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Rafael Lemos
Rafael Fonseca Lemos, 49 anos, é atleticano. Quando bebê, a primeira palavra que pronunciou foi Atlético, para desapontamento de sua mãe, que, talvez por isso, tenha virado coxa-branca. Advogado e amante da Língua Portuguesa, fez do Atlético sua lei e do atleticanismo sua cartilha. Foi colunista da Furacao.com de 2007 a 2009.
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Walter Ego - O Colunista Uterino
05/10/2007
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O homem, quando se apaixona, fica bobo. Pois bem, meu amigo Rafael, que aqui vocês conhecem como Rafael Lemos, apaixonou-se pela Edith e agora, mais do que nunca, está bobo demais. Bobo demais e grudado nela. Uma hora tinha de acontecer: o Rafael precisava de outra paixão além do Atlético e até que enfim arranjou uma mulher linda, inteligente e boazinha, pois até hoje o Rafael tinha se metido com cada cascavel que Deus que me perdoe. Tava na hora de ele ser feliz. A questão é saber até quando ela vai agüentar ele, pois o homem é uma onça, mas é gente fina.
E é por causa do Rafael que hoje eu estou aqui escrevendo esta coluna. Ontem à noite, tocou o telefone aqui em casa e era o Rafael. “Walter, você tem que me quebrar um galho, guri!” – dizia um esbaforido Rafael lá doutro lado da linha. “Qué que foi, Rafael?” – perguntei com a delicadeza que Deus deu a mim e aos hipopótomos. “Calma, Walter, eu explico”. E prometendo explicar, o Rafael desfiou pra cima de mim o seu rosário de motivos. (Uma dúvida: é hipopótomos ou hipopótamos? Ah, sei lá, Geografia sempre foi o meu fraco, deixa pra lá).
O Rafael estava ao telefone me dizendo o que segue: “Walter, tenho de escrever minha coluna de amanhã, mas tempo que é bom não tenho tido. A Edith tem me tomado o tempo, o fôlego e o juízo. Amanhã, ou você escreve a minha coluna ou o Rogério e o Marçal me demitem! Quebra essa, ó Walter”. Pois o caso era esse: ou eu escrevia a coluna de hoje, ou o Rafael ia pro vinagre! (“Ia pro vinagre!” - essa ficou boa, gostei!).
Vocês desculpem o meu vocabulário, mas as letras nunca foram o meu forte, salvo na sopa quando, em vão, eu tentava escrever Atlético com o macarrão que boiava sobre xuxus e batatas. Outra dúvida: é xuxu ou chuchu? Por plecaução, vou reescrever a frase, pois não quero fazer feio: “tentava escrever Atlético com o macarrão que boiava sobre senouras e batatas”. Na vida, como no bingo, é preciso ter cautela (dia desses fui ao bingo e comprei duas cautelas, mas não deu nada, uma pena).
Enfim, o Rafael pediu e cá estou eu escrevendo a coluna, mesmo que uterinamente, pois semana que vem ele volta. Antes, é preciso que eu me apresente: sou Walter Ego, Atleticano, 32 anos, 16 anos dedicados aos estudos, 5 dos quais dedicados a sexta série. Parei de estudar na sétima, quando me casei com uma colega (não era colega de sala, era colega de serviço, tinha a minha idade, 25 anos. Vocês pensam que eu ia me casar com uma criança? Eu não; não sou podólogo!).
O fato é que eu aceitei escrever a coluna no lugar do Rafael, mas agora fiquei meio sem assunto. O Rafael me disse que era para usar “linguagem escorreita”, eu concordei na hora. Disse que era para “enfocar a temática hodierna do Atlético”, eu disse que não via a hora de enfocar esse negócio aí. Ele me disse para combater os “detratores do Atlético” e eu prometi fazê-lo. A dureza é que ele desligou antes que eu pudesse perguntar que diabos eram “linguagem escorreita”, “enfocar a temática hodierna do Atlético” e “detratores”.
Fui ver no dicionário o significado dessas palavras e expressões todas, mas lembrei que vendi o dicionário para assistir “Atlético X River Plate”, no ano passado. Daí vai ter de ser na raça mesmo, sem supracitado, sem destarte, sem doravante e sem “linguagem escorreita”. Vou falar do meu jeito, sobre as atualidades do Atlético e vou meter o cacete nos que falam mal do Atlético. Isso eu sei fazer e nem preciso de dicionário, nem de encipoplédia. E já que hoje a coluna é minha, vou deixar aqui minhas opiniões sobre vários assuntos da atualidade e que andam martelando na minha cabeça.
Veio para Curitiba o tal Cirque du Soleil com o espetáculo Alegria. Minha mãe foi ver o espetáculo e depois que voltou pra casa resumiu tudo numa frase antológica “O espetáculo é um espetáculo”. Minha mãe depois que começou a ler Paulo Coelho ficou assim: literária, acadêmica, intelectual. O próximo passo vai ser o vestibular pra Pedagogia, não duvido.
Mas o que me deixa meio indignado com o Cirque du Soleil nem tem a ver com o próprio Circo, mas, sim, com a questão do preço. Cara, cada ingresso pra assistir ao Alegria era uma grana preta! Ouvi falar em 250, 500 reais! E o Circo superlotado em todas as apresentações! Aí o Petraglia cobrava 40 conto na Arena e pediram o pescoço do homem! Mas para ver o Circo dos gringos, desembolsaram logo o dinheiro do couro! Sacanagem, irmão! Quer dizer que Alegria de gringo vale 500 conto por duas horas, mas a Felicidade do Atlético não valia 40? Sei lá, é a minha opinião, quero só registrar.
Eu, como não tive grana e nem vontade, não fui assistir ao Alegria, se bem que a minha grande Alegria foi ver o time verde tomando 4 do Fortaleza. Aliás, quem toma 4 do Fortaleza na Série B tomará de quanto dos bambis na Série A? Alegria mesmo ainda está por vir. Ah, e falando em Circo em Curitiba, o que foi feito dos Irmãos Queirollo? Curitiba não quer Alegria por duas semanas, Curitiba quer felicidade que atravesse gerações! Circo é chão coberto por serragem, é pipoca, é palhaço, é calhambeque explodindo e saindo fumaça. Circo é espetáculo feito pelo povo, para o povo e a preços populares. Sei lá, é a minha opinião, quero só registrar.
Já que falei em circo, inevitável lembrar do Airton Cordeiro. Pois bem, o cara escreveu na Gazeta que a segunda fase da Arena é ainda “apenas um sonho”. Sujeitinho mal intencionado, rapaz! Será que ele ainda duvida que a Arena será concluída? Ora, um clube que já deu provas de grandeza como o Atlético não merece crédito? A Arena é uma realidade queira ou não o tal Airton. Ele que se roa de inveja, que se jogue ao chão tendo faniquitos histéricos, que fuja pra uma ilha deserta ao lado do Vinícius Coelho, que vire purpurina, que corte os pulsos, que se lasque! A Arena, goste ele ou não, será concluída e inaugurada lá por março de 2010. E ele devia ter a decência de não comparecer à inauguração!
E falando em inauguração, que espetáculo a sala de troféus do Atlético heim? Só de ler a reportagem, na Furacao.com, eu se emocionei todo e lacrimejei-me. Aquela taça do Brasileirão 2001 é a coisa mais linda que tem! Alta, torneada, brilhante, parece até a Gisele Bündchen, louca de faceira, brilhando dentro da redoma de vidro! Coisa mais linda aquela galeria de troféus lá do CT do Caju. Dá um orgulho danado de saber que ali está a nossa história, a nossa vida, o nosso amor.
E por falar em amor, tenho que escrever aqui uns abraços que o Rafael mandou eu dar (o Rafael mandou eu dar??? Ficou estranha essa frase!) mas vá lá: ao Amigo Olívio e ao seu netinho, aquele abraço! Ao Amigo Gérson, do Queens Bar e Restaurante, o melhor chope de Curitiba e Região Metropolitana, ali na André de Barros, aquele abraço! Aos Amigos Vivi Hansen, Suzi Pavin, Paty Kiil, Raphael Prugner, Guilherme Oro e Elirian Dalazuana, aquele abraço!
Finalmente, um abraço pro Rafael e pra Edith. Ele, Atleticano; ela, Paranista. Só falta agora o Rafael virar pai de um coxa-branca: será que atleticano com paranista dá coxa-branca? Ah, sei lá, nunca fui bom em Geometria, afinal de contas sou Walter Ego, Atleticano, 32 anos, 16 anos dedicados aos estudos, 5 dos quais dedicados a sexta série. Colunista uterino.
P.S.:
¹Cheiro de marmelada no ar! O time dos bambis perdeu para o Flamengo no Maraca pelo escore mínimo. Engraçado é que no lance do gol solitário a super-zaga-menos-vazada-da-bambilândia não ofereceu resistência à progressão carioca. Vitória que garantiu três pontos vitais para a permanência do Flamengo na Série A, em 2008. Não será surpresa se no próximo final de semana o super-time-bambi perder para a esquadra mosqueteira: três pontos vitais para a permanência do Corinthians na Série A, em 2008. Tudo farinha do mesmo saco.
² Que Cirque du Soleil que nada! Alegria mesmo é ver o time do Fessor Miranda levar ferro! Eis a boa-nova: “Apoiado pela sua torcida, o lanterna América-RN passou pelo Paraná Clube, por 3 a 2, de virada, no Machadão, nesta quinta-feira. A derrota complicou a vida da equipe paranista que, com o resultado, permaneceu na zona de rebaixamento. O time potiguar chegou à sua quarta vitória na competição, com 16 pontos” – 6 dos quais conquistados em cima do time das vilas! E agora, Miranda? Quem é que está lutando pra não cair? É o Paraná indo pro vinagre...
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