Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Responsabilidades

15/02/2008


Dia desses escrevi sobre o fato de cada vez mais as pessoas fugirem de suas responsabilidades, bem típico do modus operandi do mundo atual, cada vez mais individualizado, cada um pensando somente em si e azar do resto. Uma pena, pois hoje em dia sequer a novela das 8 começa às 8 e cada um vê o que bem entende dentro do próprio quarto, ao contrário da reunião noturna familiar de tempos atrás.

Há uma questão que poderia parecer secundária se não pudesse trazer problemas, como provavelmente trará: os ingressos para a torcida atleticana na partida de sábado, quando o Atlético poderá igualar um recorde de mais de meio século na bela cidade de União da Vitória.

Além de não cumprir o que reza o regulamento no tocante à carga de 10% do total, que corresponderia a mais 400 ingressos (aumento de 50% em relação à carga atual) o clube peca ao disponibilizar tempo rarefeito para sua venda e principalmente a majoração em 100% no preço da torcida visitante.

Entrei em contato com pessoas ligadas à Associação Atlética Iguaçu, clube que guardo no coração com carinho pelo fato de ter sido o que meu pai encerrou a carreira como jogador e iniciou a de treinador no final da década de 70, com algumas outras boas passagens posteriormente. Lamentavelmente a pessoa que me atendeu disse concordar com a majoração, justificando que “ ano passado quando a torcida do iguaçu foi até a arena da baixada, os ingressos cobrados da torcida visitante foi de 40 reais e pagamos sem reclamar, pois respeitamos o que a diretoria do CAP aplica para os visitantes.” (sem correções deste escriba)

Além de assassinar a língua mater, o interlocutor mostrou exatamente aquilo que eu temia: a má fé do clube. Aproveitando-se da motivação natural e inerente da nação atleticana, o clube iguassuense pretende encher o cofre às nossas custas. Obviamente não ficarei mais pobre do que já sou por R$ 10 de diferença, mas é bastante clara a intenção da direção do clube interiorano ao cobrar pelo mesmo produto/serviço o dobro do que cobra para a sua torcida, imitando o que infantilmente o clube das diversas vilas, camisas multicoloridas, o único tricolor de duas cores faz em seu puxadinho à beira do Rio Belém.

Lembro que ano passado, e em todas as outras competições, o Atlético cobrou do adversário exatamente o mesmo preço que cobra de sua torcida. Caro? Na minha opinião sim, mas ao menos faz o que é justo, isonômico e dentro da lei. Não discuto o fato do Iguaçu aproveitar a situação e fazer entrar mais dinheiro em seu caixa, pois o Atlético é uma atração por onde passa, ainda mais no defasado e cansativo certame estadual. Ainda mais existe a motivação sobre o recorde de 1949, no time que nos deu a alcunha que tanto amamos, ainda que tenham “sorteado” Herber Roberto Lopes, que na pior das hipóteses leva um tremendo azar quando apita jogos do Furacão. Mas que a AA Iguaçu cobrasse o que vale o espetáculo, sei lá R$ 15, R$ 20, talvez R$ 30 para um jogo com expectativa de casa lotada. Mas que cobrasse isso de todos!

O que exijo aqui são a competência e dinamismo dos órgãos responsáveis por fazer valer as leis e aplicar as sanções cabíveis para que possamos viajar à hospitaleira e querida União da Vitória já sabedores de que a justiça será feita. Que ainda hoje pela tarde o Procon, o Ministério Público, a Federação Paranaense não fujam de suas responsabilidades e se comuniquem de maneira oficial e eficiente com os torcedores.

E que amanhã a PM esteja devidamente preparada e atenta, pois o excessivo número de atleticanos que vai se deslocar para ver o jogo, além dos rubro-negros da própria União da Vitória, terão pouco tempo e espaço para adquirir suas entradas (que espero a R$10) e não ficaria nada bem termos problemas ou tumultos num jogo que pode ser histórico (repito, apesar do apito sorteado), numa cidade tão querida e que tão bem sempre nos acolheu. Porque depois fica fácil dizer que a torcida do time da capital chega arrepiando e fazendo baderna na pacata cidade do interior.

Queremos pagar o justo, torcer em paz, beber (e muito) fazer amigos e ver nosso Furacão bater mais um recorde. Sem fugir de nossas responsabilidades, mas cobrando as responsabilidades a quem couber.

O que começa errado tem uma enorme chance de terminar errado!


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