Fernanda Romagnoli

Fernanda Romagnoli, 51 anos, é atleticana de coração, casada com um atleticano e mãe de dois atleticanos. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2009.

 

 

A culpa é da síndrome

31/10/2007


A influência do aspecto psicológico tem fator fundamental na partida de hoje. A situação pregressa não é favorável à tranqüilidade. A tabela do brasileiro pode ocupar uma posição secundária em importância. Não há como negar, embora os técnicos e alguns jornalistas em missão social tentem acalmar os ânimos, o fato é que a partida será quente do seu início ao apito finalb.

Justamente este, o apito (e seu proprietário) é a pauta da minha escrita, pois tão viva quanto a lembrança dos laudos médicos está o espanto pelo nível da arbitragem do primeiro Atlético e Grêmio deste ano. Procurei saber mais a respeito do que está sendo feito para a redução dos milhares de erros absurdos que são posteriormente (e fora de campo, depois do resultado) corrigidos ou não no tribunal esportivo.

Então me deparei com um site “especializado em arbitragem profissional” onde um profissional da saúde fala sobre uma tal síndrome pré-agonística que acomete os pobres togados do campo esportivo. Esta síndrome pode prejudicar todo o desempenho do profissional, inclusive podendo acarretar uma situação chamada de agnósia facienda. Esta coisa com nome esquisito quer dizer que o sujeito pode perder a capacidade de julgamento e se acaba optando por uma técnica inapropriada para a situação enfrentada.

Captou? Entendeu? Existe explicação para tudo nessa vida. Você não precisa mais chamar a mãe do cara de nomes impróprios porque na verdade ele pode estar doente ou pelo menos com um tilte nas enzimas que faz com que “a pessoa se pergunte como pôde cometer um erro tão grosseiro, ter interpretado um lance de maneira tão incorreta...” (reproduzindo parte do texto do site com ajustes de concordância desta que vos escreve).

A única coisa que não entendi é que, na prática, existem três pessoas em campo mais um “nos arredores” que são responsáveis pelo cumprimento das regras e da prática do bom futebol. Será que existe agnósia facienda coletiva?

Como penso que não é possível que quatro pessoas de um mesmo local sejam acometidas de um mesmo distúrbio não transmissível, penso que o que falta é um pouco mais de preparo. Honestidade? Talvez.

Só nos resta pedir que os representantes das leis do futebol mantenham a calma mesmo que estejam no limiar do colapso enzimático responsável pela tal síndrome. Não peço que sejam parciais porque “aqui é o Caldeirão”, mas que sejam justos. Não só por nós torcedores com ou sem estatuto, e nem somente pela integridade física dos jogadores, mas pela honra e dignidade de sua profissão. Se não por tudo isso, para que as famosas embora desconhecidas genitoras sejam preservadas e até esquecidas.


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