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Marcel Costa
Marcel Ferreira da Costa, 45 anos, é advogado por vocação e atleticano por convicção. Freqüenta estádios, não só em Curitiba, quase sempre acompanhado de seu pai, outro fanático rubro-negro. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2008.
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Enquanto o Campeonato Paranaense não chega na fase que realmente interessa e a Copa do Brasil não começa, o principal assunto do noticiário atleticano tem sido a possibilidade de igualar o recorde do Atlético de 1949 apelidado de Furacão. Os números ganharam destaque no cotidiano do rubro-negro paranaense, então trato de alguns deles nesta coluna.
1
Uma vitória separa o Atlético de 2008 do de 1949 por mais absurdo que isto seja seja, afinal é despropositada e incoerente qualquer tipo de comparação entre times de duas épocas tão distantes. As campanhas podem ser parecidas, com o mesmo número de vitórias consecutivas, mas nem mesmo os resultados se repetem. Imagine então esquentar a cabeça para definir qual time é melhor, como equivocadamente tentou fazer a Gazeta do Povo. As épocas são outras, o futebol mudou seu estilo, perfil e fica impossível qualquer tipo de comparação entre as equipes. Vencendo sábado, o Atlético atual equivale-se em vitórias consecutivas em um campeonato paranaense ao de 1949, muito bom igualarmos este recorde, melhor ainda superá-lo, pois isso ficará para sempre registrado na história, mas dizer que este ou aquele foram melhores é forçar a barra.
3
Os três zagueiros atleticanos merecem destaque neste início de temporada. Não me lembro de uma zaga segura como a atual defendendo as cores do clube. Tradicionalmente o Atlético joga um futebol ofensivo, com muitos gols pró, mas também vários gols contra. Assim fomos campeões brasileiros em 2001, vice-campeões em 2004 e em tantas outras campanhas vitoriosas ao longo dos anos. Não satisfeitos em proteger a meta atleticana, o que fazem com maestria, destacam-se na marcação de gols. Ao lado de Antonio Carlos e Rhodolfo, Danilo recuperou o bom futebol de 2005 quando atuou com outro excelente zagueiro, Paulo André.
2/6
Netinho é meio campo, assim destacou-se no Náutico e no Atlético em 2007, conquistando a posição de titular. Com a ausência de boas opções na lateral esquerda, o catarinense foi deslocado para esta posição pelo treinador Ney Franco. Mesmo adaptado, Netinho está rendendo bem, tendo feito sua melhor partida no ano contra o Paranavaí com a camisa 6. Na lateral direita, Jancarlos parece estar recuperando o futebol que o consagrou no Atlético em 2005 e 2006. Com boa condição física, passe qualificado e excelentes cruzamentos que resultaram em seis assistências para gol no campeonato, finalmente deixou de ser alvo predileto de parte da imprensa e corneteiros pouco pacientes com os laterais, justamente aqueles que jogam mais perto da torcida.
8
A camisa 8 do Atlético parece cair em Claiton como sua segunda pele. Guerreiro, vibrante e inteligente, o capitão atleticano conquista a torcida com seu caráter e disposição. Não bastasse isso, joga cada dia melhor, transformando-se em uma excelente válvula de escape do meio de campo do time, além de comandar o grupo com sua liderança nata.
9
Com a saída de Alex Mineiro o Furacão carecia de um camisa 9 matador, respeitado pelos adversários e reverenciado pela torcida. Marcelo Ramos prova jogo a jogo que esta camisa continua bem vestida, marcando gols de cabeça, com os pés e decisivos como o do último domingo. Lidera a artilharia do estadual e já desponta como um dos favoritos para a tradicional chuteira de ouro da Revista Placar, constantemente almejada por um camisa 9 do Atlético desde que Kleber a conquistou em 2001.
11
Onze vitórias consecutivas tem o Atlético somando a sobre o São Paulo no Brasileirão de 2007. Onze também é o número a ser igualado em União da Vitória. É o número do jovem Willian, substituto de ídolo Ferreira e promissor atacante atleticano que fez uma partida impecável contra o Paranavaí. Onze jogadores vestem a camisa do Atlético em campo e têm orgulhado a sua torcida com este início arrasador de ano.
25
Euforia e recordes à parte, a comissão técnica, elenco, diretoria e torcida atleticana não podem esquecer que o campeonato tem longas 25 rodadas e nem metade delas foram disputadas. De nada adianta vencer 11, 15, 23 e perder as duas últimas. O exemplo de 1996 deve ser sempre lembrado como alerta, afinal campeão é quem levanta o troféu e não aquele que venceu mais ou jogou mais bonito.
400.000
A renda do Atlético nos seis jogos que disputou em casa nesta temporada já superou os 400 mil reais oferecidos ao rubro-negro como cota de TV pela Rede Paranaense de Comunicação. Em uma revista do clube de 1996, Petraglia foi perguntado se o Atlético era um bom produto e sua resposta foi a seguinte: “O produto Atlético até pouco tempo atrás não valia merrecas. Agora está se valorizando. Tive ofertas de R$ 30 mil para patrocínio da camisa. Recusei. Se eu vendesse por R$ 30 mil, quanto valeria em 1996? Quarenta, cinqüenta mil. Ora, será que não vale R$ 100 mil, R$ 200 mil? Não sei. Só sei que, equacionada as dívidas, vamos partir para um clube de futebol.” A história mostrou que o presidente estava correto.
Até 1999 quando a Onda patrocinou a camisa atleticana na final da Seletiva, o rubro-negro permaneceu sem patrocínio, recusando valores medíocres. Hoje, quanto a Kyocera e a HDI pagam para estampar suas marcas no manto atleticano? Muito dinheiro! Em 2008, ao contrário do que disse em 1996, Petraglia sabe muito bem quanto vale a marca Atlético e certamente não é 400 mil reais por um campeonato de quatro meses. Não podemos nos esquecer que a proposta desta mesma rede de televisão em 2007 foi de 40 mil reais. Este ano já melhorou, vai demorar, mas um dia pagarão um preço adequado ao tamanho do clube no futebol paranaense.
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