Jones Rossi

Jones Rossi, 46 anos, é repórter do Jornal da Tarde, em São Paulo, e um dos fundadores do blog De Primeira. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2008.

 

 

Sua vida não vale nada

19/12/2007


Por UNANIMIDADE, o Coritiba foi absolvido nesta terça-feira no Superior Tribunal de (In)Justiça Desportiva da denúncia de ter vendido mais ingressos do que a capacidade do estádio permitiria no jogo contra o Marília, no dia 16 de novembro. A partida registrou 38.689 pagantes, mas o Corpo de Bombeiros liberou para somente 35.769 torcedores.

A defesa do Coritiba foi na base da cara-de-pau. Alegou ter feito uma reforma ampliando a capacidade para 38.743 espectadores. Parte da torcida alega até que cabem pelo menos 40 mil. Na prática, o Coritiba colocou em risco a vida de milhares de pessoas e não recebeu punição alguma. É bom lembrar que a Arena da Baixada já foi interditada por causa de um copo de plástico atirado ao gramado.

Está em vigor nestes casos a permissividade da justiça em relação aos clubes de pouca estrutura, caso do Coritiba. Assim como muitos de nós não se dão ao trabalho de reclamar quando a comida é mal servida em um boteco, mas fazemos questão de um bom atendimento em um restaurante de luxo, a justiça desportiva parece ter adotado o mesmo critério.

Não adianta multar o Coritiba, já que não vai mudar muita coisa mesmo. Mas sempre podemos exigir mais do Atlético, que exibe níveis de segurança altíssimos.

De qualquer forma, não dá para esperar muito de quem puniu o Bahia com apenas sete jogos sem público pelo que aconteceu na Fonte Nova. Lá, os infratores foram premiados. O governo baiano, responsável pelo estádio, vai demolir o estádio e construir uma "Arena" de R$ 350 milhões no lugar. Assim todos podem tirar uma casquinha e embolsar dinheiro público à vontade. Nunca foi tão lucrativo matar gente nos estádios.

Talvez tenha gente achando errado que só os baianos nadem na grana. Nos locupletemos no Paraná também. Atletiba no Couto: eu não vou.


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