Fernanda Romagnoli

Fernanda Romagnoli, 51 anos, é atleticana de coração, casada com um atleticano e mãe de dois atleticanos. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2009.

 

 

Eu, você e o Ney

05/11/2007


A grande verdade é que este campeonato foi marcado pela mediocridade. O campeão, fora o bom goleiro, é só o time que teve mais obediência tática e algum padrão de jogo. Óbvio caso de responsabilidade de terceiros, pois foi campeão por ser o menos medíocre da lista. Quando seus adversários, na época em que os tinha, poderiam passar a sua frente, amarelaram feio. Não há nenhum time que possamos chamar de time dos sonhos. Também não há um jogo memorável, mesmo que com placares elásticos.

Com estes fatos e trazendo a conversa para dentro de casa, temos o seguinte cenário: no início do ano até a metade, um grupo de pessoas que era chamado de Clube Atlético Paranaense. Desentrosados, mal comandados, quase rebaixados. Um time sem identidade, uma falácia (essa sim é a verdadeira, para quem tinha alguma dúvida de como usar esse termo). Enfim, são tantos adjetivos para aquele Atlético que não dá pra listar aqui. Agora, temos um Atlético muito parecido com o que queríamos, mesmo com as limitações do elenco. A pergunta que fica é: O que mudou?

Falando de recursos humanos do time, quase nada. Tivemos a felicidade de nos livrarmos do mal-caráter que agora é campeão (de novo por responsabilidade de terceiros, diga-se de passagem), tivemos nosso artilheiro e agora inoxidável Alex Mineiro machucado pelo destemperado do sul, outro sem alguns dentes, o lateral recém contratado contundido nos primeiros jogos, fim.

Falando de torcida. Foram-se as vaias, entrou a cooperação. Neste sentido mesmo, o de operar junto. O time do Atlético não é nada, mesmo que cheio de craques, sem a sua torcida apaixonada bem pertinho dele. É vital para o CAP a proximidade de corpo e alma de sua torcida, aquela que acompanha nossos jogadores em terras distantes. Que bom que a diretoria entendeu isso. Eu fico feliz mesmo não tendo nenhum benefício extra, pagando religiosamente o meu pacote mesmo depois da promoção de ingressos. Meu benefício extra é poder torcer por um time e não um grupo de estranhos. Não há maneiras de o Atlético Paranaense ser o nosso Atlético sem a torcida. Tanto é que já voltamos a incomodar aqueles que não admitem o tamanho que o Atlético tem, mas isso é pauta de outra coluna.

Quanto ao técnico. Bem, aí está a cereja do bolo. Temos um técnico de verdade. Um cara arrojado, sensato e (que bom) quieto. O trabalho do técnico é reconhecido na tabela justamente quando não é o técnico que aparece e sim o time. Já disseram que a posição mais ingrata do futebol é a de goleiro. Eu discordo. Aqui no Brasil, não deu certo é culpa do técnico. E era.

Depois do Ney, meu amigo mesmo sem conhecê-lo pessoalmente, todo mundo mudou. Eu mudei. Cada vez que ele faz uma alteração esquisita eu penso: é o Ney. Em geral dá certo, mas até quando ele erra, eu não supervalorizo. Não podemos esquecer que o cara pode errar, pois não é perfeito. Só que hoje, ele é o cara. O Claiton despertou de seu sono profundo em campo, Danilo ficou mais seguro (embora ainda erre muito), Antonio Carlos mostrou a que veio e mais uma lista de outras recuperações que vão até o fantástico Ferreira que ficou ainda mais fantástico depois do Ney. Não foi preciso um time de craques, só alguém com objetivos claros e com a cabeça no lugar.

Depois de tantas linhas, acho que todo mundo pode entender a receita: nós (eu, você e o Maculan, claro, ou qualquer outro dirigente do CAP) mais o Ney Franco, poderemos fazer do Atlético em 2008 o time que queremos e precisamos para de uma vez por todas consolidar nossa grandeza. Não somente em paredes do nosso belo estádio, nem em gramas especiais de nosso moderno CT, mas em futebol, a razão de nossa existência.


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