Rafael Lemos

Rafael Fonseca Lemos, 49 anos, é atleticano. Quando bebê, a primeira palavra que pronunciou foi Atlético, para desapontamento de sua mãe, que, talvez por isso, tenha virado coxa-branca. Advogado e amante da Língua Portuguesa, fez do Atlético sua lei e do atleticanismo sua cartilha. Foi colunista da Furacao.com de 2007 a 2009.

 

 

O Plano é se associar

07/01/2008


Hoje, 07 de janeiro de 2008. O amigo-leitor deve estar seguindo à risca sua lista de realizações para o novo ano: caminhada no Barigüi, das 7h às 8h30; cigarro nem a pau; alface e rúcula à vontade; matrícula no SESC para fazer as aulas de dança de salão; além, é claro, de procurar curso de inglês e MBA.

Pois se o amigo é atleticano, e estiver fazendo tudo isso, exijo que pare, imediatamente, e explico por quê. A partir de hoje, todo atleticano terá na sua lista de prioridades apenas um objetivo: associar-se ao Clube Atlético Paranaense, aderindo ao fabuloso plano “Sócio Furacão” cuja mensalidade está fixada em módicos R$ 50,00 (mais detalhes em http://www.furacao.com/materia.php?cod=24362).

Eu mesmo – torcedor que sempre optei por adquirir ingressos avulsos – irei – enfim, de uma vez por todas e doravante para sempre – associar-me ao Atlético por conta desse Projeto que, em poucos dias, elevará o quadro associativo de atuais 3.500 torcedores para 10.000 sócios-torcedores - comprometidos, de corpo e alma, com a sua paixão – chegando aos 20.000 associados até o final de 2008, estou certo disso.

O Plano engendrado por nossa Diretoria é perfeito sob todos os aspectos e somente quem tiver muita má-vontade pode lhe atribuir imperfeições ou injustiças. De ponta a ponta, sob qualquer análise, é o Plano mais ousado, mais abrangente – e acolhedor, isonômico e democrático – lançado por um time grande no futebol brasileiro. É Plano para receber adesões, não críticas; é plano para unir a Nação Rubro-Negra, e não para dividi-la. É Plano que terá a minha adesão e a sua, espero, sinceramente.

E para convencer ainda mais o povão a se associar, vou criar aqui situações práticas capazes de mobilizar a massa nessa venturosa empreitada que ora se inicia.

Situação “A”. Você é um guri de 20 anos de idade, lazarento de feio e, financeiramente, mais quebrado que arroz de terceira. Pela sua situação, é mais fácil o saci cruzar a perna do que você arranjar uma mulher. Aí, para sua salvação, você se associa ao Atlético, com apenas 50 reais por mês e consegue mulher. Explico.

Você sai pra balada com sua carteirinha – ou melhor – com seu smart card de sócio-torcedor do Atlético, na carteira. Lá pelas tantas, você pega uma long neck, encosta-se no balcão, com um ar meio superior, e dá uma olhada geral nas gatinhas. Escolhe uma e se aproxima. Daí despeja aquele “agá”:

- Lugarzinho mais ou menos esse aqui né?

A guria, por ser curitibana, responde, com frieza maior do que bunda de pingüim:

- É!

Você continua:

- Não é que o lugar seja exatamente mais ou menos, é que o meu nível de exigência desde que me associei ao Atlético aumentou muito.

Dito isso, a gatinha, sendo curitibana, vai crescer os olhos:

- Você é sócio do Atlético?

E você, vendo que a isca ameaça morder a minhoca, vai manter a pose e responder apenas um “Sim, sou”, sem grandes emoções. Depois, vai acrescentar que é estudante do segundo ano de Direito e, mesmo que seja estudante da Uniandrade, mantenha a pose de futuro causídico.

A moça vai querer detalhes, será a hora de você abusar:

- Sou sócio do Atlético Paranaense, assim como são sócios o Petraglia, o Fleury e o Rafael Lemos, da Furacao.com. Sociedade cujo capital está avaliado em mais de 150 milhões de reais, isso em se falando de patrimônio imobilizado, fora os ativos patrimoniais e extrapatrimoniais, fora o nameright, sem contar a conclusão da Arena, os ativos que virão por conta da Copa 2014, a massa de 1,2 milhão de torcedores, etc.

Ah, companheiro, nessa altura do papo a moça já vai estar no papo, esteja certo! Nessa altura do campeonato, será caixão e vela preta (ou vela vermelha e preta, se preferir). Será só o tempo de conduzir a dama ali pelos caminhos da Rodovia dos Minérios e correr pro abraço. E tudo isso por apenas 50 reais por mês!

O único problema será a moça, nove meses depois, tentando acalmar a mãe desesperada:

- Mas mãe, ele era sócio do Petraglia, do Fleury e do Rafael Lemos; tinha um patrimônio de 150 milhões; era segundanista de Direito; a senhora queria o quê? A carne é fraca, mãe! Até smart card o homem tinha! Como é que eu ia adivinhar, mãe? Falando nisso, que nome a senhora acha mais bonito: Mário Celso, João Augusto, Rafael ou boto Cleverson Augusto Júnior, em homenagem àquele traste do pai dele?

Situação “B”. Você é um senhor de meia idade, 63 anos, mais feio que bater em mãe por causa de mistura, mais humilde que sorriso de tímido banguela, mais necessitado que assalariado lá pelo dia 20 de cada mês. A última mulher que esteve em seus braços foi Dona Alzira, 84 anos, que, voltando da feira, desmaiou na frente do prédio sendo prontamente socorrida por você. Pois bem: esse cara é você.

Pela sua situação, é mais fácil passar rasteira em cobra do que arranjar uma mulher. Aí, para sua salvação, você se associa ao Atlético, com apenas 50 reais por mês e consegue mulher. Explico.

Pela manhã, você metido naqueles xortes azul com frisos brancos, camiseta da campanha do Vanhoni-Prefeito-2000, meias sociais pretas e tênis Nike Air Max - modelo 1992, adquirido na sua última viagem a Ciudad Del Este – parte impávido para a Praça Ouvidor Pardinho, para fazer seu cooper matinal. Parte pra lá, mas leva na carteira o smart card que prova que você é sócio do Atlético.

Lá pelas tantas, você deixa cair o cartão de sócio na pista de caminhada bem na frente da Jussara, que não é lá aquela Angelina Jolie, mas é bem melhor que a Dona Alzira, a senhora de 84 anos a quem você socorreu. A Jussara vai crescer os olhos pra cima do seu cartão:

- Você é sócio do Atlético?

E você, vendo que a isca ameaça morder a minhoca, vai manter a pose e responder apenas um “Sim, sou”, sem grandes emoções. Depois, vai acrescentar que é usuário da Academia de Ginástica e que costuma comprar material esportivo na Arena Store e, mesmo que sua pronúncia da expressão “Arena Store” seja típica de quem aprendeu inglês em Jequié, mantenha uma pose britânica.

A moça vai querer detalhes. Será a hora de você abusar:

- Sou sócio do Atlético Paranaense, assim como são sócios o Petraglia, o Fleury e o Juarez Villela Filho, da Furacao.com. O Clube Atlético Paranaense – nosso empreendimento – tem capital avaliado em mais de 150 milhões de reais, isso em se falando de patrimônio imobilizado, fora os ativos patrimoniais e extrapatrimoniais, fora o nameright, sem contar a conclusão da Arena, os ativos que virão por conta da Copa 2014, a massa de 1,2 milhão de torcedores, etc.

Ah, companheiro, nessa altura do papo a Jussarinha já vai estar no papo, esteja certo! Nessa altura do campeonato, será só o tempo de conduzir a dama pro seu apê e correr pro abraço. E tudo isso por apenas 50 reais por mês! E você ainda está pensando se vai se associar ou não??? Não tenha dúvidas!!! Aja!!! Você e o Atlético vão ganhar e muito!

Finalmente, a situação “C”. Você é uma jovem senhora de 45 anos. Afetivamente, sem namorado; fisicamente, 100 cm na cinturinha de ovo. Pela sua situação, é mais fácil o vampiro doar sangue do que você arranjar um príncipe encantado. Aí, para sua salvação, você se associa ao Atlético, com apenas 50 reais por mês e consegue um namorado. Explico.

As cadeiras dos sócios receberão os nomes dos seus titulares. Aí você – moça esperta, que assiste ao Programa da Ana Maria Braga e assina a revista Nova Cosmopolitan – sai pela Arena à procura dos nomes dos Brad Pitts Rubro-Negros e que, não por acaso, são colunistas da Furacao.com. Você – sôfrega de desejo - procura as cadeiras onde estão grafados os nomes: Guilherme Coelho, Jones Rossi, Carlos Antunes, Marcel Costa, Juarez Villela Filho, Ricardo Campelo, Rodrigo Abud, Rogério Andrade, Sérgio Surugi, Sérgio Tavares, Sílvio Rauth Filho, Wagner Ribas e – naturalmente – Rafael Lemos.

Depois, adquire seu lugar ao lado de um dos supracitados e passa, durante os jogos, a jogar todo o seu charme para cima deles, até que um deles sucumba aos seus encantos e, hipnotizado de amor – dirija-se com você à alcova, para te deitar no solo e te fazer mulher, como nos versos do poeta Wando, aquele a quem atiravam calcinhas durante os shows de gosto pra lá de duvidoso.

Ressalto, entretanto, que será esforço vão adquirir lugar ao lado da cadeira deste que vos escreve uma vez que o Rafael Lemos é homem comprometido, definitivamente, com a senhora Edith Aragão – uma bela paranista que arrebatou seu pobre coração atleticano, para sempre.

Brincadeiras à parte, seja qual for a sua razão, espero vê-lo (a) associado(a) ao Clube Atlético Paranaense, aderindo ao Plano “Sócio Furacão” - feito para receber adesões, não críticas; concebido para unir a Nação Rubro-Negra, e não para dividi-la; Plano que terá a minha adesão e - espero, sinceramente - a sua adesão também.

Dentre todas as razões para se associar – e são tantas - espero que o crescimento do nosso Atlético seja a maior delas. E em nome do crescimento do Atlético vale se associar e convidar um amigo para que se associe também. Em nome do crescimento do Atlético vale se associar, mesmo correndo o risco de ser vizinho(a) de cadeira deste maluco, feioso e metido a colunista, que ama o seu Atlético com todas as forças que brotam do coração.


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