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Rafael Lemos
Rafael Fonseca Lemos, 49 anos, é atleticano. Quando bebê, a primeira palavra que pronunciou foi Atlético, para desapontamento de sua mãe, que, talvez por isso, tenha virado coxa-branca. Advogado e amante da Língua Portuguesa, fez do Atlético sua lei e do atleticanismo sua cartilha. Foi colunista da Furacao.com de 2007 a 2009.
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É tempo de reflexões
20/12/2007
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Grandes temas têm agitado a vida Atleticana nos últimos dias e o maior deles é a Arena da Baixada como um dos palcos da Copa 2014. Invariavelmente, as discussões têm convergido para o ponto que versa sobre o incentivo público à Copa no Brasil. Uns criticam a omissão dos poderes constituídos, outros atacam este ou aquele homem público, mas a maioria se esquece de trazer à discussão que tão importante quanto as ações públicas em prol do Mundial do Brasil são as ações privadas que, até agora, têm passado em branco, como se não fizessem grande diferença.
Num país como o Brasil - onerado por demandas sociais inadiáveis – um evento como a Copa do Mundo não sai do papel sem a participação ativa da iniciativa privada. Aliás, nem no Brasil, nem noutro país qualquer do Globo, pois mesmo na Alemanha, em 2006, os aportes privados sobrepujaram os investimentos públicos. Sabedores dessa verdade – só se faz Copa com uma firme parceria público-privada – cabe a pergunta: onde estão os empresários paranaenses – figuras exponenciais em tantos ramos do mercado – que não se pronunciam? Faltam apenas 6 anos!
Outro ponto na vida Atleticana que carece de maior reflexão é a questão do marketing. O clube que pretende amealhar num futuro próximo 25 mil associados não pode romper manchetes anunciando uma contratação de impacto zero como a do zagueiro Leandro Bambu. O guri joga bem - eu mesmo vi jogar, o piá conhece - mas sua contratação não empolga, não faz o torcedor comum sentir vontade de se associar. Ao contrário: causa no torcedor comum aquela sensação de que 2008 será uma mera repetição dos sofríveis 2006 e 2007 e isso é ruim.
As contratações de jogadores jovens, e ainda anônimos para o grande público, devem ser feitas com discrição, para resguardar os atletas e evitar que eles se queimem perante a massa. Em contrapartida, deve-se dar publicidade às aquisições de impacto, aquelas capazes de fazer o cara levantar da poltrona e ir à bilheteria comprar o ingresso (ou se associar).
Futebol também é ilusão, mexe com o imaginário do povo e não pode ser feito somente pela ótica empresarial. Às vezes uma extravagância ajuda, um negócio ousado inflama a torcida e acaba sendo auto-sustentável (a contratação do Washington Coração Valente traria novos sócios – além de trazer ao estádio, também, os torcedores que adquirem os ingressos avulsos - e me custa acreditar que o Fluminense – que há poucos anos oscilava entre as Séries C e B do Brasileirão - seja mais pujante que o nosso Atlético, clube bem administrado e dos mais organizados do futebol nacional).
Futebol não é feito apenas de – e com - dinheiro. Fosse assim, a MSI teria levado o Corinthians ao sonhado título da Libertadores, em 2006, e não à bancarrota, neste final de 2007. As centenas de milhares de dólares da MSI só renderam ao Corinthians o Brasileiro de 2005, cujos juros serão suportados pela Fiel, pelo menos durante 12 longos meses de 2008. No futebol, dinheiro na mão de quem não é do ramo vira vendaval; mas na mão de quem entende do riscado pode virar Furacão.
Aliás, com muito menos grana que o Corinthians-MSI, pusemos em campo um timaço: Flávio, Alberto, Gustavo, Leonardo, Vanin, Fabiano, Marcos Vinícius, Axel, Adriano, Kelly, Lucas, Kleber, Sandoval e Kleberson que, em 1999, sob o comando do Vadão, deram para nós o título da Seletiva para a Libertadores-2000, há exatos 8 anos, num inesquecível 21 de dezembro, tarde de sol em Curitiba, pintada de vermelho e preto.
E por fim, nesta minha última coluna de 2007, deixo um forte abraço para todos os amigos que lêem nossos textos, mandam e-mails, concordam, discordam, xingam, elogiam e vivem essa enorme paixão que é o Clube Atlético Paranaense. Que Deus, nosso Pai supremo, abençoe cada um de nós e que o Menino Jesus nasça neste Natal para viver para sempre em nossas vidas.
“Seja sincera vossa caridade. Aborrecei o mal, atendo-vos ao bem. Sede cordiais no amor fraterno entre vós. Rivalizai em honrar-vos reciprocamente. Não relaxeis no zelo. Sede fervorosos de espírito. Servi ao Senhor. Sede alegres na esperança, pacientes na tribulação e perseverantes na oração. Socorrei as necessidades dos fiéis. Esmerai-vos na prática da hospitalidade. Abençoai os que vos perseguem, abençoai e não praguejeis. Alegrai-vos com os que se alegram. Chorai com os que choram. Vivei em boa harmonia uns com os outros. Não vos deixeis levar pelo gosto das grandezas. Afeiçoai-vos às coisas modestas. Não sejais sábios a vossos próprios olhos. Não pagueis a ninguém o mal com o mal. Procurai o bem aos olhos de todos os homens. Se for possível e na medida em que depender de vós, vivei em paz com todos os homens”.
Amém!
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