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Rafael Lemos
Rafael Fonseca Lemos, 49 anos, é atleticano. Quando bebê, a primeira palavra que pronunciou foi Atlético, para desapontamento de sua mãe, que, talvez por isso, tenha virado coxa-branca. Advogado e amante da Língua Portuguesa, fez do Atlético sua lei e do atleticanismo sua cartilha. Foi colunista da Furacao.com de 2007 a 2009.
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Nenhuma novidade sob o Sol
09/11/2007
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Por incrível que pareça, tenho inúmeros amigos intelectuais e disso tiro boas vantagens: tomo emprestado deles livros de grandes autores, quando quero; pego dvds de altíssima qualidade, sem prazo pra devolução; e, durante as mais simples conversas, acabo aprendendo coisas que nenhum MBA pode ensinar.
Grandes vantagens, sem dúvida, ainda que a elas acabem se somando certas encheções de saco do tipo: “Rafael, pára de escrever sobre futebol que isso é coisa de ignorante”. “Você precisa escrever sobre algo importante, e não sobre futebol”. E por aí vai uma série de censuras contra o meu lazer predileto que é escrever sobre futebol e sobre o meu Atlético.
Quando as cobranças chegam ao ponto de me chatear, devolvo os livros e dvds tomados por empréstimo e falto às reuniões nos botecos. Simples e seco. Daí os intelectuais – saudosos do amigo viciado no dito ópio do povo - acabam voltando, afinal, o que é a amizade senão o laço indissolúvel capaz de unir pessoas tão desiguais? Por incrível que pareça, tenho inúmeros amigos, grandes, fiéis e – acreditem – até intelectuais.
Mas o que os meus amigos intelectuais ainda não perceberam, apesar de tanta inteligência, é que escrever sobre futebol é um grande pretexto para a gente escrever sobre a vida e, via de conseqüência, escrever sobre tudo aquilo que é humano e que frontalmente nos interessa enquanto indivíduos pertencentes à raça humana (vocês estão pensando o quê? Furacao.com é cultura! Este parágrafo ainda vai ser copiado pelo FHC, estejam certos).
Assim, nobres amigos, escrever sobre esporte, e notadamente sobre futebol – apesar de parecer tarefa das mais pueris – é, na verdade, uma forma de fazer Antropologia, Sociologia, Filosofia, História, Psicologia e, em certos casos, é até uma forma de se fazer Medicina Veterinária: tudo depende do objeto usado, pelo escritor, no texto.
Destarte, queridos leitores, nunca desvalorizem aquilo que é escrito sobre – ou por – esporte: em cada linha está contida a Humanidade e está contida uma boa parte das Ciências de que tanto precisamos para sermos mais humanos, ou menos desumanos, se desejarem.
“De tudo que é humano, nada me é estranho” – esse é um trecho de uma das canções dos Engenheiros do Hawaii e, provavelmente, o Gessinger o retirou de algum filósofo que andou fazendo a sua cabeça. O trecho, trocando em miúdos, quer dizer que tudo aquilo que é feito pelo homem nos interessa, pois também somos homens.
E tudo aquilo que é sentido pelo homem (inveja, medo, ciúme, prepotência, piedade, ira, desilusão) não pode nos causar grandes espantos, posto que, como homens, devemos compreender o espírito humano – com suas grandezas e fraquezas – antes de combatê-lo com ferocidade. Inveja, medo, ciúme, covardia, altivez, crueldade, autopiedade, arrependimento, verdades, mentiras, traições, heroísmo, amor: tudo é humano demais e, por isso, velho como é velha a humanidade. De fato, não há mais nada novo sob o Sol.
E eis que nos últimos dias, li diversos artigos de leitores e colegas descendo a ripa num certo Marcelo Fachinello, jornalista que, segundo me dizem, anda infernizando a vida do Atlético Paranaense com comentários subalternos, mesquinhos, invejosos, destrutivos e eivados de má-fé. Honestamente, não posso emitir uma opinião a respeito do tal Marcelo pelo simples fato de nunca ter emprestado a ele os meus sentidos. Nunca li, nem assisti e nem ouvi nada saído do tal Marcelo Fachinello. Sei quem é, mas nunca lhe dediquei meu tempo (tempo é coisa preciosa e a gente não pode sair por aí desperdiçando com qualquer um, não).
Sei quem é o tal Marcelo, já vi a cara dele no canal 9, mas nunca parei para ouvir nada. Por isso, não vou tecer nem um comentário sequer. Mas pude perceber, no tom das críticas que fizeram ao rapaz e que vieram parar na caixa de entrada do meu e-mail, que o moço – a exemplo dos sentimentos humanos que são antiqüíssimo – não constitui em si nada de novo. Hoje, o detrator se chama Marcelo Fachinello; ontem, chamava-se Airton Cordeiro; amanhã haverá outro na mesma função. E daí? Qual é o problema? E daí, fazer o quê?
Well - diria em inglês, se reconhecesse na língua dos ianques alguma musicalidade. Mas como musicalidade não há na língua dos neoimperialistas, digo apenas que a existência de um Fachinello não me surpreende e nem me enche de ódio.
Ao contrário, é apenas a constatação de que o nosso Atlético Paranaense – pujante, gigante, com olhos no futuro, caminhando firme e estruturado – provoca invejas indisfarçáveis e até mesmo aqueles que ganham a vida em atividades que exigem imparcialidade acabam escorregando no terreno perigoso do despeito e se esborrachando diante das câmeras, dos microfones e do público em geral.
E aí, amigos, vem a pergunta: o que são esses Fachinellos, Cordeiros, Morsas, Onaireves, Mirandas, Gionédis e outros tantos detratores em geral diante do Clube Atlético Paranaense? Nada. Eles todos não são nada! Então por que nos dedicarmos tanto a eles? Servem, sim, pra tirarmos um sarro; nunca para serem levados a sério.
Eu posso escrever aqui que o Giovani Gionédis é a cara do Beiçola da Grande Família. Escreverei uma pura verdade e ainda farei alguém dar uma boa risada, mas levá-lo a sério, não dá, pois aí o motivo de riso seria eu.
Posso escrever aqui que o Onaireves ainda vai dividir uma cela com um tarado, ouvindo Djavan e vendo o Sol nascer quadrado. Escrevendo assim, farei alguém dar uma boa risada, mas levar um tipo como o Onaireves a sério é coisa que um homem de bem não deve fazer, sob pena de ser internado lá no Adauto Botelho.
Poderia escrever aqui que o Fessor Miranda falou tanto que o Atlético tinha de se cuidar com a segunda divisão que acabou – ele mesmo – botando seu clube no porão do campeonato nacional. Poderia dizer aqui que o Fessor Miranda – com aquele jeitão de dono de zona no Norte Velho – vai pra frente do espelho fazer cover do Waldick Soriano, ao som de “Eu não sou cachorro, não!”. Certamente, meu amigo Olívio Batista vai se partir de rir na frente do micro, mas levar o Miranda a sério é assinar o atestado de burrice. São todos uns fanfarrões!
E esses Fachinellos, Nellos, Cordeiros, Morsas - e outros bichos que andam por aí falando e escrevendo bobagens a respeito do Atlético - que continuem fazendo o que sabem – ou o que julgam saber fazer. Com as pedras que eles nos atiraram, construímos a primeira fase da Arena, inaugurada em junho de 1999; com as pedras que eles continuam a nos atirar, construiremos a parte que falta a ser inaugurada lá por novembro de 2009.
E quando estiver pronta a segunda fase da Arena, a gente manda para eles os convites para a festa (perdão é sentimento antigo entre os homens). Eles não irão, rasgarão o convite e acharão defeitos na obra (inveja é sentimento antigo entre os homens). Quando vier a Copa, em 2014, a gente manda para eles os convites para a festa (deboche é sentimento antigo). Eles não irão, rasgarão os convites, acharão defeitos em tudo e até chorarão de raiva (ira também é sentimento humano, e estraga o fígado!). De fato, não há mais nada novo sob o Sol. Nada!
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