrincha era um Mané: Keirrison já é maior do que o Pelé!”, onde exalto as qualidades futebolísticas do cracaço citado e ainda exalto outros gênios absolutos da bola: Pedro Ken e Henrique Dias – esses qualificados por mim, respectivamente, como novos Gérson e Tostão, da Seleção de 70.

Eu só queria esclarecer que eu continuo atleticano, fanático, daqueles de beijar o escudo do Clube e jurar amor eterno ao Furacão! Entretanto, pintou uma proposta de um site concorrente, o www.coxanautas.com.br. Houve um contato e uma proposta que é interessante pela idade que eu tenho, afinal já estou com 32 anos.

Sempre falei – e escrevi - que a minha vontade era ficar aqui no www.furacao.com o resto da minha vida, mas temos que ter discernimento para saber que envelhecemos e as coisas ficam complicadas. Quis até esperar uma conversa com o pessoal aqui do site, pra ver quanto eles podiam me pagar para amar o Atlético, mas como ninguém me procurou, resolvi escrever sobre o Coritiba, afinal tenho que fazer meu pé-de-meia.

Mas olha: eu amo o Atlético e amo sua torcida! Prometo voltar um dia para encerrar a minha carreira aqui no www.furacao.com. Mesmo que eu esteja velho, com mal de Alzheimer, com artrite e artrose pelo corpo inteiro, eu volto.

Quando eu estiver no bagaço, a ponto de ser jogado no lixo de tão inútil, eu volto, afinal: eu amo o Atlético, amo sua torcida e amo este site! Mas agora que sou jovem, quero ganhar dinheiro, por isso vou escrever para o www.coxanautas.com.br, lá eles me pagarão, farei meu pé-de-meia, até porque tenho discernimento.

Não fiquem zangados: amo o Atlético, mas o Coritiba vai me encher de dinheiro e isso é o que vale!

Sem ressentimentos, abraços a todos e acessem www.coxanautas.com.br hoje com o meu texto de estréia “Garrincha era um Mané: Keirrison já é maior do que o Pelé!”. Amanhã, publicarei: “O genial Lela fazia tanta careta que hoje seu filho Richarlyson tem medo de bu...zina!”.

Afetuosamente,

Rafael Lemos


P.S.: ¹ A coluna que publiquei no último dia 25, “A partida do Capitão Gancho”, gerou quase uma centena de e-mails. Respeito, por princípio, todas as opiniões que me foram endereçadas pelos distintos leitores e friso: respeito as opiniões contrárias que me foram enviadas e seus respectivos autores, porém desprezo os xingamentos gratuitos e seus autores, indivíduos incapazes de construir um só argumento plausível em oposição ao que escrevi. As mensagens anônimas também são desprezadas e desprezíveis, pois anonimato é coisa de gente covarde.

Muitas mensagens tiveram o mesmo argumento: “O Claiton fez muito pelo Atlético e ele tem o direito de, como profissional, mudar de clube e ir ganhar mais dinheiro noutro lugar”.

Faço aqui minha réplica. Em primeiro lugar, o Atlético não deve nada ao Claiton, muito pelo contrário: Claiton veio apagado e em baixa para o Atlético e foi o Atlético quem o retirou do ostracismo, pois o atleta estava alijado do grande circuito do futebol brasileiro. Estava por baixo.

Daí estreou no Atlético e – depois de um bom tempo – brilhou com a nossa Camisa e recobrou a notoriedade perdida. Daí, nos braços da Nação Atleticana, passou a jurar – aos quatro ventos – seu amor incondicional ao Clube, sua paixão e sua fidelidade – tudo sempre eterno e em altas doses, friso! Ocorre que todo esse amor se dobrou a uma generosa oferta estrangeira. Solução: aceitar correndo a proposta, mas, pra não ficar tão feio na foto, continuar – da boca pra fora – com as juras de amor ao Atlético!

Penso o seguinte: se tivesse chegado na miúda, jogado a bola que tinha pra jogar, recebido a proposta financeira tentadora e aceitado, tudo bem! Seria um profissional – que sempre agira como profissional – transferindo-se de empresa, digamos assim.

Mas, não! O Claiton chegou – numa situação adversa, pois andava defenestrado do mundo da bola – e daí resolveu sair jurando amores eternos para seduzir a torcida do Atlético que, todo mundo sabe, é passional por natureza. Espertão, o Claiton saiu jurando amores e raças pra cair nas graças da torcida e caiu! O cara era o capitão do Furacão 2008, time até poucos dias avassalador.

Só que na primeira proposta de encher os bolsos, o capitão deu linha na pipa e deixou o Atlético – a quem jurara amor eterno – na mão! Se o Claiton nunca tivesse vindo a público para se declarar ao Atlético até que dava pra tragar a saída dele, da forma em que se deu. Mas, depois de personificar a raça atleticana e de virar símbolo de um time que ruma para a conquista do Estadual 2008, querer sair de fininho, assobiando, não dá para aceitar!

Torcedores me escrevem “Rafael, o Claiton não tem direito de ganhar mais dinheiro?”.

Em resposta, lanço a esses torcedores as seguintes questões: Amigos, e o Atlético? O Atlético não tem direito de ser campeão paranaense e da Copa do Brasil 2008? Por que alguns de vocês reconhecem tantos direitos na conduta do Claiton, e não querem enxergar que o Clube Atlético Paranaense também é sujeito ativo de direitos?

A saída do Claiton, que alguns aceitam como coisa normal, já impactou dentro de campo, pois ontem não passamos de um empate medíocre contra um time que, histórica e tecnicamente, está muito aquém de nós.

A saída do Ferreira, que alguns aceitaram como natural, já impactou dentro e fora de campo, pois aquele entusiasmo que havia em janeiro, quando do anúncio do Sócio-Furacão 2008, já não existe mais ou, pelo menos, arrefeceu consideravelmente.

Claiton ao optar por seu pé-de-meia jogou um balde de água fria na massa atleticana e é isso que a gente já começa a ouvir pelas esquinas, no Café da Boca, no átrio do Tribunal de Justiça e até nos corredores dos prédios públicos e privados por que andamos.

Jamais vou me nomear dono da verdade, mas, parece-me, neste caso, que o Atlético acabou rendendo uma boa grana ao Claiton, que foi parar no Japão, porém o Claiton acabou impedindo o Atlético de arrecadar uma boa grana na medida em que o time já não empolga como há 15 ou 20 dias.

P.S.:² A história de escrever no www.coxanautas.com.br é pura ficção. Minha organização cromossômica me impede – GRAÇAS A DEUS – de ser coxa-branca, pois carrego comigo os seguintes elementos, em puríssimas doses e composições:

DNA = DEVE NASCER ATLETICANO;
RNA = RAFAEL NASCEU ATLETICANO;
CAP = CARA, ATLÉTICO É PAIXÃO!

P.S.:³ Não existe riqueza - neste e noutros mundos - capaz de fazer um atleticano, de verdade, afastar-se do Clube Atlético Paranaense! É fácil usar a Camisa do Atlético Paranaense; difícil é vesti-la. É fácil usar a Camisa do Atlético Paranaense; difícil é merecê-la. É fácil beijar a Camisa do Atlético Paranaense; difícil é amá-la, pois o amor ao Atlético exige corpo e alma: e só quem nasceu para ser Atleticano consegue ter corpo e alma capazes de envergar e honrar o sagrado Manto Rubro-Negro!


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