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Rogério Andrade
Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.
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A noite de sábado do dia 28 de julho de 2007 ficou na memória de muita gente, especialmente da gente de Porto Alegre, mais especialmente na memória do pessoal do Estádio OlÃmpico. Na noite de terror, protagonizada por dois elementos e vivida com conivência pelo árbitro catarinense Paulo Henrique de Godoy Bezerra, o Atlético sangrou em Porto Alegre e voltou para a Baixada com o elenco desmontado.
A dor passou, os estragos do rosto do nosso Ãdolo Alex Mineiro foram consertados, o sorriso do garoto Evandro foi devolvido, mas a dor ainda não passou do lado de lá. A dor que não se desfaz no centro cirúrgico de um hospital, que não é deixada em uma cadeira de um cirurgião dentista. A dor da consciência é a dor que o ser humano conquista, e que carrega, entre dias e noites, por muito tempo neste nosso universo.
O que o Grêmio sente não é medo, não é pânico, e nenhum tipo de receio. O que o Grêmio sente é dor. Dor que não passou desde o dia 28 de julho de 2007, e que se arrastará por muitos e muitos dias de sua reconhecida história. A preocupação tricolor só anuncia e oficializa o tamanho desta dor, o peso da consciência, e a incerteza que possamos, através do mesmo ato de irresponsabilidade e covardia, dar o troco na mesma moeda. Aproveito o espaço e transcrevo o texto de um colunista de um jornal de Curitiba após o jogo em Porto Alegre:
Como se tivessem saÃdos dos contos de Jorge Luis Borges, os jogadores do Grêmio foram jogar com o Atlético como se fosse um duelo a faca. Mas na dúvida, sacaram de revólveres pesados e se prepararam para eventual surpresa.
O franzino Tcheco, de repente surpreendeu pela inusitada coragem: vindo por trás, deu um chute no rosto de Alex Mineiro, quebrou-lhe o nariz e tirou-o da batalha. Logo depois, Gavilán, querendo afiar a faca, levantou Evandro, quebrou-lhe os dentes e enquanto limpava a lâmina, viu o menino atleticano sair de campo para não voltar.
O empate no OlÃmpico foi decidido assim, pelo Grêmio: na bordoada. A entrada de Tcheco contra Alex foi logo aos 6 minutos: ilegal dentro da área, foi pênalti que o árbitro catarinense não marcou; violenta, excluiu de campo Alex, que seria a referência de um jogo consciente que o Atlético anunciava fazer. Quando o Atlético buscava o equilÃbrio sem o seu jogador de referência, Gavilán mandou Evandro para o hospital.
Na noite desta quarta-feira, 31 de outubro de 2007, o Atlético vai jogar bola. E vai dar show, dentro e fora de campo. E vai, naturalmente, vencer o jogo. Sem medo e sem cabeça quente, o Furacão vai arrastar o time do Grêmio, mas trocará o sangue gaúcho pelas redes da Baixada.
Futebol se faz assim, na grama, na bola, na rede. E se faz com justiça, com serenidade. Pode chegar, Grêmio! Além do conforto de um estádio de primeiro mundo, vocês terão o privilégio de passar a noite com a inteligência e a sabedoria de uma nação que vive sem nenhum tipo de peso na consciência.
Três pontos. Na tabela, e não no rosto!
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