Wagner Ribas

Wagner Ribas, 42 anos, consultor, acima de tudo pai e atleticano, costuma viver na Baixada as suas maiores alegrias. Foi colunista da Furacao.com entre 2007 e 2009.

 

 

Amadurecimento

06/11/2007


Todo final de ano é época de reflexão, seja sobre os produtos positivos da vida, sobre as coisas que mudamos ou que poderíamos ter mudado, e ainda aquelas que deveríamos ter mudado.

Eu, sempre tive o costume de fazer essa auto-reflexão somente nos dias 30 ou 31 de dezembro, quando já estou descansando em casa, ou na praia e, com a calmaria do ambiente consigo refletir melhor. Procurando adentrar o novo ano com uma lista de mudanças e atitudes a serem tomadas.

Porém neste ano, tomei uma iniciativa diferente. Resolvi fazer essa análise no começo de novembro, quando minhas alegrias, problemas e mágoas ainda estão no meu dia-dia, e especificamente no dia de finados, dia em que se homenageia os entes queridos já em outra esfera, procurei pensar no que pude aprender com eles e seus legados.

Antes, quando refletia somente nos últimos dias de dezembro, embora pudesse ter um consenso sobre minha vida, deixava as mudanças para serem feitas durante o ano que viria. Ou seja, nunca me forcei a tomar decisões mais rápidas ou atitudes mais espontâneas. E por isso acabei, muitas vezes, repetindo os mesmos erros cometidos anteriormente.

Trocava a razão pela emoção, e vice-versa, nas tomadas de decisões e acabava insistindo em acreditar que certas coisas poderiam, de repente, tomar um novo rumo, sendo que já estava mais do que claro que aquilo nunca iria mudar se as atitudes necessárias não fossem tomadas imediatamente. Insistindo em ter esperança em pessoas que não me davam o valor que eu acreditava merecer, e deixando de lado aquelas que realmente mereciam meu carinho, ou ainda, insistindo em buscar, de forma insana, a resposta para certas perguntas com a razão, quando na verdade elas só poderiam ser explicadas pela emoção.

Mãe, um ser supremo que tem um dom paranormal com a sutileza das coisas, e como a minha não é diferente, uma simples frase dela foi suficiente para me ajudar: “Amadurecer, em certos momentos da vida, é um pouco dolorido. Mas nada recompensa a alegria de poder se renovar, de errar com erros novos e de acertar em erros antigos.”

Certíssima, pois existem momentos em que nossas decisões são as únicas responsáveis por nossa felicidade e nosso sucesso. Somos aquilo que buscamos e fazemos para mudarmos o que não queremos ser. Claro que ninguém vive sozinho, mas nossas decisões e atitudes são o que nos levam adiante, e a quebra de certos paradigmas são fundamentalmente necessários para o sucesso em novos horizontes.

É difícil admitir que em certas situações estamos errados, e muitas vezes, na busca constante de alimentar o ego, acabamos insistindo em coisas que, em sua continuidade, tornam-se absurdas. Todos estamos propícios ao erro, que é da natureza humana, mas somente novas atitudes é que são capazes de nos mostrar uma realidade até então desconhecida.

Ao final do ano devo fazer uma nova reflexão sobre minha vida, e com certeza o balanço deverá positivo. Errar, eu continuarei errando, mas pelo menos poderei dar continuidade nas mudanças que me resultarem em sucesso.

Vejamos o Atlético. Começou o ano acreditando que as coisas simplesmente voltariam ao rumo do sucesso como foi até 2004, sem mudar suas atitudes.

Insistiu num treinador responsável pelos maiores recordes negativos do Atlético nos últimos anos, insistiu na manutenção de jogadores de baixa qualidade e preferiu apostar em novos talentos, e mais, insistiu em deixar os ingressos com preços caros, dando as costas àquelas pessoas que tanto o ama. Qual foi o resultado? Voltamos, assim como em 2006, a flertar com a zona de rebaixamento e não ganhamos absolutamente nenhum título de campeão.

Aparentemente, quatro meses antes do final do ano, o Atlético fez aquilo que deveríamos fazer rotineiramente. Refletiu sobre seus erros percebendo o que poderia mudar. Não obstante, foi além. Mudou imediatamente aquilo que poderia e tomou atitudes, consideradas até então, radicais. O resultado todos estamos vendo, estádio lotado, um time bem armado e com bons jogadores e uma excelente campanha de recuperação.

Só que, o mais importante, e que vai além de simplesmente mudar, é dar continuidade a essas mudanças que ocasionam em acertos.

Por isso, desejo de coração, que ao final deste ano, as pessoas responsáveis pela reflexão do ano atleticano, consigam enxergar que insistir nos mesmos erros de sempre, será absurdamente incompreensível, e que virar as costas àqueles, que mais uma vez, não se desencorajaram e foram à luta, deixará muita gente decepcionada.

Eu aprendi que podemos mudar as coisas, basta querer. E você Furacão? Preferirá insistir em seus erros, ou dar continuidade em suas mudanças?

Que venha 2008...


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