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Michele Toardik
Michele Toardik de Oliveira, 44 anos, é advogada, mãe, sócia ininterrupta há mais de uma década e obsessivamente apaixonada pelo Furacão. Contrariou as imposições geográficas, tornando-se a mais atleticana de todas as "fluminenses". É figurinha carimbada nas rodas de resenha futebolística, tendo como marca registrada a veemência e o otimismo incondicional quando o assunto é o nosso Furacão.
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Idéia do Tcheco
12/11/2007
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Gostaria de me desculpar pelo longo período de ausência, mas meus compromissos profissionais estão sugando mais do que vampiro* em Curitiba.
Aproveitando uma brecha surgida pouco antes do feriado, escrevi algumas linhas sobre o jogo memorável contra o Grêmio, mas a eterna mania de não salvar documentos enquanto digito, aliada a uma longa queda de energia, fez com que eu perdesse o meu texto.
Não se tratou, enfim, de uma perda grave visto que não iria comentar nada além do que foi amplamente reconhecido por qualquer um que teve a oportunidade de assistir aquele espetáculo. E quem não viu pode constatar por meio do noticiário esportivo que, em manchetes garrafais, confirmou a superioridade atleticana sobre os gaúchos. Eu apenas teria ressaltado que o Furacão foi sensacional, que humilhou o Grêmio de uma forma incontestável e que aqueles 90 minutos permanecerão eternamente na minha memória, simplesmente porque a alma da nação rubro-negra foi lavada!
Pois bem, praticando uma xeretagem futebolística e tentando me preparar para escrever algo sobre o jogo insosso de ontem, encontrei algo que chamou minha atenção. Trata-se de uma nota, elaborada pelo Presidente do Grêmio e publicada no site do clube, saudando o retorno dos coxinhas à elite do futebol brasileiro e, por esse motivo, não pude deixar de retornar ao tema da gauchada. Vejamos:
“O presidente Paulo Odone e toda a nação tricolor parabenizam, na tarde deste sábado, o retorno do Coritiba Foot Ball Club, grande clube paranaense, ao convívio da Série A do Brasileirão. Já estávamos com saudades deste campeão brasileiro, que possui uma gigantesca história e que tanto engrandece e honra o futebol do Paraná e do Brasil. Saudações tricolores, Coxa. Nos encontraremos em 2008 para duas grandes partidas dignas de dois grandes clubes”.
Quando corri os olhos na tal da nota gargalhei muito, mas bem menos do que quando localizei, no mesmo site, as manifestações de agradecimento dos torcedores alviverdes, inclusive colocando-se como co-irmãos da gauchada.
Parece brincadeira, mas não é! Apesar de ser óbvia a tentativa gaúcha de nos alfinetar, não caiu a ficha dos pobres coxinhas. Será que eles realmente acreditam que foram exaltados pelo retorno? Quero crer que tenham sido manifestações isoladas e que a maioria tenha entendido a “brincadeira”, pois seria lamentável nos depararmos com outdoors pela cidade ostentando as palavras do presidente gremista.
Mas muito pior que a “inocência” dos emergentes é a falta de bom senso e a infantilidade do Grêmio Porto-Alegrense ao colocar em prática algo tão ridículo. Será que a idéia foi do Tcheco? Movido pela humilhação e pelos seus antecedentes verdes?
Realmente imagino a dificuldade em conviver com as cenas daquela noite histórica em suas mentes, o quanto é penoso encarar as frustrações e o desespero. Nada justifica, porém, o cometimento de atitudes impensadas como as presenciadas no pós-jogo e, sobretudo, a utilização de um bode expiatório tão mequetrefe. Muito mais digno seria reconhecer a derrota e honrar a belíssima partida de futebol!
*Gostaria de agradecer ao amigo Rafael Lemos pela menção em sua coluna e que, apesar de ter me deixado completamente envergonhada, foi inspiradora!
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