Marcel Costa

Marcel Ferreira da Costa, 45 anos, é advogado por vocação e atleticano por convicção. Freqüenta estádios, não só em Curitiba, quase sempre acompanhado de seu pai, outro fanático rubro-negro. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2008.

 

 

Onaireves Moura

07/11/2007


Quando o assunto é Onaireves Nilo Rolim de Moura nada me surpreende. Este sujeito que comandou a Federação Paranaense de Futebol por mais de 20 anos já foi capaz de tudo, no futebol e na política. Já apunhalou Fernando Collor de Mello pelas costas, transformou o Pinheirão em piada nacional, vendeu avestruz, rifa, bingo e não duvido que venderia a própria alma, se é que já não a negociou.

Em 1983, antes mesmo de alcançar a FPF, foi presidente do Atlético. Conquistou título estadual e por pouco, muito pouco, não fez do rubro-negro o primeiro paranaense campeão brasileiro. Dizem que a história daquele campeonato foi alterada nos quinze minutos de intervalo do jogo contra o Flamengo no Couto Pereira. Difícil acreditar que qualquer quantia financeira compensasse a perda de um inédito título nacional, mas pensando em tudo que Onaireves Moura viria a fazer nas décadas seguintes, complicado é imaginar que a vaga realmente tenha sido perdida em campo.

Ontem, Moura foi preso pela terceira vez, por suspeita de utilizar a Federação Paranaense de Futebol para cometer crimes de desvios de dinheiro, fraude processual e à execução, estelionato e apropriação indébita. A investigação descobriu até uma igreja que cobrava dízimos online com suposta participação do afastado presidente da federação paranaense. Os desvios chegaram a cinco milhões de reais. Curioso é imaginar que tudo isso ocorreu recentemente, depois de Moura ter sido preso duas vezes. O ex-presidente tem muita coragem ou excesso de cara de pau para continuar agindo como se nada tivesse ocorrido anteriormente e, pior, como se ninguém nunca fosse suspeitar dele ou investigá-lo minuciosamente.

Neste ano, Moura voltou à cena ao peitar o projeto atleticano para a Copa de 2014. Aliado ao presidente do Coritiba e ao agora também afastado presidente do Paraná (outro que está envolto em diversas suspeitas de desvio de dinheiro) apresentou um mega-projeto de arena que, obviamente, nem saiu do papel. Não fossem aqueles que não gostam do Atlético e que infelizmente são muitos, o projeto não ganharia nem um canto de jornal, mas a imprensa local e os desafetos do rubro-negro e de sua diretoria colocaram o Pinheirão no mesmo patamar da Kyocera Arena.

Por razões mais do que óbvias o projeto atleticano foi o vencedor, mas mesmo assim o povo paranaense não está 100% fechado com este, provavelmente por inveja ou pela nossa essência auto-fagista. Infelizmente, para agir contra o Atlético, alguns preferem apoiar os devaneios de Moura. Quem perde com isso é todo o estado do Paraná que pode ficar sem a Copa do Mundo por muitos ainda acreditarem em alguém que a sua própria história o desqualifica.

Moura passou mais uma noite preso e o Pinheirão bem como o futebol paranaense seguem abandonados e sucateados. Não consigo vislumbrar um futuro para este estádio que no auge hospedou o Atlético, mas mesmo assim não vingou. Se um dia alguém arrematá-lo e transformá-lo em qualquer empreendimento útil que sejam ressarcidos todos aqueles que têm débitos com a Federação Paranaense de Futebol, inclusive o próprio Atlético e minha família, com as seis cadeiras que meu pai e avô compraram quando acreditavam que aquela poderia ser a casa atleticana. Felizmente a história e as pessoas corretas impediram que o Atlético continuasse jogando naquele elefante branco e assim permanecesse ao lado de um sujeito como Onaireves Moura.


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