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Rafael Lemos
Rafael Fonseca Lemos, 49 anos, é atleticano. Quando bebê, a primeira palavra que pronunciou foi Atlético, para desapontamento de sua mãe, que, talvez por isso, tenha virado coxa-branca. Advogado e amante da Língua Portuguesa, fez do Atlético sua lei e do atleticanismo sua cartilha. Foi colunista da Furacao.com de 2007 a 2009.
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Atlético, eu estou aqui!
15/01/2008
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No último sábado, fui assistir – em companhia da minha patroa, Edith Aragão - ao concerto cênico em homenagem ao dramaturgo italiano Carlo Goldoni. O espetáculo integrou a programação da 26ª Oficina de Música de Curitiba, esta ainda em cartaz em nossa capital.
O concerto cênico – em cujo elenco estavam o fabuloso ator curitibano Luís Melo e o extraordinário Coro da Camerata Antiqua de Curitiba - homenageou os 300 anos de nascimento do dramaturgo Carlo Goldoni (1707-1793), considerado um dos maiores autores europeus de teatro e um dos escritores italianos mais conhecidos fora da Itália.
Goldoni escreveu mais de 120 obras - entre comédias, tragédias e musicais – e coube ao maestro Wagner Polistchuk a pesquisa histórica que levantou os compositores da época de Goldoni. Eu – imerso na minha mais absoluta ignorância – nem sabia da existência do Goldoni e tive, por conta dessa apresentação, a oportunidade de conhecer um dos tantos gênios da Humanidade. Teatro é cultura, de fato e de direito.
Lá pelas tantas, o genial ator curitibano Luís Melo – e ao adjetivo genial acrescento magistral, pois o Luís Melo é um cracaço da dramaturgia – deu o texto “E se estiver certo, cedo ou tarde, o Mundo reconhecerá!” – e isso dito com a inflexão do gênio ganhou dimensão sobrenatural. Emocionante, inesquecível.
Durante a apresentação, o Coro da Camerata Antiqua de Curitiba - diante de nossos sentidos – deu a impressão de que a gente tinha sido transportado para um lugar tão encantado que nos seria possível caminhar fora do corpo, usando os pés aveludados da alma.
Ouvindo aquelas vozes – são anjos, e não pessoas – pareceu-nos ser permitido tocar, enfim, o chão ainda inexplorado da sensibilidade e nele deixar marcas indeléveis de beleza que, nalgum dia futuro, voltarão à tona, em nós, na forma sublime de boas lembranças. No futuro, direi “Um dia, vi diante de mim um Coro de Anjos, aqui mesmo em Curitiba, num certo mês de janeiro, de 2008”. Emocionante, inesquecível, superior.
Ontem, fui assistir – em companhia da minha patroa, Edith Aragão – à soprano Marília Vargas e ao instrumentista Guilherme de Camargo que, juntos, ofereceram ao público a apresentação “Canto e Cordas Dedilhadas”, nas dependências da bela Igreja Presbiteriana, no centro da cidade.
O repertório do duo foi bem variado. Foram interpretadas obras de 10 compositores, entre eles: Giovanni Girolamo Kapsberger, Cláudio Monteverdi e Thomas Morley. Camargo executou teorba, guitarra barroca e alaúde e a soprano Marília deixou a todos boquiabertos, quando abriu a boca (meu trocadilho foi péssimo, mas a apresentação da dupla foi indescritível, foi arrebatadora, foi soberba).
Finalmente, fui com a dona da pensão – e dona do amor deste que vos escreve - assistir ao concerto “Música de Câmara Americana e Brasileira”, no Canal da Música, reunindo 10 professores que interpretaram obras de Heitor Villa-Lobos, George Gershwin, Eric Ewazen, dentre outros (desses eu só conhecia o Villa-Lobos e desse só o Trenzinho Caipira, obra de singular beleza).
Ao longo dos três espetáculos, fiquei observando a Edith – afinal, para mim, ela é o maior dos shows, ela é o meu amor - e fiquei observando suas reações. Ela – apaixonada pela arte em geral e pela música em particular – passou todo o tempo fixada às obras que eram executadas.
Ela passou todo o tempo absorvida e entregue, como se houvesse em cada gesto, em cada som e em cada arpejo um tal magnetismo irresistível, como se houvesse em cada solfejo e em cada canto uma força atrativa da qual ela não podia escapar. E de fato havia. Eu mesmo, não obstante toda a minha ignorância, também fui arrebatado pelos espetáculos a que assisti.
Mais tarde, ao questioná-la acerca dos porquês de tanta atenção, ela disse “É o amor à arte, é a paixão. Amar é estar junto, amar é não se ausentar. É como se estando presente a gente fizesse parte do espetáculo, é como se o espetáculo só pudesse acontecer com a nossa presença. É como se a gente fosse a razão de existir da arte e como se a arte fosse nossa razão de existir” – e ela me disse isso quase em transe, com olhos marejados, como se sonhasse acordada – com paixão! Depois de ouvi-la, pude sentir a intensidade da força que une as pessoas que se amam (e pude sentir a intensidade da força que liga as pessoas às coisas e às causas que amam).
Hoje, concomitantemente a 26ª Oficina de Música de Curitiba, há na cidade um convite irrecusável, feito em nome da Arte, feito sob o signo da paixão: associar-se ao Clube Atlético Paranaense. A todos que lerem esta coluna, garanto que nunca vi espetáculo de beleza mais pujante do que o Atlético Paranaense. A todos que lerem esta coluna, garanto que nenhum outro espetáculo me emocionou tanto na vida como as partidas do meu Atlético Paranaense.
E se amar é estar junto, e se amar é não se ausentar, é meu dever deixar escrito “Atlético, eu estou aqui!”. É meu dever me associar ao Atlético, pois estando presente a gente faz parte do espetáculo e o espetáculo só pode acontecer com a nossa presença! A gente é a razão de o nosso Atlético existir e o Atlético forte que queremos só existe com a força da gente!
Quando eu ouço os versos “Atlético! Atlético! Conhecemos teu valor e a Camisa Rubro-Negra só se veste por Amor!” - cantados na inflexão da massa Vermelha e Preta - sinto que a vocação do nosso Atlético é ser o maior time da Terra. Por isso não tenho medo de afirmar que vamos conquistar o Mundo.
“E se estiver certo, cedo ou tarde, o Mundo reconhecerá!”
A MAIOR DO ESTADO ESTÁ CONVOCADA A VIR JUNTO COM A GENTE DA FURACAO.COM NA CAMINHADA QUE COMEÇA AGORA EM CURITIBA E QUE SÓ VAI ACABAR NO TOPO DO MUNDO!
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