Rodrigo Abud

Rodrigo Abud, 45 anos, é jornalista. Já correu dos quero-queros na Baixada, justamente quando fez um lindo gol do meio de campo. Tarado por esportes, principalmente o bretão, é também alucinado por rádio esportiva.

 

 

A nossa força

14/12/2007


O ditado é bem velho e muito utilizado: “Se macumba ganhasse jogo, o campeonato baiano terminaria empatado”. Sempre que alguém se depara na rua com restos de algum ritual de macumba, deixados no chão, não ousa passar perto e muito menos meter aquela bicanca, à la Andrei, na vela vermelha do ritual.

Todo mundo fica cabreiro, tem medo do que possa acontecer no futuro. A pessoa pensa: “Vai que a macumba volta”.

Porém, estive analisando todos os rituais de mandinga e provo que a força da torcida rubro-negra é maior que qualquer feitiçaria.

O ano era 1996. O Atlético fazia boa campanha no Campeonato Brasileiro da primeira divisão, tendo sido campeão da segundona no ano anterior. Nossos grandes ídolos eram o goleiro Ricardo Pinto, o polonês Nowak e os atacantes Oséas e Paulo Rink. No jogo contra o Fluminense nas Laranjeiras, o Atlético venceu por 3 a 2 e no final do jogo uma briga vitimou o nosso guarda metas. Lembro de estar assistindo o jogo pela tv a cabo, e ao mesmo tempo em que via o letreiro do final da transmissão subir, observava a pancadaria no gramado. Desespero para saber o que estava acontecendo e as informações chegavam somente pelas ondas do rádio. Saldo da batalha: um rádio 3 em 1 com dolby surround jogado no gramando contra Ricardo Pinto, que saiu desacordado, após ter sido agredido por vários torcedores cariocas.

Neste mesmo ano, o retorno aconteceu com a queda do Fluminense para a segunda divisão, fato que não se consumou em face de uma virada de mesa, celebrada com Fontana Fredda pelos diretores tricolores. Porém, nada como um dia após o outro e no ano seguinte o mesmo Fluminense acabou rebaixado para a série B. Pior ainda, caiu para a terceira divisão em 1999. Com todos esses acontecimentos a torcida rubro-negra sentiu-se vingada pelo ocorrido nas Laranjeiras.

A próxima vítima foi o Atlético Mineiro. Na Copa Libertadores da América de 2000 perdemos nos pênaltis para o time mineiro, em uma competição que tínhamos o melhor time e tudo para sermos campeões. A vingança aconteceu em 2005 com a queda deles para a segunda divisão.

Mais uma equipe sofreu com o sortilégio da torcida atleticana, o Grêmio. Sim o covarde e “imortal” clube gaúcho. Em 2004 brigávamos pelo título e um desastre em Erechim nos tirou essa possibilidade, porém o resultado colocou o Grêmio na segunda divisão o que nos confortou um pouco.

Já em 2005 o Furacão chegou a final da Libertadores da América e por pressão política (medo) não pudemos realizar o primeiro jogo da final da Baixada. Foi feita consulta para que o jogo acontecesse no estádio do Coritiba, mas o clube dono do estádio declarou que o mesmo não comportava um público superior a 40.000 pessoas, e com isso a partida acabou ocorrendo em Porto Alegre. Mas a volta foi breve e no final do ano o Coritiba caiu para a segunda divisão, ficando lá por dois anos como punição. Dois outros clubes sentiram que não é prudente mexer conosco. O primeiro foi o Paraná Clube, quando o ex-presidente Professor Miranda nos pediu para que tivéssemos cuidado com a segunda divisão e o que aconteceu? Paraná Clube no andar de baixo em 2008 e com uma série de escândalos envolvendo o falastrão Miranda.

O time seguinte foi o Corinthians, que enfrentamos na Copa do Brasil de 1997. Primeiro jogo em São Paulo: Corinthians 1 x 2 Atlético. Jogo de volta, Pinheirão entupido e uma tsunami aconteceu: Atlético 2 x 6 Corinthians. A volta demorou 10 anos, mas teremos o prazer de vê-los na segunda divisão.

O último, e mais celebrado por mim, que sentiu a ira rubro-negra foi o ex-presidente da Federação Paranaense de Futebol, Onaireves Nilo Rolim de Moura. Sim, ele que em uma edição do programa Mesa Redonda foi chamado de Pinóquio das Araucárias e Raul Pelegrini (personagem inescrupuloso, interpretado por Tarcisio Meira na novela Pátria Minha) pelo então político Orlando Kilcamp (grafia do sobrenome segundo meu critério). Depois que o Atlético, na pessoa do presidente Mario Celso Petraglia, voltou-se contra os desmandos da Federação Paranaense tudo foi feito contra o Atlético. O retorno do que foi feito contra nós, aconteceu com as diversas prisões do ex-mandatário da Federação, principalmente nesta última com provas contundentes como, por exemplo, o dinheiro enterrado em uma lata na sede Federação Paranaense de Futebol.

Aos desavisados fica o recado: não mexam com o Furacão. Por isso, São Paulo, Vasco, Grêmio, de novo, que aguardem, e os outros clubes pensem bem antes de mexer conosco.

Finalizando deixo um forte abraço a toda torcida rubro-negra, desejando um 2008 repleto de realizações pessoais, profissionais e esportivas.

Dica de vídeo

Como última indicação de vídeo do ano, recomendo o clipe de banda Mão-de-Ferro. A música é Atletiba e para quem gosta de Rock e do Atlético é uma ótima pedida. O vídeo foi postado pelo usuário “MarcioTimtim”.



Quem quiser encaminhar uma sugestão de vídeo, pode fazê-lo pelo formulário disponível abaixo desta coluna.


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