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Juarez Villela Filho
Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.
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O jogo e a imprensa
02/10/2007
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Há times que são queridos e outros nem tanto. Há ainda os odiados, mas isso em termos gerais, pois nós atleticanos adoramos nutrir uma raiva ao time dos cervídeos, time que até que é simpático Brasil afora, então nossa raiva é um tanto pessoal.
Em geral a grande mídia nacional demoniza quem não é do eixo Rio-São Paulo e antes que achem que minha crítica é eivada de mágoa, digo que tenho parentes em ambas as capitais, que em São Paulo tive algumas das maiores alegrias da minha vida ao ser campeão brasileiro “B” de rugby em 2005 e estar ali ao ladinho da capital, no Grande ABC vendo ao vivo meu time ser campeão brasileiro em 2001. Já na capital fluminense tenho amizades cada vez mais solidificadas e não consigo esconder tamanha admiração por tão bela cidade, tão vastos bares a escolher e tão lindas mulheres a apreciar. Apesar da mais bela carioca que conheço, morar em nossa querida Curitiba...
Quando cito o eixo, sempre lembro do Grêmio. O violento, truculento e bruto time de Felipão, dos gringos Arce e Rivarola e do polêmico e extrovertido Paulo Nunes, se tornou o brioso, o raçudo, o lutador Palmeiras que conquistou a América. Conquistou com tantos méritos e pontapés quanto o tricolor gaúcho! Mas o enfoque dado era totalmente diferente.
Agora falam muito da disparada do SPFC na liderança do campeonato, que abriu 12 pontos do vice Cruzeiro. Que o time é uma máquina e que vai ser campeão com facilidade. O título vai levar e com muito mérito, pois não há dúvidas que o elenco são paulino é muito bom e exemplarmente dirigido. Mas se esquecem das vergonhosas arbitragens a se lembrar contra o Internacional, no primeiro turno e no jogo do último final de semana, no clássico contra o Palmeiras e até na Vila Capanema, quando a arbitragem não contente em inventar um pênalti para o São Paulo, anulou um gol legítimo da equipe paranista. Isso, a imprensa que adora exaltar o tricolor do Morumbi, parece fazer questão de esquecer.
O jogo de quarta-feira é muito importante para ambas as equipes. Se por um lado há a necessidade da imprensa carioca, que de tão bairrista chega a ser folclórica, erguer o legítimo representante “eqüino guarany” da estrela solitária, por outro lado o time que é cantado em prosa e verso, no seu verso e reverso como o mais moderno da Galáxia (e adjacências!) luta mais um ano somente para não cair. E este importante prélio terá transmissão ao vivo pela poderosa tv que tanto se expandiu na época do regime militar, que deu palanque ao presidente que sofreu impedimento e hoje bajula o ex-sindicalista no Poder.
A mesma tv, sediada na capital que margeia a Guanabara e que coloca microfones junto da torcida dos times do eixo nas transmissões, passando a falsa impressão, para quem não está no estádio, de que a torcida anfitriã é formada por espectadores mudos. É a mesma emissora que coloca mil e uma câmeras na área do gaúcho, mineiro, paranaense, pernambucano ou quem quer que seja, fazendo um verdadeiro big brother e reprisando inúmeras vezes os lances em busca de uma penalidade não anotada, proporcionando acaloradas discussões e críticas ao árbitro que não deu o lance para o chamado “time grande”. Já por outro lado, a clara condição de jogo, erroneamente anotada como impedimento do ataque do Atlético, quer seja Paranaense ou Mineiro, do Figueira, Goiás ou Internacional, passa desapercebida pelos “formadores de opinião” da imprensa de lá.
Pode parecer piegas, discurso retrógrado ou um choro precipitado. Pode até soar meio inocente essa coisa de V Comarca contra o poderoso Estado vizinho. Mas em situações críticas como essa que nosso amado Atlético está atravessando, com interesses financeiros cada vez mais ditando o ritmo do futebol, todo olho aberto vale muito. É importante estarmos atentos, pois o silêncio pode nos jogar no abismo e o time verde, que anda tendo ataques juvenis de auto afirmação, é prova viva de como é sofrido, caro e doloroso passar de novo pelo purgatório da segundona.
As duas próximas partidas em casa, em que vitórias soam como obrigação, nos darão o combustível necessário para sairmos de vez do atoleiro e quem sabe, embalados, possamos vencer depois fora de casa, com uma convincente vitória além Baixada que nos daria grande tranqüilidade para já irmos pensando no futebol em 2008, mas isso é papo para um outro texto.
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