Rogério Andrade

Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.

 

 

Lições

04/10/2007


O Atlético respira, outra vez, mais aliviado. Fez a tarefa de casa contra o fraco time do Botafogo, que parecia estar conformado ao sair da Arena da Baixada com apenas dois gols na bagagem. Sim, o Atlético respira, mas ainda está sob observação. Se vacilar, subir no tamanco e entrar em campo domingo, contra o Vasco, achando que os três pontos virão com facilidade, o risco poderá ser grande. O Atlético deverá fazer deste jogo a grande senha para mudar a chave de uma vez por todas: do risco de rebaixamento a almejar uma vaga na Copa Sul americana de 2008.

Humildade, competência e vontade de vencer deverão ser os ingredientes principais na tarde de domingo diante do time do Eurico. Precisamos ser inteligentes e imaginar que três pontos perdidos nos aproximam do pesadelo, mas três pontos ganhos nos deixam próximos de uma outra realidade, muito mais calma e confortável. E nós, como grandes que somos, só podemos pensar grande, pensar pra frente, e chutar definitivamente este fantasma, fruto de uma série de trapalhadas e tropeços que se arrastam desde o início deste fatídico ano de 2007.

Trapalhadas e tropeços que devemos levar para o próximo ano e lembrar, dia após dia, do que é realmente feito o futebol. De magia, de um povo apaixonado e vibrante, do mais rico e do mais pobre, do que entende de bola e do que não entende porcaria nenhuma. De estrutura e de milhões? Também. Sim, também o futebol é feito de investimento, tecnologia e piscina térmica, mas de maneira alguma pode-se esquecer o que costumo chamar de “essência da bola”. Ali está o grande segredo do sucesso, o segredo que nos traz alegrias, nos traz títulos e move verdadeiramente o torcedor ao estádio. E grande parte da desconfiada torcida do Atlético já não se importa mais com o valor do ingresso cortado pela metade, importa-se sim é com a qualidade, a transparência e o forte desejo de realmente poder acreditar que o Atlético é, foi e sempre será o time do povo. Desconfiados, pelo menos dez mil torcedores deixaram de acompanhar de perto o Furacão diante do enfraquecido Botafogo de Mário Sérgio.

São essas lições que precisam ser “enquadradas” para o próximo ano. Lições que devem ensinar que o torcedor é o maior patrimônio do Atlético, pague ele 15, 20, 30 ou 40 reais. Torcedor é torcedor, e não pode ser deixado de lado “nunca mais”, recorrendo a ele somente quando o desespero bate a porta do clube. Aí sim, aquele torcedor, que antes pagava quarentão, agora pode pagar vintão. Não, não é assim que as coisas funcionam, principalmente no mundo do futebol e na realidade brasileira.

Lições que devem ensinar que um time se faz com qualidade, com reforços, com planejamento, com liderança e com comando técnico. Lições que devem ficar pra sempre dentro da Baixada, ensinando a muitos que o único orgulho que deve prevalecer é o de ser atleticano, e de ver brilhar o Atlético sempre mais diante de sua imensa, calorosa e fiel torcida. Lições que não devem ser esquecidas....jamais!


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