Patricia Bahr

Patricia Caroline Bahr, 43 anos, é jornalista e se descobriu atleticana nas arquibancadas do Pinheirão, no meio da torcida, quando pôde sentir o que era o Atlético através dos gritos dos torcedores, que no berro fazem do Furacão o melhor time do mundo. Foi colunista da Furacao.com entre 2002 e 2010.

 

 

Vai encarar ou dar no pé?

30/11/2007


Esta semana, lembrei-me de minha infância. Bons tempos lá pela metade da década de 80, quando nossas preocupações se resumiam a ir bem no colégio para poder brincar sem as reclamações da mãe. Tempos em que as coisas eram resolvidas no cara-a-cara, falando o que quer que fosse olhando nos olhos do outro. Tempos de criança, dessas coisas verdadeiras que com o passar dos anos muita gente deixa de lado, infelizmente.

Entre os meninos da minha infância, havia sempre uma frase para iniciar um desafio com um adversário: “vai encarar ou dar no pé?”. Encarar era sinônimo dos fortes, dos grandes (de tamanho ou de espírito), daqueles que não temiam uma derrota se em jogo estivesse a própria honra. Encarar era sinônimo de lutar e, caso fosse para perder, que se perdesse em pé, dignamente. Coisas que só os fortes são capazes. Agora “dar no pé” era atitude dos covardes, dos fracos e pequenos (de tamanho e de espírito). Dar no pé era a pior das fugas, a mais humilhante, indigna, diminuta.

Esta semana lembrei-me de minha infância e dessa frase que acompanhava qualquer grande desafio daquele tempo: “vai encarar ou dar no pé?”. Como se repetindo isso, cada um dos mais de um milhão de atleticanos fanáticos e apaixonados disseram, mesmo que mentalmente, isso a Dagoberto e a Aloísio. Numa atitude covarde, fraca, pequena, humilhante, indigna e diminuta eles deram no pé. Coisas que só os fracos de espírito são capazes.

Nessas horas a gente descobre porque eles preferiram deixar o Atlético. Porque pobreza de espírito não é uma coisa que combina com o Furacão. Aqui é lugar dos grandes, dos fortes. Daqueles que encaram, têm raça e não temem a própria morte. O medo que transbordou em seus olhares ao fugir da torcida atleticana foi a prova que faltava para nos dar uma certeza: a do quão pequeno de espírito vocês são!


Este artigo reflete as opiniões do autor, e não dos integrantes do site Furacao.com. O site não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.