Silvio Toaldo Júnior

Silvio Toaldo Júnior, 49 anos, é administrador, engenheiro mecânico e sócio furacão desde 2008. Sempre acompanhou o Atlético desde a época de vacas magras no Pinheirão e teve um sonho realizado em 2001 vendo ao vivo e a cores o Furacão ser campeão brasileiro.

 

 

Fazendo comparações

14/02/2008


Desde o dia do nosso nascimento somos comparados a alguém ou a algum tipo de coisa. Pelos gestos, pelo rosto ou por um simples sorriso. Quantas vezes ouvimos aquela tia do interior falando assim: “Nossa, ele não tem cara de nada, com quem ele vai se parecer?” E essa comparação vai aumentando à medida que o ser humano cresce. É incrível como as pessoas têm a facilidade de nos comparar ou comparar os outros a este ou àquele artista da novela, a um jogador de futebol ou a algum político safado. Essa sina acompanha ricos e pobres, gordos e magros, feios e bonitos, brancos, negros e pardos.

Não são apenas as pessoas que têm o dom de serem comparadas. Objetos, ruas, carros e principalmente clubes de futebol são comparados diariamente. Concordo que uma comparação, quando bem feita, serve de parâmetro para sabermos se estamos indo bem ou mal em nossas atividades, sejam elas na faculdade, no cursinho de inglês ou até mesmo numa simples aula de violão.

Mas quando a comparação não é levada a sério, ela pode ser perigosa. Temos que saber discernir quem é quem nessa comparação e saber se quem está fazendo a comparação é digno para tal. O assunto que está dando “pano pra manga” no momento é a comparação que alguns repórteres e jornalistas insistem em fazer entre o Furacão de 1949 e o Furacão de 2008.

Como deixar de comparar o verdadeiro Furacão de 49 com o Furacão de 2008? Dizem (naquela época nem meu pai era nascido) que aquele time de 49 era fantástico, tanto que deu origem ao apelido que hoje sustentamos com muito orgulho. O time de 2008 tem tudo para entrar para a história do Clube Atlético Paranaense e jamais teve a intenção de apagar a história dos verdadeiros donos do apelido Furacão. Podemos comparar números e fazer estatística. O que não podemos fazer é comparar valores, se este ou aquele time era melhor, se este ou aquele jogador era mais bem preparado, tem mais categoria que fulano ou beltrano ou se o capitão Nilo Biazzetto (1949) tinha mais liderança e carisma que o capitão Claiton (2008).

Acho uma tremenda sacanagem jogarem os ídolos do passado contra os jogadores do atual elenco ou até mesmo contra a torcida do rubro-negro. Colocar matérias em jornais com entrevistas de jogadores do Furacão original, falando que este time de 2008 não é digno nem de trocar as chuteiras daquele time como fez a Gazeta do Povo, no dia 08/02/2008 em sua edição impressa, não é trabalho de profissionais sérios. Acho isso covardia, é destratar a gente rubro-negra, é querer ser mais real que o rei. É subestimar a inteligência da torcida atleticana que não pode cair nesse tipo de armadilha.

Estou falando apenas dessa comparação ridícula que tentaram fazer, antes disso, quando da indicação da Kyocera Arena para ser o estádio de Curitiba para a Copa do Mundo de 2014, a própria Gazeta fez um quadro comparativo entre a Baixada e o elefante branco do Pinheirão. Isso é trabalho de pessoas sérias? E se não fosse a Baixada a escolhida, eles iriam comparar o estádio dos verdes e dos menos favorecidos economicamente com o Pinheirão? Existe algum tipo de represália contra o Atlético? Infelizmente, os bons jornalistas pagam pelos maus, ou seja, o clube fechou as suas portas para a imprensa e os torcedores ficam à mercê de especulações.

Querem mais uma? Dias atrás foi feito outro quadro comparativo (como eles gostam desta ferramenta) com as distâncias que cada clube da capital teria que percorrer pelo interior e “descobriram” que o Atlético estava com um desempenho melhor no Estadual porque sairia da capital por apenas quatro vezes, os verdes por cinco vezes e os tricolores por seis vezes. Acontece que no dia em que saiu a matéria, Atlético e Coritiba tinham percorrido as mesmas distâncias, ou seja, viajaram para Cambé e para Paranaguá para enfrentar o CAC/Lusa e o Rio Branco, respectivamente. Ingenuidade ou má vontade? Fica aqui a questão para a torcida atleticana responder.

Enalteço e agradeço o Furacão de 1949. Da mesma forma enalteço e aplaudo o time de Ney Franco que deverá igualar esse importante recorde. Mas se isso não acontecer, Vinicius, Jancarlos, Danilo, Antonio Carlos, Rhodolfo, Netinho, Valencia, Claiton, Irênio, Willian, Marcelo Ramos e seus colegas do elenco estarão, de qualquer forma, guardados nas lembranças do verdadeiro torcedor atleticano, pela garra e pela força de vontade que mostraram nessas dez primeiras rodadas do Paranaense 2008.

De qualquer forma números são números e cada qual na sua época aumenta a história atleticana, não podemos jamais esquecer dos ídolos do presente e do passado, pois eles passam e o que fica é a história que eles próprios construíram com o manto sagrado rubro-negro.


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