Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Na história

18/02/2008


Sinto-me uma pessoa privilegiada. Não só pelos excelentes amigos que tenho, que independem das cores clubísticas, pela família, em especial minhas sobrinhas que tanto amo, minhas afilhadas (fiquei para tio mesmo!), como pelo rugby, pelo futebol, enfim, por pequenas coisas que fazem da minha vida algo grandioso. Sabedor que somos pequenos grãos de areia num deserto, que nossa existência nesse plano terreno é como uma gota no oceano, procuro valorizar cada momento da vida, sabendo que em geral serão únicos.

Assisti aos lances geniais e fora do comum de Michael Jordan na tv, o maior jogador de basquete da história. Em frente à telinha, vi também a ascensão do espetacular Maradona, o maior jogador da minha geração. Ainda que no final da carreira, pude ver Zico jogar, o mais completo brasileiro a que tive o privilégio de assistir. Numa época mais recente, Tony Hawk era o ídolo máximo do skate, tendo sido o cara que revolucionou o esporte. Dos cinco títulos mundiais do Brasil, vi de cabo a rabo as conquistas das Copas de 1994 e 2002 e as maiores glórias do vôlei nacional são do meu tempo. Eu os vi atuando, alguns ao vivo, guardados para sempre na minha memória. Sinto-me privilegiado!

E quando falamos de Atlético, sinto isso ainda mais latente. Ainda pertenço a uma época em que o coxa era maior, principalmente na minha infância, quando a molecada gostava de torcer para o time recém campeão brasileiro, em que os atleticanos não tinham lá muito orgulho do time e parecíamos ainda menores perante eles. Sofri, e até por isso comecei a (metido como sempre) andar com o pessoal mais velho. E graças a eles, que ainda tinham na retina as defesas milagrosas de Roberto Costa, os Atletibas e jogos contra o popular Colorado com o Couto Pereira lotado, eles que haviam visto a fenomenal campanha de 1983 e o quase título brasileiro, que viram o recorde de público do Alto da Glória se eternizar em nosso poder, me catequizando cada vez mais atleticano. Obrigado eternamente, Gerson, Everton, Adriano e Nico.

Tive que ver a hegemonia do “primo rico” Paraná Clube, escutar “sem terra” dos coxas durante anos e me divertir sobre o motor do Interbairros II batucando no teto para junto de mais umas 1.500 testemunhas ver o meu Atlético jogar às quartas à tarde. Pequenos momentos, mas que a cada vitória do meu Atlético valiam a pena.

Sábado estive fazendo parte da história. Na agradável noite no interior do Paraná, por ironia atrapalhado pelos mesmos postes, sendo visto pelas mesmas cadeiras, olhando para as mesmas arquibancadas que me lembro abandonadas não fosse a pequena manutenção que membros da Fanáticos faziam no antigo Joaquim Américo, estive fazendo história. Uma pequena parte da história dessa instituição apaixonante, octogenária chamada Clube Atlético Paranaense. Mesmo que humildemente, como um simples torcedor, no grito, na raça, suando e girando a camisa, cantando como louco, bebendo como poucos, estava lá dando minha pequena parcela de contribuição à história.

Sou pequeno, posso pouco representar, mas faço meu grito solto com alma, com coração ecoar por onde vou quando visto o manto sagrado rubro-negro. Nem melhor nem pior do que o time lendário de 1949, esse é o Atlético que sentimos unido, coeso, forte, batalhador. Esse Atlético é a cara do seu torcedor! Logicamente queremos o título e mostramos que temos capacidade para tal. Mas a fórmula é traiçoeira e, numa tarde infeliz, num deslize qualquer, até mesmo num erro de arbitragem podemos colocar tudo a perder. Mas este time já fez história, e aconteça o que acontecer está eternizado na minha mente e no meu coração.

Sei que sou um grão de areia num deserto, um pingo d´água num oceano se comparado à vida, à existência humana. Mas momentos como os vividos ao lado da minha paixão que é o Atlético Paranaense fazem cada minuto dela valer a pena, cada momento ser eterno e para sempre serão lembrados. Eu fiz história ao lado do meu Atlético.


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