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Michele Toardik
Michele Toardik de Oliveira, 44 anos, é advogada, mãe, sócia ininterrupta há mais de uma década e obsessivamente apaixonada pelo Furacão. Contrariou as imposições geográficas, tornando-se a mais atleticana de todas as "fluminenses". É figurinha carimbada nas rodas de resenha futebolística, tendo como marca registrada a veemência e o otimismo incondicional quando o assunto é o nosso Furacão.
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Clássico é clássico e vice-versa
21/01/2008
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Nos últimos dias fui surpreendida por um ataque de nostalgia que redefiniu a minha opinião sobre o “status” de um Atletiba. Há algum tempo venho menosprezando esse clássico, mas as sensações ocasionadas pela expectativa que cercou o último confronto me fizeram reconhecer a sua importância e a necessidade de termos um duelo caseiro com tamanha rivalidade.
No afã de buscar uma explicação que justifique a dimensão de um clássico e principalmente de um Atletiba, busquei socorro nas palavras de Heriberto Ivan Machado e Valério Hoerner Júnior (em Atlético a paixão de um povo):
“Clássico, em futebol, definitivamente, não pode ser criado. Não surge da vontade pessoal ou coletiva. Não basta, portanto, a existência de duas poderosas equipes no meio esportivo para que o encontro entre elas constitua o chamado clássico”.
“É a rivalidade que define os clássicos”.
Ou talvez Jardel (ex-jogador do Grêmio e Vasco), numa de suas frases de placa, tenha conseguido traduzir com simplicidade a importância deste evento futebolístico: Clássico é Clássico e vice-versa.
Pois bem, o Atletiba é isto! Não apenas o duelo dominical em horário nobre de dois clubes tradicionais e sim, um folclórico conflito entre arqui-inimigos, tal como Superman e Lex Luthor.
A rivalidade entre o Coxa e o Furacão não foi criada, nasceu do antagonismo social que cercou as origens dos Clubes e foi lapidada ano após ano por embates ímpares dentro e fora de campo desde 1924. De um lado os prepostos dos alemães estabelecidos na cidade e que já disputavam campeonatos oficiais há 9 anos; do outro, a equipe dos novatos, representante da tradicional sociedade curitibana, e que já na primeira disputa se mostrou muito mais do que uma pedra no sapato dos imigrantes.
Foram Atletibas da gripe, dos três árbitros, das bolas coloridas, do pênalti que entrou por fora, aquele da troca de faixas, também do gol contra do Berg e tantos outros que incendiaram e dividiram a Capital Paranaense.
Porém, devido a fatores como o desprestígio do Campeonato Estadual, a estagnação e/ou retrocesso do Coritiba – que inclusive o retirou da elite do futebol nacional- e, a franca ascensão do rubro-negro tornou a disputa desequilibrada e desprovida do charme dos áureos tempos.
O fato dos verdes terem sido acometidos pelo descenso à segunda divisão, praticamente extinguiu o confronto, o qual permaneceu mais de ano restrito ao Paranaense... e olhe lá! Enquanto que o Furacão impôs gradativamente a sua grandeza, seja em terras tupiniquins ou internacionais e ainda originou novos clássicos que ultrapassam as fronteiras interestaduais.
Foi devolvido aos paranaenses o friozinho na barriga, aquele que havia se tornado privilégio atleticano, seja nas disputas internacionais, nas prévias de um jogo de vingança contra o Grêmio ou numa caça aos bambis. Felizmente, os das coxas brancas após serem campeões da Série B, jogando contra ninguém’s retornaram à elite do futebol e deram novo ânimo ao clássico. Agora teremos pelo menos mais dois confrontos emocionantes ao ano, o que será muito proveitoso para o futebol do nosso estado e, sobretudo, para o Atlético.
E muito embora eu seja feliz pura e simplesmente por ser torcedora do Atlético, com ou sem coxinhas na parada, não posso deixar de consignar um sincero agradecimento: Obrigada Coxarada! Por terem tornado o Atletiba quase uma final de Copa, com carga emocional lá em cima e assim devolverem o doce sabor de derrotar um inimigo íntimo. Vencer dentro do Couto, de forma didática e inconteste não tem preço... afinal, clássico é clássico!
Ah! Muito obrigada por serem os coxinhas de sempre e terem me tornado duas caixas de cerveja mais rica!
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