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Eduardo Aguiar
Eduardo Aguiar, 51 anos, é jornalista e filho de um coxa-branca (ainda bem que existe a Teoria de Darwin, sobre a Evolução das Espécies!). Foi colunista da Furacao.com entre 2002 e 2006.
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Os dois lados da moeda
15/05/2003
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É engraçado como nós brasileiros agimos em relação ao futebol. Sobram palpites, críticas, dicas, opiniões. Se vamos a um churrasco, dá-lhe falar de futebol. Casa de parentes? Futebol. O cafezinho no intervalo do serviço vira um atletiba verborrágico.
E todo mundo acha ou melhor, tem certeza que está com a razão. Até o maior perna-de-pau da paróquia crê que sabe tudo sobre tudo: jogadores, clubes, Seleção Brasileira, Barcelona ou Íbis.
Boa parte da torcida atleticana, por exemplo, tem certeza absoluta de que o Atlético vive uma fase horrorosa, e que a culpa de tudo é do Petraglia, "aquele ditador, desagregador, que se acha um Deus". Estes têm como certo assim como dois e dois são quatro que houve um desmanche injustificável, com as saídas de Flávio, Gustavo, Cocito, Fabiano, Kléber, Alex Mineiro... E que as contratações foram todas equivocadas. "Um absurdo!"
Outros atleticanos defendem apaixonadamente uma tese totalmente oposta: no ano passado, após o título de Campeão Brasileiro de 2001, o Petraglia, "o nosso salvador da Pátria", manteve praticamente todos os jogadores no elenco inclusive os acima citados. Resultado: uma participação de dar dó na Libertadores da América, resultados vexatórios, um 5 a 0 fora de casa que acabou virando 5 a 5 com direito a peru do Flávio e tudo o mais... E lembram que o mesmo time fez um papelão também no Campeonato Brasileiro do ano passado. E que o certo, então, era mesmo "rodar" o time e colocar a piazada para jogar, apostar na prata da casa Jean, Ivan, Dagoberto, Ilan, etc etc etc.
Não sei quem tem mais ou menos razão porque, no fundo, as duas correntes defendem versões que, em tese, podem ser consideradas verdadeiras.
O problema é que, como "senhores da verdade", às vezes alguns defendem suas teses com tanta veemência que não admitem opiniões contrárias.
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Isso tudo é fruto da paixão que os torcedores sentem pelo Atlético todos, claro, querem o melhor para o clube.
Mas essa sentimento que nós, brasileiros, temos por nossos times de coração, me faz lembrar aqueles casais que vivem brigando, xingando um ao outro, dando escândalos, mas nunca se separam.
É diferente da paixão dos argentinos por seus clubes. Lá os torcedores os defendem e os apóiam independentemente de fatos casuais ou situações momentâneas. Estão sempre incentivando os jogadores, mesmo que o time esteja perdendo e que seja formado por "Ivans", "Ilans", "Dagobertos", "Alessandros" ou "Rogérios Corrêia".
Quando nossa torcida for um pouco mais "argentina", e menos reclamona, o Atlético será muito mais forte.
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