Guilherme Coelho

Guilherme Coelho, 36 anos, é estudante de Relações Internacionais e mora em São Paulo. Guarda como lembrança uma luva usada por um dos goleiros do Atlético na final de 2001, em São Caetano, e um capacete da obra da Arena, objetos que simbolizam as duas maiores conquistas recentes do Furacão. Foi colunista da Furacao.com entre 2007 e 2008.

 

 

O que esperar?

28/01/2008


Pode parecer ironia reclamar de um time invicto no Campeonato Paranaense com 100% de aproveitamento, melhor ataque, melhor defesa e com uma invencibilidade de meses na Kyocera Arena. Mesmo com a vitória de ontem, não gostei do time. O que meu colega de site Sérgio Tavares Filho entendeu e expressou na sua coluna de hoje como um jogo inteligente, entendi como um jogo preguiçoso.

Sem dúvidas, o Atlético teve uma atuação competente e soube usar da sua supremacia técnica para acabar rapidamente com o ímpeto inicial do tricolor da segunda divisão. Quem foi à Arena viu um jogo em que até os 15 minutos da etapa inicial o Atlético assistiu a eles jogarem. Com uma defesa sólida, não chegamos a correr grandes riscos, mas se via um time sem muito ímpeto e “pegada” de um clássico. Quando houve mais vontade, fizemos dois gols com facilidade e poderia até terem ocorrido outros gols, não fosse a boa atuação do goleiro adversário.

Ao final do primeiro tempo, já dominávamos o jogo, porém sem um toque de bola envolvente. Apenas “jogando para o gasto”. Ferreira isolado no ataque, em uma jornada muito apagada, e Netinho com sua habitual função, não marca e nem cria.

Na volta para segunda etapa, o lateral-direita André Luiz (ex-CAP) entrou no lugar de Nem, que ja havia recebido cartão amarelo. O lateral preenchou um buraco existente no setor defensivo esquerdo atleticano e por lá criou as melhores oportunidades no segundo tempo. Embora com a costumeira boa atuação do trio de zaga e da dupla de volantes do Furacão, o setor ofensivo continuava nulo e contava apenas com algumas boas arrancadas de Jancarlos e Claiton. Ao invés de ir pra cima, “matar” o jogo e golear, o técnico Ney Franco optou por se acomodar e não promover nenhuma mudança tática, mesmo sendo notória a melhor atuação paranista naquele momento.

Discordo de Ney nesse aspecto. Acredito que uma mudança no time com a entrada de Irênio ou qualquer outra daria um novo ânimo e maior criatividade ao meio-campo atleticano para a continuidade da partida. O que vi foi um jogo em que esperava uma vitória esmagadora e que ao final o Atlético se livrou de um sufoco, pois o Paraná só conseguiu marcar no último minuto.

Pode parecer uma visão inusitada diante dos bons resultados, mas é preciso separar resultados de atuações. Resultado é o que importa no momento, mas são as atuações que demonstram o que a torcida atleticana verá ao longo do ano. Pelo que se viu até agora, o setor defensivo dá a segurança que não tínhamos desde 2004, já o setor ofensivo precisa de criatividade. Espero que a dupla Ferreira e Irênio desempenhe bem esse papel.


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